O diretor de fotografia Dib Lutfi, ícone em produções do cinema brasileiro nas últimas décadas, morreu na noite desta quarta-feira (26), no Rio de Janeiro. Ele tinha 80 anos e estava internado há cinco dias no Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, tratando de uma pneunomia, à qual não resistiu. Lutfi morava no Retiro dos Artistas desde 2011.
Fusce pretium tempor justo, vitae consequat dolor maximus eget.
Morre aos 80 anos Dib Lutfi, diretor de fotografia que criou a estética do Cinema Novo
Seu primeiro contato com o cinema aconteceu graças a um seminário promovido pelo Itamaraty, em 1962
Nascido em Marília, no interior de São Paulo, em 1936, Dib Mudou-se para o Rio de Janeiro no fim da adolescência. Em 1957, começou a trabalhar como câmera na TV Rio. Seu primeiro contato com o cinema ocorreu graças a um seminário promovido pelo Itamaraty, em 1962, com o sueco Arne Sucksdorff, com quem Dib trabalharia em seguida como assistente de câmera no longa-metragem Fábula: Minha casa em Copacabana (1964).
Foi com o irmão Sérgio Ricardo que ele estreou de fato como cinematografista - Sérgio chamou-o para fazer a câmera do curta O menino da calça branca. Conservou-o na função em Esse mundo é meu, de 1963. Os diretores do Cinema Novo viram o talento do câmera e começaram a convocá-lo para seus filmes. Com isso, ele se tornou um dos principais artistas a dar um contorno ao movimento.
"Ainda está para ser estabelecida a contribuição de Dib Lutfi para a estética do Cinema Novo", escreveu no Caderno 2, em 1997, o crítico Luiz Zanin Oricchio. "Em sua origem, era caudatário de um movimento mais amplo, que vinha da nouvelle vague francesa. As câmeras começaram a ser tiradas do tripé e levadas na mão. O cinema precisava, tecnicamente, reproduzir a instabilidade de um mundo em ebulição e transformação rápida."
Ainda segundo o crítico, Lutfi captou como ninguém essa necessidade do momento histórico e a reciclou com técnica única e pessoal. "Teve a capacidade de administrar essa instabilidade com infinita elegância. Era dotado para inventar os mais inusitados movimentos com a câmera sem que parecesse estar realizando uma proeza física". Não tremia, como constata Paulo Cesar Saraceni. Mas esse não tremer era apenas parte do segredo. "O importante é que Lutfi consegue associar a proeza técnica à uma leveza extraordinária. É só conferir alguns planos de Lira do Delírio, por exemplo. A câmera parece suspensa no ar, mas estranhamente em movimento. Como se o segredo da imponderabilidade tivesse sido descoberto. Ou como se a máquina ficasse lá, pairando, suspensa no nada, amparada apenas pela mão de Deus."
Trabalhou com diretores como Nelson Pereira dos Santos (em Fome de amor, de 1968, e Azyllo muito louco, de 1969,), Arnaldo Jabor (Opinião pública, de 1967, O casamento, de 1975, e Tudo bem, de 1978) e Ruy Guerra (Os deuses e os mortos, 1970). A sua habilidade com a câmera na mão chamou a atenção de Glauber Rocha, que o convidou para Terra em transe (1967).
Trabalhou ainda nos filmes ABC do amor (1966), de Eduardo Coutinho, Edu, coração de ouro (1967), Feminices (2004) e Carreiras (2005), de Domingos Oliveira, Os herdeiros (1970), Quando o carnaval chegar (1972) e Joana francesa (1973), de Carlos Diegues, Como era gostoso o meu francês (1970), de Nelson Pereira dos Santos, A lira do delírio (1973), de Walter Lima Jr, Pra frente, Brasil (1981), de Roberto Farias, Harmada, de Maurice Capovilla, Vida e obra de Ramiro Miguez (2002), de Alvarina Souza Silva, e 500 Almas (2004), de Joel Pizzini.
Acompanhe o Viver no Facebook:
Loading ...