Renata Sorrah volta aos palcos em Krum
Depois de "Geração Brasil", a atriz dá uma pausa em projetos na tevê para se dedicar ao teatro

RIO DE JANEIRO - Em tempos de Beatriz (Glória Pires) e Inês (Adriana Esteves), megeras de Babilônia, o nome de Renata Sorrah circula frequentemente nas redes sociais. A personagem Nazaré Tedesco, vilã icônica de Senhora do destino (2004), permanece intacta na memória dos brasileiros, mesmo depois de mais de uma década. Aos 68 anos (40 de carreira), Renata dá uma pausa na TV, cultiva o mesmo entusiasmo pelo teatro e prioriza um projeto de cada vez na trajetória.
A carioca está no elenco de Krum, primeira montagem teatral brasileira do texto do israelense Hanock Levin e o segundo trabalho da atriz com a Companhia Brasileira de Teatro. O retorno aos palcos ocorreu após o fim de Geração Brasil (2014), na qual viveu a vilã Gláucia. “São veículos tão diferentes. O modo de ensaiar, o tempo em que você ensaia. Televisão é mais perto do cinema”, compara, em entrevista ao Viver. “Eu adoro fazer tevê. Não vou dizer que não. Já fiz coisas ótimas. Mas não entendo só quem faz televisão e não faz teatro. O teatro é a base de tudo, é uma coisa generosa”.
Renata contextualiza o teatro em meio a uma “geração conectada”. Impressionada, conta uma história de uma menina de 15 anos, cuja melhor amiga é alguém que sequer conhece pessoalmente. “Isso é uma loucura. E o teatro consegue resistir a isso tudo. Acho o que há de mais moderno. Num mundo de internet, ter uma coisa em que você se senta numa sala e assiste ao outro na sua frente é muito moderno”, ressalta a intérprete, que prefere não conciliar dois projetos ao mesmo tempo. “Quando era mais moça, fazia as duas coisas juntas. Mas o melhor é fazer só uma coisa e depois só a outra. A dedicação é maior e é melhor do que ficar feito louca. Não faço mais”.
Em Krum, Renata interpreta Truda, uma mulher sensual e apaixonada pelo personagem-título (Danilo Grangheia), que transita entre a comicidade e o drama. “O espetáculo fala sobre a condição humana. Isso será sempre atual. O texto joga luz em pessoas pequenas, no cotidiano”, destaca a atriz, sobre o texto escrito na década de 1970. Entre dois enterros e dois casamentos, a produção se debruça sobre questões humanas, como baixa autoestima, desilusão amorosa, terceira idade e solidão.
O espetáculo, dirigido por Márcio Abreu, está em cartaz no Rio de Janeiro, no Teatro Oi Futuro. Com nove atores no elenco e apresentado para sessão com 49 pessoas, as características ignoram o valor econômico, de projetos que priorizam teatros de grande porte, em nome do artístico. “É a segunda peça que faço com a companhia (a primeira foi Esta criança). E a gente levou a peça mesmo para lugares pequenos. Assim, a gente cumpria o que o ator tem que fazer: levar para as pessoas”, aponta.
Depois do Rio, a peça segue para Curitiba, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Israel. No Recife, ainda não há previsão de apresentação, embora haja interesse. O elenco garante: “depende de vocês”.
A repórter viajou a convite da Oi Futuro