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Livro do escritor pernambucano Homero Fonseca inspira enredo de escola de samba em São Paulo

Roliúde trata de um contador profissional de filmes que adapta clássicos do cinema de Hollywood para o contexto do Sertão

King Kong do Sertão, Chaplin do Nordeste e Retirantes são retratados nas fantasias da escola de samba. Foto: Christine Nascimento/Divulgação

Uma obra do escritor pernambucano Homero Fonseca serviu de inspiração para o enredo de uma escola de samba paulista. A Colorado do Brás, agremiação que desfila no Grupo de Acesso do carnaval de São Paulo, vai levar ao Sambódromo do Anhembi a cultura sertaneja do Nordeste pincelada por referências ao livro Roliúde, lançado em 2007 por Homero Fonseca. O desfile tem como tema Luz, câmera, ação! A Colorado apresenta: a Roliúde no Sertão e está programado para ocorrer no domingo, 26 de fevereiro.

Escritor de 69 anos nasceu em Bezerros e lançou o livro em 2007. Foto: Facebook/Reprodução

O livro

Roliúde narra a história de um contador de filmes profissional do interior do Nordeste que tem uma trajetória atrelada à oralidade. Severino, ou Bibiu, como é chamado, já ganhou a vida como "homem da cobra", vendedor de cordel, camelô e locutor de circo e passa a traduzir clássicos do cinema hollywoodiano como Casa branca, ... E o vento levou, A dama das camélias e Nos tempos das diligências para o contexto do Sertão, fazendo a ponte entre a cultura "matuta" e o glamour do cinema norte-americano antes do surgimento da televisão em casas, nas ruas e em botecos. "Eu diria que a inovação do livro é usar essa cultura nordestina não de forma parada, estagnada, como é feito. Mas como acontece com a vida real: uma interação dinâmica com a cultura global, já que o cinema é a cultura global por excelência. Não é só reproduzir a 'cultura matuta', vai mais longe porque faz a interação entre esses dois contextos diferentes", acredita Homero.

Adaptação

O romance, que já foi adaptado para o teatro em 2011, ganhou nova dimensão para brilhar no Sambódromo. Foi dada mais atenção à passagem de Bibiu pelo circo - coisa pouco vista no livro - e, à lista de clássicos cinematográficos relatados pelo personagem, foi adicionado O garoto, de Charles Chaplin, que não consta na obra original, "mas está totalmente dentro do universo do livro", como defende o escritor.

Samba-enredo

Para embalar o desfile, foi composto um samba-enredo cheio de referências à cultura nordestina que emocionou Homero. "Eu achei maravilhoso, cada vez que ouço descubro mais coisa. Melodicamente, é muito bonito, seguindo o padrão dos sambas-enredo, mas com algumas inovações, como o uso da sanfona (forma de ligação com a temática) e citações como a da música Baião", comenta. A música foi assinada por Thiago Morganti, Ronny Potolski, Sukata, Igor Vianna, Michel Mammoccio, Tubino, Willian Tadeu, Butti, Walter Jr., Lo Robson, André Valêncio, Diley, André Filosofia, Victor Alves e Meiners.

 

Confira a letra do samba-enredo inspirado por Roliúde:

Ê cabra da peste

Filho de um agreste sonhador

O Sol que arde não esconde a poesia…

Que dos filmes irradia, em prova de amor

Do Circo, as lembranças de menino

Vida de artista a buscar o seu destino

"Oxente", parece história de cinema!

Quando o talento entra em cena a brilhar

É o dom de contar e encantar

ÔÔÔÔ ROLIÚDE VEM AÍ

FAZ A MENTE DELIRAR, A PLATEIA APLAUDIR

DAS TELAS PRO POVO, VEM MOSTRAR

UM MUNDO NOVO, DE SE ADMIRAR

Romance, humor e aventura

Epopeias pelas praças do Sertão

Um Faroeste com o tempero do Nordeste

Pede licença pra atrair sua atenção

Pode avisar aos navegantes que é hora de partir

Vem o luar, feito um Cordel que lá do céu vai reluzir…

Entre as grandes estrelas, um novo astro surgiu

Um Severino: o retrato do Brasil!

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