Uma obra do escritor pernambucano Homero Fonseca serviu de inspiração para o enredo de uma escola de samba paulista. A Colorado do Brás, agremiação que desfila no Grupo de Acesso do carnaval de São Paulo, vai levar ao Sambódromo do Anhembi a cultura sertaneja do Nordeste pincelada por referências ao livro Roliúde, lançado em 2007 por Homero Fonseca. O desfile tem como tema Luz, câmera, ação! A Colorado apresenta: a Roliúde no Sertão e está programado para ocorrer no domingo, 26 de fevereiro.
O livro
Roliúde narra a história de um contador de filmes profissional do interior do Nordeste que tem uma trajetória atrelada à oralidade. Severino, ou Bibiu, como é chamado, já ganhou a vida como "homem da cobra", vendedor de cordel, camelô e locutor de circo e passa a traduzir clássicos do cinema hollywoodiano como Casa branca, ... E o vento levou, A dama das camélias e Nos tempos das diligências para o contexto do Sertão, fazendo a ponte entre a cultura "matuta" e o glamour do cinema norte-americano antes do surgimento da televisão em casas, nas ruas e em botecos. "Eu diria que a inovação do livro é usar essa cultura nordestina não de forma parada, estagnada, como é feito. Mas como acontece com a vida real: uma interação dinâmica com a cultura global, já que o cinema é a cultura global por excelência. Não é só reproduzir a 'cultura matuta', vai mais longe porque faz a interação entre esses dois contextos diferentes", acredita Homero.
Adaptação
O romance, que já foi adaptado para o teatro em 2011, ganhou nova dimensão para brilhar no Sambódromo. Foi dada mais atenção à passagem de Bibiu pelo circo - coisa pouco vista no livro - e, à lista de clássicos cinematográficos relatados pelo personagem, foi adicionado O garoto, de Charles Chaplin, que não consta na obra original, "mas está totalmente dentro do universo do livro", como defende o escritor.
Samba-enredo
Para embalar o desfile, foi composto um samba-enredo cheio de referências à cultura nordestina que emocionou Homero. "Eu achei maravilhoso, cada vez que ouço descubro mais coisa. Melodicamente, é muito bonito, seguindo o padrão dos sambas-enredo, mas com algumas inovações, como o uso da sanfona (forma de ligação com a temática) e citações como a da música Baião", comenta. A música foi assinada por Thiago Morganti, Ronny Potolski, Sukata, Igor Vianna, Michel Mammoccio, Tubino, Willian Tadeu, Butti, Walter Jr., Lo Robson, André Valêncio, Diley, André Filosofia, Victor Alves e Meiners.
Confira a letra do samba-enredo inspirado por Roliúde:
Ê cabra da peste
Filho de um agreste sonhador
O Sol que arde não esconde a poesia…
Que dos filmes irradia, em prova de amor
Do Circo, as lembranças de menino
Vida de artista a buscar o seu destino
"Oxente", parece história de cinema!
Quando o talento entra em cena a brilhar
É o dom de contar e encantar
ÔÔÔÔ ROLIÚDE VEM AÍ
FAZ A MENTE DELIRAR, A PLATEIA APLAUDIR
DAS TELAS PRO POVO, VEM MOSTRAR
UM MUNDO NOVO, DE SE ADMIRAR
Romance, humor e aventura
Epopeias pelas praças do Sertão
Um Faroeste com o tempero do Nordeste
Pede licença pra atrair sua atenção
Pode avisar aos navegantes que é hora de partir
Vem o luar, feito um Cordel que lá do céu vai reluzir…
Entre as grandes estrelas, um novo astro surgiu
Um Severino: o retrato do Brasil!
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