Escrito por Gustavo Reiz e dirigido por Ivan Zettel, o folhetim deve ser exibido em novo horário de telenovelas da Record - na faixa das 19h30. Além da teledramaturgia, Zezé está no elenco da série Condomínio Jaqueline, adaptação do cinema para televisão. "Faço a síndica do seriado. Adorei fazer porque é uma personagem completamente louca e má. Geralmente, eu faço papel de boazinha", comenta, em entrevista ao Viver. A produção deve estrear ainda neste mês na Fox.
- Música
Além da teledramaturgia, a atriz grava o 14º disco da carreira. "Se alguém me colocasse contra a parede e me obrigasse a escolher entre cantar e representar, eu ficaria com a música", compara Zezé. O novo trabalho será O samba mandou me chamar, com composições de sambistas como Arlindo Cruz, Erasmo Carlos e Wilson Batista. "As pessoas cobram de mim que gravei poucos sambas", conta. O lançamento deve ser após as Olimpíadas.
O convite para Escrava mãe surgiu logo após o fim de Boogie oogie (Globo). O que te fez aceitar à proposta?
Eu tinha uma expectativa de fechar um contrato com a Globo, mas não fechei. Tive a sorte de imediatamente receber o convite para fazer Escrava mãe. Eu estava até meio relutante, porque já estava com outro projeto do meu próximo disco. O autor insistiu muito. E eu me apaixonei pela Tia Joaquina.
Como será a personagem?
Tia Joaquinha é uma escrava de dentro, que não pega pesado. Ela é mentora da Escrava mãe. Ela cuida da personagem protagonista. E ela também é quem conta a história. Como a Escrava mãe vai parar ainda bebê na casa onde a Tia Joaquina trabalha, ela é adotada pela sinhá, interpretada por Bete Coelho. Só que quem cuida é a Tia Joaquina. Então ela quer saber a história da vida dela.
O que achou do formato de gravar uma novela inteira antes da estreia?
Quando a obra é aberta, pode mudar o rumo da prosa no meio do caminho. No nosso caso, está feito, está feito. Temos um problema aí. A novela vai começar só no final de abril. Para nós do elenco, é meio complicado. Enquanto estivermos no ar, não podemos assumir compromisso com outra emissora. Eu felizmente sou cantora. Então é menos complicado. Porque tenho outro meio de sobrevivência. Claro, os outros podem fazer teatro, mas não é tão simples assim. As outras emissoras não têm interesse em chamar. É um método novo. Muitas pessoas disseram que seria confortável por não ser tão corrido, mas a gente correu do mesmo jeito. (risos) Não falo isso a nível de crítica. Só estou falando qual é a real.
A edição do Oscar reacendeu uma discussão antiga sobre a ausência de negro entre os indicados e a falta de papéis importantes para os negros. Como enxergou essa questão no cinema e na televisão brasileiros?
As pessoas mudam. Acho que existe uma preocupação por parte de diretores e produtores de escreverem papéis de destaque para atores negros. Mas ainda temos muita luta pela frente. Ainda temos poucos atores negros na mídia, e muitos desempregos. Já temos protagonistas negros com certa frequência. Lázaro, Taís Araújo, eu já fiz várias mães, fiz empresária. Enfim, mas é uma mudança muito aos poucos. Temos poucos negros na mídia.
Com tantos anos de carreira, o que esse papel representa?
É mais uma novela que discute a questão da escravidão. Na verdade, a gente tem que continuar falando sobre esse assunto. Primeiro, os jovens têm que saber dessas histórias. A sociedade tem que refletir sobre isso no sentido de “até que ponto acabou a escravidão”, em qual parte da escravidão nós vivemos. Foi assinada uma lei, mas não se fez um programa do futuro desses escravos, que não tinham planos para sair da senzala. A maioria dos afrodescendentes vive em situação menos privilegiadas, no subdesemprego, vão parar na cadeia por falta de oportunidade. A questão da violência tem muito a ver com a falta de planejamento desses sobreviventes. Até hoje a gente sofre por conta disso. A sociedade paga um preço, por conta da desigualdade, falta de escola... Outros são conformados com a situação, outros não. Nós os privilegiados vivemos morrendo de medo.
[SAIBAMAIS]
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