Músicos da Orquestra e Banda Sinfônica do Recife têm reajuste salarial
Projeto de lei aprovado por unanimidade na Câmara dos Vereadores cria Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) para instrumentistas

Músicos da Orquestra e Banda Sinfônica do Recife %u200Bpassam a ter remuneração acima da média nacional, após reajustes de até 50,85%, com salários que chegam a R$ 4 mil. A mudança vale a partir deste mês, com a criação de Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) aprovado na Câmara de Vereadores na terça-feira passada, após quase 14 anos de negociações entre a categoria e o poder público. O detalhamento da situação trabalhista dos instrumentistas foi feita nesta quinta-feira (19) pelo secretário municipal de Administração e Recursos Humanos, Marconi Muzzio, pela secretária de Cultura, Lêda Alves, e pelo presidente da Fundação de Cultura, Diego Rocha.
[SAIBAMAIS]"A Orquestra e a Banda Sinfônica têm história de luta, é uma estrada que percorrem desde 2001, quando foi esboçada a primeira minuta para um plano de cargos. O documento ficou parado em alguma gaveta e retomado nesta gestão. Pensamos um plano mais atualizado, concreto e interessante para a categoria", frisou Lêda Alves. "Esta é uma vitória da categoria, em um momento de chegada do maestro Marlos Nobre, que entrou com sangue novo, esperança maior, vontade de mudar, marcado pela desacomodação", completou.
O número de cargos será ampliado de nove para 15. Com a criação de 25 novas vagas - a serem preenchidas em concurso público (ainda sem data) -, o quadro da Banda passa de 78 para 92 músicos e o da Orquestra Sinfônica, de 109 para 120. Além da remuneração base, foram reajustadas as gratificações de produtividade e de chefe e assistente de naipe. Também foram acordados os reajustes para 2016 e 2017 (7,96% e 7,36%, respectivamente). Com isso, a depender do enquadramento do músico, o reajuste pode alcançar 70% em três anos. Os benefícios são extensíveis aos aposentados. Para o secretário Marconi Muzzio, a defasagem da remuneração gerava problemas, como o risco da perda de talentos pernambucanos. "A visão do regente Marlos Nobre foi importante para medirmos essas questões. Saber como influenciava no desempenho dos músicos e na atratividade para captação de novos talentos", pontuou.
Em setembro de 2013, foi formada uma comissão especial com representantes das orquestras para definir um plano final que pudesse ser posto em prática. Uma das medidas tomadas pela Secretaria de Cultura foi uma pesquisa em todo o Brasil para a tomada de parâmetros em relação ao pagamento de músicos em bandas e sinfônicas. "A pesquisa foi importante para se ter dados de como se encontram sinfônicas do país, embora não se possa estabelecer correlação entre os salários recebidos por orquestras sinfônicas de São Paulo e Recife, por exemplo", lembrou a secretária de Cultura. Ela frisou, ainda que esta é apenas uma de muitas "pelejas". Pela frente, há desafios referentes à qualificação dos músicos, compra de instrumentos.
O regente Marlos Nobre, à frente da Orquestra Sinfônica desde 2013, exultou com a aprovação do PCCV."Havia uma total desorganização da orquestra, que estava não só desestimulada, mas com todo o problema de cargos e salários, a vida financeira e artística [da orquestra] estava danificada", conta.
ASSISTA
Na quarta-feira (25), às 20h, a Orquestra Sinfônica do Recife, regida por Marlos Nobre, abre a temporada 2015 de apresentações no Teatro Santa Isabel. A entrada é gratuita. No programa, a peça Kabbalah, escrita pelo maestro em 2005 por encomenda do Festival Internacional de Campos de Jordão. A obra foi concebida a partir dos números cabalísticos. Este ano, a OSR apresentará ao público as sinfonias integrais de Johann Brahms. A cada concerto, uma delas será executada, iniciando a série com a de número um.
Informações: (81) 3355.3323.