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Animação Kubo e as Cordas Mágicas tem visual deslumbrante
Em cartaz nos cinemas, o filme foi produzido com a técnica stop motion e custou US$ 60 milhões

Kubo e as cordas mágicas, em cartaz nos cinemas, tem boas chances de ser indicado ao Oscar de Melhor Animação. Lançado pela Universal, o filme foi produzido pelo estúdio Laika, responsável por Coraline (2009), ParaNorman (2012) e Boxtrolls (2014), todos finalistas na categoria. Menos sombrio que esses três anteriores, o novo longa-metragem é deslumbrante pela maneira como se apropria da cultura japonesa no visual elaborado com a técnica do stop motion. Clique aqui para ver os horários dos filmes em cartaz Apesar de ser uma superprodução de US$ 60 milhões, o filme busca manter um aspecto artesanal no resultado. É possível perceber, por exemplo, a natureza física de alguns materias utilizados na confecção dos bonecos, objetos e cenários. Uma parte do processo de filmagem, inclusive, é revelada nos créditos finais, que mostram como foi feita uma cena com um esqueleto gigante, construído de verdade com uma estrutura mecânica cercada por câmeras fotográficas móveis. Há também personagens de origami, como pássaros e um minúsculo guerreiro samurai. As tecnologias digitais também estão claramente presentes para garantir efeitos e até para ampliar as possibilidades do próprio stop motion. Para multiplicar a quantidade de expressões faciais dos personagens, a Laika desenvolveu uma técnica que modela os rostos no computador para depois transformá-los em milhares de pequenas máscaras produzidas por uma impressora tridimensional. No total, mais de 145 mil fotografias foram utilizadas durante a produção. Kubo e as cordas mágicas é um filme claramente voltado para o público infantil. A presença de samurais sugere artes marciais, mas a violência é bastante contida. No lugar da pancadaria, há uma ênfase maior na magia. A principal "arma" do protagonista é um instrumento musical e não uma espada. Até mesmo o desfecho final, que não merece ser revelado, é direcionado muito mais para o perdão do que para a vingança. O personagem principal não tem um dos olhos. Ele foi ferido no rosto por ser filho de um casamento proibido entre um samurai e uma inimiga política. A característica física atende a uma tendência inclusiva já praticada por animações como Procurando Dory, que transmite mensagens sobre acolhimento, respeito e valorização das qualidades de quem tem alguma deficiência. Junto com a mãe, Kubo vive escondido em uma pedra, ao lado de uma aldeia medieval, e só sai durante o dia, quando gosta de contar histórias para a comunidade. As "cordas mágicas" mencionadas no título são as peças do instrumento musical, que é um tipo de guitarra tradicional japonesa. A música While my guitar gently wheeps, de George Harrison (lançada pelos Beatles), regravada pela cantora Regina Spektor, é tocada nos créditos finais. Ao lado de uma macaca falante e de um besouro-samurai, o menino percorre uma jornada em busca de uma armadura encantada que o ajudará a enfrentar os inimigos, que, na verdade, são a família da mãe. Mesmo que seja direcionado para crianças, o filme merecia uma trama com mais desafios ao raciocínio. As soluções são lançados muito ao acaso. O personagem Kubo chega aos objetivos praticamente sem querer. As coisas que ele busca surgem do nada, sem que seja necessário um maior esforço intelectual para decifrar algum desafio. Por outro lado, é interessante que a animação busque uma linguagem e referências mais clássicas, sem apelar para modismos do mundo das selfies e hashtags.
STOP MOTION
A popularização da computação gráfica tridimensional não impediu o desenvolvimento dos filmes produzidos em stop motion, que continuam lucrativos na indústria cinematográfica. Além das produções da Laika, exemplos de sucesso são os longas-metragens do estúdio britânico Aardman (Shaun, o carneiro e Piratas pirados), as animações de Tim Burton (Frankenweenie e Noiva-Cadáver) e casos isolados, como O fantástico Senhor Raposo, de Wes Anderson, além de de curtas-metragens, seriados e outras obras que não atingem milhões de espectadores, mas são consagradas em mostras de cinema, como o adulto Anomalisa, premiado em Veneza. O festival Brasil Stop Motion, realizado no Recife, oferece uma programação dedicada exclusivamente à técnica, mas a data da sexta edição do evento, que ocorreria em 2016, ainda não foi definida. No cinema pernambucano, o curta Dia estrelado, de Nara Normande, foi a maior produção já realizada com o formato no estado. Um dos maiores mestres da linguagem é o checo Jan Svankmajer, que aos 82 anos de idade prepara-se para lançar um novo longa em 2017.
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