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Frederico Pernambucano de Mello lança coletânea de artigos e ensaios na Academia Pernambucana de Letras
Evento também terá conferência do pesquisador sobre Joaquim Nabuco, lembrando o nascimento da personalidade e os 190 anos da criação dos cursos jurídicos no Brasil

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O trabalho é composto por uma seleta de 30 textos curtos já publicados em jornais, como o Diario de Pernambuco, escritos para revistas, eventos ou mesmo dedicados a amigos. Os ensaios e artigos ampliam assuntos já abordados em vários de seus livros e, em alguns casos, foram atualizados e ampliados a partir de novas pesquisas. "A ideia do livro veio da minha editora, a Escrituras. O editor disse que os leitores gostariam de me conhecer melhor e saber mais sobre a versatilidade de meus instrumentos de trabalho. Fiz questão de selecionar os temas, pois quero apresentar essa obra como uma nova luz a questões que, historicamente, parecem um pouco incompletas. É uma visita cultural ao Nordeste", afirma Pernambucano de Mello.
De acordo com o autor, os textos-âncora são voltados para as batalhas nos Montes Guararapes, como denota o título da publicação. O pesquisador fez um levantamento até da alimentação dos soldados brasileiros e dos soldados holandeses. A história da criação da alcunha “Maria Bonita” para a companheira de Lampião e uma das passagens mais inusitadas do cangaço - a castração do sertanejo Manuel Luis Bezerra - também foram investigadas de forma pioneira pelo historiador e estão registradas no livro.
Ao final dos textos, o livro é enriquecido com imagens que aprofundam os significados dos temas tratados, passando pela reprodução de desenhos e quadros feitos pelos holandeses até fotografias de Canudos e de cangaceiros, com destaque também para a trajetória de Joaquim Nabuco. A importância desses registros históricos também é exaltada por Pernambucano de Mello. “A mais antiga paisagem das Américas pintada por um pintor erudito é um quadro chamado Vista de Itamaracá, pintado por Frans Post, em 1637, e esse quadro está no Museu do Louvre, em Paris, e nós devemos isso aos holandeses, apesar de eles terem sido nossos inimigos militares”.
TRECHOS DO LIVRO
A necessidade do açúcar bruto para alimentar as refinarias norte-europeias, cujo fluxo cessara após o rompimento de hostilidades com a Espanha, leva os holandeses a eleger Pernambuco como alvo do ataque bem-sucedido de 1630, cujos objetivos estratégicos restringiam-se inicialmente ao bloqueio naval e à conquista das praças-fortes locais, consoante a doutrina que adotavam à época. Para os espanhóis e portugueses, o que a doutrina insinuava era que precisavam combinar o poder marítimo com a defesa local, toda a eficácia guerreira repousando, no entanto, sobre o primeiro de tais fatores.
Trecho de Guararapes: batalhas que deram endereço ao Brasil, escrito para a Fundação Joaquim Nabuco em 2002
Foi quando [o jornalista aposentado Melchiades da Rocha] respirou fundo e lançou a pergunta “Você sabe como apareceu esse apelido Maria Bonita? E emendou, diante de nosso queixo caído, sem esperar pela negativa. “Não apareceu no Sertão, não. Foi coisa de repórteres daqui do Rio de Janeiro, mesmo. Eu estava entre eles”. Um romance de sucesso, do ano de 1914, requentado em filme de longa-metragem aparecido 23 anos depois, no meado de 1937, doze meses antes do desmantelamento do bando de Lampião, eis a origem de tudo, corria a explicar. Título do livro e do filme: Maria Bonita.
Trecho de Maria Bonita: a mulher e o nome de guerra, palestra apresentada na Universidade Federal de Pernambuco em 2013
O chefe cangaceiro [Virgínio Fortunado, conhecido como Moderno] se enfurece, risca a montaria e grita não entender como alguém dali não conhecesse o lugar procurado, próximo de onde se encontravam, segundo estava informado. Atordoado, o jovem mantém a negativa implausível. E o mundo lhe desaba sobre a cabeça, todo o seu futuro vindo a se definir nos poucos minutos que se seguem. É arrastado pelos cabras para trás de uma cerca, derrubado no chão a coice de fuzil e fica à espera do chefe, numa eternidade de segundos. Virgínio apeia calmamente, calça umas luvas amarelas e vai até as mulheres pedindo que procurassem uma sombra porque tinha de fazer “um serviço”.
Trecho de O eunuco do Morro Redondo: um caso de castração real no cangaço, escrito para a Revista Nossa História, da Biblioteca Nacional, de novembro de 2004
SERVIÇO
Lançamento do livro Guerra em Guararapes e outros estudos
Quando: Hoje, às 16h
Onde: Academia Pernambucana de Letras (APL) - Avenida Rui Barbosa, 1596, Graças
Preço do livro: R$ 60 no lançamento e na APL e R$ 70 nas livrarias Cultura e Saraiva
Informações: 3268-2211
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