Os violões foram substituídos por uma banda formada por sete instrumentistas. O clima de improviso, com repertório pinçado pouco antes de subir aos palcos, foi incrementado por espetáculo ensaiado durante um mês. As performances individuais cederam espaço a apresentações em trio e duetos. Duas décadas mais maduros, Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo resgatam a histórica turnê O grande encontro. O projeto original, com Zé Ramalho, estreou em 1996, conquistou a marca de 1 milhão de cópias vendidas e originou mais dois discos, em 1997 e 2000, sem Alceu.
Confira o roteiro de shows no Divirta-se
No currículo, parcerias e duetos musicais. Elba gravou cerca de 25 músicas de Geraldinho, mais de dez de Alceu. O primeiro lançamento fonográfico das carreiras de Geraldo e Alceu foi Quadrafônico, dos dois, de 1972. Do vinil histórico, é resgatada a faixa de abertura, Me dá um beijo. Apesar da idade, chega com tom de ineditismo, por nunca ter sido regravada, e de xodó de Elba: %u201CVai ser a grande surpresa do show%u201D.
Assista:
Inéditas, mesmo, serão três. Compositora intermitente, Elba divide com Geraldo e Toni Garrido a autoria da melodia de O melhor presente, cujos versos são assinados pelo pernambucano de Petrolina. Ele apresenta ainda Só depois de muito amor, com Abel Silva, uma %u201Ccanção bem sertaneja%u201D, segundo ele. A novata de Alceu é Ciranda da traição, música praieira com interpretação intercalada pelos três e ainda um coro da plateia.
Nos palcos, com cenografia do renomado Gringo Cardia, o trio é acompanhado por sete instrumentistas, responsáveis pela nova pegada sonora do projeto: César Michiles (flauta), da equipe de Elba, Cássio Lima (baterista) e Paulo Rafael (guitarra), de Alceu, Meninão (sanfona), Nei Conceição (baixo), Anjo Caldas (percussão) e Marcos Arcanjo (violões), de Geraldo.
Entrevista // Alceu, Elba e Geraldo
Qual a importância do Nordeste para a carreira de vocês?
Geraldo: O Nordeste é a nossa fonte, nossa raiz, uma coisa grandiosa do Brasil. Tem uma cultura muito marcante para o país.
Alceu: Os arranjos estão sensacionais, maravilhosos. Está tudo incrível. É uma aula de música popular brasileira, com um pé fincado nas matrizes e raízes do nosso Nordeste. Pernambuco de Geraldo, Pernambuco meu, Paraíba de Elba. Tem essa coisa e também é uma coisa universal.
Alceu: Quando voltei de um curso nos Estados Unidos, encontrei Geraldo Azevedo num bar, na frente do Colégio Padre Félix, no Recife. Eu cheguei lá e me apresentei %u201CGeraldinho, eu estive nos Estados Unidos cantando uma música sua, chamada Aquela rosa". Ele %u201Cfoi mesmo? Obrigado%u201D. (risos) Uns três anos depois, vou à casa de Wilson Lira e encontro Geraldo, em 1970. Eu, que era muito inseguro, toquei uma música e ele falou "bicho, suas músicas são bonitas, vai lá em casa". No outro dia, eu estava lá, na casa dele, na Glória. Gosto de fazer exercício, então fui do Leme até a casa dele.
Elba: Eu conheci Geraldo no Rio, em 1974. Foi quando eu cheguei com o Quinteto Violado e fiquei batalhando para ver se eu chegava a um grupo de teatro. Quando eu conheci Geraldo, fiquei muito amiga. Até hoje, a gente mantém essa coisa meio sagrada, sacramentada na nossa relação. Eu ia para o Baixo Leblon, que era o point. Eu não conhecia ninguém, morava de favor. Não sei porque das quantas, eu já estava indo para a casa de Alceu.
Alceu: Você (Elba) não deve lembrar, mas aquela peça que você fez com Luiz Mendonça, tinha uma música minha. Você não me reconheceu porque eu não era conhecido.
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