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Filme narra o drama de travestis e transexuais por trás das grades
Documentário adentra a ala das Dindas do presídio Frei Damião de Bozzano (FDB), no Recife, para mostrar como convivem as encarceradas entre si e com o sistema

Negras, pobres, suburbanas e marginalizadas. O retrato das travestis e transexuais que cumprem pena no presídio Frei Damião de Bozzano (FDB), no Complexo Prisional do Curado, no Recife, não se distancia muito da realidade que já enfrentavam nas ruas, antes do cárcere. Essas histórias de preconceito, violência e sexo, costuradas por vivências pessoais e familiares, dentro e fora do presídio, são contadas por suas próprias protagonistas no documentário Dindas, que estreia no Recife nesta quarta, no cinema São Luiz, na segunda edição do MOV – Festival Internacional de Cinema Universitário de Pernambuco.
O documentário, de 22 minutos, foi realizado pelos cineastas pernambucanos Lara Buitron e Vitor Lima, como trabalho de conclusão da graduação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). No filme, quatro mulheres trans falam sobre a convivência dentro da ala das dindas, como é conhecido o espaço LGBT da unidade prisional. “Nossa proposta não era contar a história de outras mulheres. Era deixar que elas contassem sua própria história e conseguimos fazer isso. Conseguimos mostrar uma população carcerária que é o marginal do marginal: travestis, negras, faveladas e presas. Pessoas sobre quem que ninguém para para pensar, invisíveis, inclusive dentro do sistema carcerário”, resume a diretora Lara Buitron.
Para realizar o filme, os diretores contaram com o apoio do Centro Estadual de Combate a Homofobia (CECH) que, em 2014, realizou um levantamento das demandas LGBTs no Complexo Prisional do Curado para nortear uma intervenção na perspectiva dos Direitos Humanos que, posteriormente, foi suspensa. O diagnóstico não deixou dúvidas: existe dificuldade de acesso aos direitos em decorrência da identidade de gênero. “Elas, por exemplo, não tinham acesso ao trabalho oferecido dentro da unidade e desempenhavam funções como faxinar, cozinhar e lavar roupas, que são atividades geralmente impostas ao gênero feminino”, explica o assistente social do centro, Vinícius Araújo.
Para o assistente social, a lógica do encarceramento só amplifica a marginalização imposta à população LGBT, diante de uma proposta de ressocialização falha. “Isso pesa ainda mais para as travestis. A maioria é pobre, negra, da periferia então tem o recorte de classe e cor e isso é determinante para a condição delas lá dentro”, aponta Araújo, que também problematiza a invisibilidade trans.
O documentário, de 22 minutos, foi realizado pelos cineastas pernambucanos Lara Buitron e Vitor Lima, como trabalho de conclusão da graduação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). No filme, quatro mulheres trans falam sobre a convivência dentro da ala das dindas, como é conhecido o espaço LGBT da unidade prisional. “Nossa proposta não era contar a história de outras mulheres. Era deixar que elas contassem sua própria história e conseguimos fazer isso. Conseguimos mostrar uma população carcerária que é o marginal do marginal: travestis, negras, faveladas e presas. Pessoas sobre quem que ninguém para para pensar, invisíveis, inclusive dentro do sistema carcerário”, resume a diretora Lara Buitron.
Para realizar o filme, os diretores contaram com o apoio do Centro Estadual de Combate a Homofobia (CECH) que, em 2014, realizou um levantamento das demandas LGBTs no Complexo Prisional do Curado para nortear uma intervenção na perspectiva dos Direitos Humanos que, posteriormente, foi suspensa. O diagnóstico não deixou dúvidas: existe dificuldade de acesso aos direitos em decorrência da identidade de gênero. “Elas, por exemplo, não tinham acesso ao trabalho oferecido dentro da unidade e desempenhavam funções como faxinar, cozinhar e lavar roupas, que são atividades geralmente impostas ao gênero feminino”, explica o assistente social do centro, Vinícius Araújo.
Para o assistente social, a lógica do encarceramento só amplifica a marginalização imposta à população LGBT, diante de uma proposta de ressocialização falha. “Isso pesa ainda mais para as travestis. A maioria é pobre, negra, da periferia então tem o recorte de classe e cor e isso é determinante para a condição delas lá dentro”, aponta Araújo, que também problematiza a invisibilidade trans.
“Existe uma longa trajetória de violação de direitos antes delas chegarem ao presídio. Quando assumem a identidade de gênero na família existe um conflito e na maior parte das vezes a expulsão de casa. A escola ainda é um espaço de violação muito grande para a população LGBT e a maioria delas tem esse histórico. Se a população trans já é invisibilizada na sociedade, na privação de liberdade isso é muito maior”, diagnostica o assistente social, que acredita que o filme Dindas ajuda a dar visibilidade a uma realidade pouco trabalhada.
Para o diretor Vitor Lima, é uma forma de dar voz às complexidades do tema. “A gente defendia muito elas enquanto mulheres trans, mas foi interessante ver que cada uma tem uma história singular, e muitas nem se consideram mulheres. Querem ser tratadas no feminino, usar coisas do universo feminino, mas não queriam estar no presídio feminino e não se reconhecem necessariamente como mulher”, explica. “Além disso, ao mesmo tempo em que sofrem muito com quem as oprime, elas também podem oprimir. É um retrato da sociedade: o que a gente critica a gente também reproduz e elas não estão distantes disso”. O documentário Dindas, que tem produção de Ariana Goldin e direção de fotografia de Bruna Belo, foi exibido a primeira vez no Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, em novembro, em São Paulo.
Kbela
Além de Dindas, o curta-metragem Kbela é uma das atrações aguardadas da programação. O filme, realizado pela carioca Yasmin Thayná, da PUC-RJ, discute a relação da mulher negra com seu cabelo. A pernambucana Maria Clara Araújo, aluna da UFPE que conseguiu garantir o uso do nome social na instituição, faz parte do elenco do curta, que é uma adaptação de um conto autobiográfico da diretora.
Serviço
MOV II Festival Internacional de Cinema Universitário de Pernambuco
De 16 a 19 de dezembro
Cinema São Luiz
19h e sábado às 18h
Entrada gratuita
www.movfestival.com
www.facebook.com/MOVuniversitario