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Caiporas são confirmados como Patrimônio Imaterial de Pernambuco

Agremiação carnavalesca, que desfila pelas ruas de Pesqueira há 54 anos, recebeu parecer favorável após apresentação de documentação e defesa. Outorga oficial deve ocorrer, no máximo, até o carnaval

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Pesqueira entrou na lista dos municípios pernambucanos a receberem uma honraria cultural. Um dos símbolos locais, os Caiporas, tradicional bloco carnavalesco que desfila nas ruas da cidade agrestina há 54 anos, será registrado como Patrimônio Imaterial de Pernambuco pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC). A outorga oficial, segundo um dos conselheiros do órgão, Marcus Prado, deve ocorrer pelo Governo do Estado nas próximas semanas ou, no máximo, até o carnaval, em fevereiro de 2017.

De acordo com o CEPPC, vinculado à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o projeto de lei que solicitou o título de Patrimônio Imaterial aos Caiporas partiu da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe) e recebeu parecer favorável à concessão do mérito, após as fases de apresentação da documentação exigida pela Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco (Secult-PE) e defesa do pedido. 

%u201CA iniciativa partiu da Alepe e o CEPPC, baseado no regulamento de avaliação desse tipo de pedido, aceita ou não o pleito. Após a apresentação de toda a documentação necessária, o conselho entendeu que os Caiporas são uma das expressões culturais mais importantes de Pernambuco. O carnaval de Pesqueira possui uma forte tradição e todos os anos recebe muitos turistas, atraídos pela lenda dos Caiporas. Trata-se de um título justo e merecido%u201D, afirmou Marcus Prado. 

Os Caiporas desfilam no carnaval de Pesqueira, distante 214 quilômetros do Recife, desde 1962, quando um dos fundadores da agremiação, João Justino de Melo, conhecido por Gilete, oficializou a brincadeira. Os bonecos, cuja cabeça é desproporcional em relação ao restante do corpo e confeccionada com um saco de estopa, se caracterizam pelo uso de um paletó, camisa de manga comprida, gravata e calças. 

Durante alguns anos, segundo Aristóteles de Melo, um dos filhos de João Justino, o bloco deixou de desfilar no carnaval, uma vez que se criou uma imagem negativa dos Caiporas, cuja lenda do folclore popular aponta para a insurgência de criaturas da floresta pessoas que destruíam a mata. Segundo o folclore, as criaturas assustavam os caçadores à noite, caso não recebessem cachaça e fumo nos troncos das árvores. O que era história de terror se transformou em diversão.



Parte da família do fundador, inclusive, era contra a continuação da brincadeira. %u201CCriou-se uma mística de que quem saísse nos Caiporas morreria logo em seguida, mas isso não passava de boato. Os Caiporas surgiram como uma manifestação cultural, de brincadeira de carnaval. Há oito anos, meu pai faleceu, mas antes pediu à minha mãe que continuasse a tradição e não permitisse que os Caiporas acabassem. Desde então, ela está à frente da organização do bloco%u201D, contou Aristóteles.

Após a viuvez, Helena Rodrigues de Melo, presidente e mestre do bloco, tem se dedicado integralmente ao aprimoramento das fantasias e manutenção da tradição. Ela confecciona, aliás, bonecos dos Caiporas em tamanhos reduzidos e miniaturas, bastante procurados pelos moradores da cidade, que enfeitam as casas, e turistas que visitam Pesqueira durante a Folia de Momo. %u201CFicamos muitos agradecidos e felizes com este título, é um reconhecimento de uma tradição cultural que fortalece o nome de Pernambuco%u201D, disse dona Helena.

%u201CEste tipo de concessão é muito importante para a nossa cultura, não apenas pela questão intangível e de representatividade em se tornar patrimônio imaterial, mas também por abrir oportunidades de fortalecimento do segmento de forma a estimular que novas expressões culturais possam ser reconhecidas no estado de Pernambuco. Após a defesa, o parecer favorável sobre os Caiporas será encaminhado novamente à Alepe e, posteriormente, oficializado pelo governador Paulo Câmara%u201D, completou Prado.    

Conheça os patrimônios imateriais de Pernambuco reconhecidos pela Alepe:

Maracatus nação e rural
Coco de roda (Lagoa de Itaenga)
Samba de coco (Arcoverde)
Clube Carnavalesco Misto das Pás (Recife)
Missa do Peta (Tabira)
Grupos de Maracatu Rural (Nazaré da Mata)
Manguebeat (movimento)
Carnaval de Vitória de Santo Antão
Festa das Dálias (Taquaritinga do Norte)
Bloco Carnavalesco A Mulher da Sombrinha (Catende)
Festa da Batalha do Reduto (Rio Formoso)
Festa das Marocas (Belo Jardim)
Bloco das Flores (Recife)
Dança do Xaxado (Serra Talhada)
Carnaval de Olinda
Papangus (Bezerros)
Festa da Pitomba (Jaboatão dos Guararapes)
Missa do Vaqueiro (Serrita)
Cartola (sobremesa)
Dança do Brinquedo Popular Ciranda
Bloco Carnavalesco Galo da Madrugada (Recife)
São João (Caruaru)
Cachaça 
Bolo Souza Leão 
Festa da Lavadeira (Cabo de Santo Agostinho)
Conjunto Arquitetônico e Espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém (Fazenda Nova - Brejo da Madre de Deus)
Bolo de Rolo

Fonte: Secult-PE 





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