Cidade do México – O anúncio da terceira temporada de Narcos causou questionamento imediato. A série da Netflix terá êxito sem o Pablo Escobar de Wagner Moura, indicado ao Globo de Ouro de 2016 pelo papel? A resposta chegará na sexta-feira (1º), quando os dez novos episódios serão liberados pelo serviço de streaming. O estranhamento logo se esvai com o passo a passo da nova investigação da trama, já renovada para a quarta. O formato segue semelhante aos anteriores, com narração, ritmo acelerado, cenas chocantes de mortes e torturas - embora em menor quantidade que a segunda - e conflitos bem desenvolvidos baseados em fatos reais. As diferenças são do próprio enredo, associado à história da Colômbia. A morte de Escobar encerrou só um ciclo do narcotráfico. Sem o criador do cartel de Medellín, organizações criminosas se expandiram. A sequência foca no cartel de Cali, introduzido em capítulos anteriores, e na perseguição aos quatro líderes do grupo criminoso, já conhecidos do público.
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A nova célula do narcotráfico se torna o inimigo número um do Departamento Antidrogas dos Estados Unidos (DEA). O Viver viu os cinco primeiros episódios do terceiro ano, que mostram claras diferenças entre a Era Escobar e a de Cali, considerado o maior cartel de cocaína da história. "Eram dois irmãos que queriam que o cartel fosse comandado por puros homens de negócios. Queriam a paz, e não a guerra que tinha na época de Pablo", comenta o mexicano Damián Alcázar, intérprete de Gilberto Rodriguez Orejuela, o fundador do cartel de Cali. O personagem alcança mais notoriedade, ao lado de Miguel Rodríguez (Francisco Denis), Pacho (Alberto Ammann) e Chepe (Pêpê Rapazote). Em entrevista a jornalistas da América Latina, Alcázar descreve Gilberto Rodriguez como um homem de família. "Enquanto estava fora da lei com esse negócio, foi para cadeia. Se estivesse dentro da lei, seria um dos homens mais exitosos do mundo", conta.
Com produção-executiva de José Padilha (Tropa de elite e Robocop) e Eric Newman (Filhos da esperança), a terceira leva de Narcos apresenta o modus operandi do Cartel de Cali. Não há mais a "guerra civil" da era Escobar. Diferentemente do terror instalado pelo colombiano, o cartel de Cali não tinha intenção de causar pânico no país e agia de forma discreta. Eles desapareciam com os corpos das vítimas, por exemplo, em vez de expô-los. O objetivo era dar tratamento "pacífico" ao tráfico, como um "negócio legítimo" da economia. "Não é o mesmo da fase de Escobar, na qual ele se relacionou como um monstro. Quando a vida dele estava em risco, a dos outros não importava", diz Alcázar. Por muito tempo, os líderes de Cali não sofriam o risco de vida, já "que comparavam lei e políticos, exército e polícia".