{{channel}}
Rogue One mostra o lado mais humano e cruel de Star Wars
Primeiro longa derivado se conecta bem com os demais filmes da franquia

O título Rogue One: Uma história de Star wars é autoexplicativo e serve para sintetizar o novo filme da franquia. Não se trata de mais um capítulo da saga iniciada em 1977, mas conto ambientado naquele universo. O spin-off, primeiro de vários que Disney, atual detentora da marca, planeja, é uma estreia competente e com potencial para se sair bem nas bilheterias.
Embora seja novidade nos cinemas, há muitas décadas que Star wars tem seu escopo ampliado em outras narrativas ligadas, direta ou indiretamente, aos filmes originais. Livros, séries animadas, videogames e HQs são alguns dos produtos ambientados no mesmo universo e situados, antes, durante ou depois dos acontecimentos dos sete filmes originais.
Dirigido por Gareth Edwards, do fraco Godzilla (2014), Rogue One tem o roteiro assinado por Chris Weitz (Um grande garoto) e Tony Gilroy (Ultimato Bourne). A trama mostra como um esquadrão da Aliança Rebelde consegue roubar os planos de construção da Estrela da Morte, a arma de destruição em massa que é a grande ameaça de Star wars: Episódio IV. De posse desses material, o Luke Skywalker e companhia conseguiram derrotar o Império no primeiro filme da trilogia original.
À frente do esquadrão Rogue One está Jyn Erson (Felicity Jones), filha de Galen Erson (Mads Mikkelsen), o engenheiro responsável pela construção da Estrela da Morte. Acompanhada de Cassian Andor (Diego Luna) Chirrut Îmwe (Donnie Yen), Baze Malbus (Wen Jiang), ela segue para a missão de invasão aos domínios do Império e roubo do material.
Longe de ser um filme de assalto típico, com infiltração discreta, Rogue One é sem sutilezas, cheio de confrontos físicos, tiros e explosões. É, até agora, a representação mais bruta do embate entre Aliança Rebelde e Império. E é justamente isso que torna o longa um ponto fora da curva, trazendo novos ares para o universo cinematográfico de Star wars. Inclusive no campo visual: novas criaturas e cenários mostram que ainda existem muitas formas diferentes de explorar a franquia.
Se o visual bonito e computação gráfica eficiente são pontos a serem destacados, o 3D se mostra desnecessário e vai pouco além de mostrar alguma profundidade de campo maior nas cenas. A trama é convincente, se conecta muito bem com o Episódio IV e mostra que a presença de Darth Vader, relevada nos trailers, não é apenas um agrado para fãs, mas um bom acréscimo.
O grande problema do filme é a falta de carisma dos personagens e ritmo um pouco arrastado do primeiro ato, dedicado principalmente à apresentação dos novos rostos. Enquanto a lentidão do início da projeção é justificada para compor bem a história, é mais difícil aceitar a pouca expressão e cara de marra de Felicity Jones e Diego Luna. Principalmente considerando que elenco principal de Episódio VII (2015) apresentou novos heróis tão ou mais cativantes do que os da trilogia original de Star wars.
Talvez a expressão quase sempre sisuda dos personagens seja para ressaltar o tom grave que o filme tenta imprimir, de mostrar o lado mais sujo e menos idealizado dos confrontos. E o grande acerto do longa é mostrar que, na guerra, é muito tênue o limite entre o bem e mal.