"Estar tão exposta gera uma grande responsabilidade. Sempre tomo cuidado e penso que o que falo pode inspirar aqueles que me seguem. Gosto de inspirar bons pensamentos e boas energias", diz a chef, cuja postura à frente do reality show alterna momentos de intervenções incisivas e duras com demonstrações de afeto para com os participantes, muitas vezes à base de lágrimas. Os laços com os admiradores serão estreitados a partir desta semana, quando ela lança o livro com receitas, relatos autobiográficos e experiências profissionais à frente do próprio restaurante, Arturito, em São Paulo.
A publicação é fiel ao interesse da chef de estabelecer conexão com os fãs. Todas as sextas procura ressaltar o conhecimento de Paola e apresentá-lo como aprendizado. Entre as receitas disponibilizadas, estão referências trazidas pela argentina que desembarcou no Brasil em 2001, terra referenciada pela chef com "caipirinha". "Esse era todo meu vocabulário em português". Estão lá a recomendação para usar "quatro ovos de uma galinha de vida digna" ou a sugestão de mudanças em uma receita tradicional, com a advertência ao leitor que, "se você fizer e ficar bem bom, me avisa", ou a orientação para "agradecer" pelo peixe da refeição.
As dicas sobre os pratos são descritas com doses de afetividade. Paola encontra maneiras de costurar as instruções do preparo com lembranças pessoais. "Não achei que o livro fosse mostrar tanto de mim", disse. Mas a exposição não vem como surpresa. "O que tenho para contar é uma história que se ergueu na cozinha e é nessa história que as receitas fazem sentido".
Todas as sextas, no entanto, não é só gastronomia. O livro, que Paola pensou que nunca fosse escrever ("Sempre me perguntei porque ainda se fazem livros de cozinha"), conta com relatos capazes de interessar até os que nunca ouviram falar da chef. Ao descrever a clientela de um restaurante no qual trabalhou em Buenos Aires, por exemplo, Paola cita a presença frequente de Mick Jagger e Iggy Pop, mas a figura que mais lhe interessa é um anônimo, Monsieur Legrand, que "pedia sempre mesa para três: ele, a mulher e a amante".
O texto, organizado em capítulos curtos, não fala diretamente sobre o relacionamento de mais de dois anos com o fotógrafo irlandês Jason Lowe, responsável pelas fotografias da obra. Discreta, Paola menciona apenas que o conheceu enquanto buscava inspiração para um livro e que, mesmo antes de encontrá-lo pela primeira vez, "sabia que, se fizesse um livro, teria que ser com ele", pois "admirava-o e acompanhava seu trabalho havia muitos anos". Lowe, em um pequeno posfácio, é um pouco mais eloquente, dizendo que o melhor momento de todos que viveu foi quando "os planetas e as estrelas se alinharam para me colocar dentro da cozinha de Paola Carosella".
A biografia ainda toca em um momento doloroso da cozinheira: o suicídio do pai, descrito assim por Paola Carosella: "Ele era um pouco louco. Todos somos. Ele era um pouco mais".
Tarde de abraços no Recife - Sessão de autógrafos com Paola Carosella
Onde: Saraiva Riomar (Avenida República do Lima, 251, Pina)
Quanto: Gratuito. Serão distribuídas 250 senhas, a partir das 17h.
Como surgiu a ideia do Todas as sextas?
Por que gastronomia?
Como é sua relação com os outros jurados do MasterChef, Erick Jacquin e Henrique Fogaça?
No programa, já se arrependeu de alguma crítica ou de ter mandando alguém para casa?