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Nós, romance que influenciou Admirável Mundo Novo e 1984, ganha nova edição brasileira
Obra escrita pelo russo Ievguêni Zamiátin é considerada a primeira distopia da ficção

Escrito nos anos 1920, o romance foi publicado pela primeira vez em 1924, nos EUA, longe da terra natal do autor, já que o texto foi censurado na União Soviética. A história imaginada por Zamiátin mostra uma sociedade que suprimiu as noções de liberdade e individualidade em prol de suposta ordem. A nação Estado Único é regida por um grande líder, o Benfeitor.
Sem nomes próprios, os indivíduos são identificados a partir de uma combinação de letras e números. O personagem central, D-503, é um engenheiro entusiasta do regime que trabalha na construção da Integral, uma nave espacial cujo propósito é levar os conceitos do Estado Único para outros pontos do universo. Sem nunca questionar a opressão desse sistema que obriga cidadãos a viverem em apartamentos com paredes de vidro, sendo fiscalizados e fiscalizando os outros, o construtor começar enxergar falhas na sociedade ao entrar em contato com um grupo opositor.
Os conceitos básicos da história remetem a clássicos do gênero. George Orwell, autor de 1984, outra famosa distopia, escreveu uma resenha sobre Nós, inclusa nesta edição, e compara a obra com Admirável mundo novo, de Huxley. "Ambos os livros tratam da rebelião do espírito humano primitivo contra um mundo indolor, mecanizado e racionalizado", assinala no texto, publicado em 1946, três anos antes de 1984 ser lançado.
O romance foi construído a partir das impressões do autor sobre a Revolução Russa de 1917. Além de ter essa obra censurada no país - o livro só foi publicado oficialmente na União Soviética em 1988 -, Zamiátin foi preso duas vezes: primeiro em 1906, pelo governo czarista, depois pelos bolcheviques, em 1922. O autor também chegou a ser exilado e proibido de publicar outros textos, além de Nós, no país.
Em 1931, seis anos antes de morrer, o autor escreveu uma carta a Stálin pedindo autorização para mudar-se para Paris, onde viveu até o fim da vida. Na correspondência, publicada neste volume, ele escreve: "Eu sei que tenho o hábito altamente inconveniente de dizer o que considero ser a verdade em vez de dizer o que pode ser considerado conveniente no momento".
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