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Confira as letras de Caravanas, de Chico Buarque:
1. Tua cantiga (Cristóvão Bastos/ Chico Buarque)
Com letra dele mesmo e música de Cristóvão Bastos, o mais recente alimento dos juízes de tribunais sumários de Facebook é uma grande canção. "Será que é machismo um homem largar a família para ficar com a amante? Pelo contrário. Machismo é ficar com a família e a amante. Diálogo entreouvido na fila de um supermercado", escreveu em uma rede social para rebater acusações.
O barulho veio porque Chico canta sobre o personagem (que nunca necessariamente é ele mesmo) inebriado pela paixão a ponto de cometer insanidades fora dos padrões, como deixar mulher e filhos para seguir a amante. Canta ainda que basta um suspiro de agonia que ele segue para consolá-la, que basta deixar um lenço cair para que ele a retire das mãos de um desalmado. E por aí vai, desenvolvendo a situação sobre seu personagem (e não, mais uma vez, sobre ele mesmo).
2. Blues pra Bia (Chico Buarque)
Blues pra Bia, na sequência, tem blue notes no violão de Luiz Claudio Ramos e no piano de João Rebouças, mas não é um blues. A inquietação harmônica de Chico dilui o que poderia ter esse espírito e algo a conduz para o cancioneiro norte-americano dos anos 1950. A personagem Bia provoca o mesmo desequilíbrio emocional no narrador de Tua cantiga. Bia tem o espírito livre, não se entrega às composições do insinuador e, muito mais do que o espanto cultural provocado por Tua cantiga, revela mais um recanto que Chico desvenda em sua poesia contagiada pelas discussões em rede. Talvez Bia não goste de homens. E daí? Ao apaixonado, "nada me amofina, também posso virar menina pra Bia me namorar."
3. A moça do sonho (Edu Lobo/ Chico Buarque)
4. Jogo de bola (Chico Buarque)
5. Massarandupió (Chico Brown/ Chico Buarque)
Massarandupió é uma música que apresenta o neto de Chico, Chico Brown, filho de Carlinhos Brown e Helena Buarque. "Ó mãe, pergunte ao pai quando ele vai soltar a minha mão/Onde é que o chão acaba e principia toda a arrebentação". Os versos são de Buarque e a música de Brown, na maior revelação do disco.
6. Dueto (Chico Buarque)
Outra filha do casal Helena e Carlinhos Brown, Clara Buarque aparece na seguinte, a graciosa Dueto, já gravada antes para o documentário sobre ele dirigido por Miguel Faria Jr. em 2015. A regravação traz mais atualizações, com Chico ou Clara sorrindo ao enumerarem Facebook, Twitter, Snapchat e ressuscitando o Orkut.
7. Casualmente (Jorge Helder/ Chico Buarque)
Casualmente, atualizada novamente em embates políticos, ganha um bolero em espanhol. Tem clima mais profundo, tratamento mais sofisticado. Ele aqui reafirma-se em seu território mais tradicional, em parceria com o baixista e compositor Jorge Helder.
8. Desaforos (Chico Buarque)
E Desaforos, também de um Chico clássico, vende a imagem de um "vagabundo" para o qual a desejada jamais vai olhar e que chega a reconfortar-se ao saber que ela profere impropérios contra ele Afinal, em mais um arroubo do amor que leva ao desespero, ela profere o seu nome. O amor é sempre um ato de desespero em Chico, e ele volta a ser assim nas impossibilidades de A moça do sonho, um requinte harmônico feito em parceria com Edu Lobo.
9. As caravanas (Chico Buarque)
As caravanas tem células que remetem a Caravan, de Duke Elington, e é outra crônica, a de discurso social mais evidente e outra ponte com o mundo que acontece a seu lado. A batida do funk é mencionada sem sufocar as delicadezas de um arranjo de cordas e um ritmo forte que faz Chico quase rappear sobre o encontro dos 'bondes' de meninos que descem dos morros e seguem para as praias e a zona sul. Aqui, é o velho Chico cronista. Quando não se arrebata pelo amor, lança-se em uma delicada indignação.
Assista ao vídeo de divulgação de As caravanas:
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