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Filme Dívida de honra fortalece presença da mulher no faroeste

Hilary Swank interpreta uma corajosa fazendeira no épico que tem Tommy Lee Jones como ator e diretor

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Personagem feminina enfrenta jornada pelo Velho Oeste. Foto: Califórnia Filmes/ Divulgação

 
Não são só os índios que sofrem preconceito no faroeste. O tratamento dado às mulheres nesse gênero cinematográfico também sempre foi bastante discriminatório. Dívida de honra, que entra em cartaz hoje nos cinemas, é uma rara exceção nessa paisagem de injustiças. O título original do filme é The homesman e faz referência ao personagem masculino interpretado por Tommy Lee Jones, mas toda a trama gira em torno da bravura da fazendeira Mary Bee Cuddy, vivida por Hilary Swank (ambos os atores já venceram o Oscar).

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Com o núcleo principal compartilhado entre os dois, Dívida de honra começa sob o ponto de vista dela e termina com a posição dele, mas a mulher é sempre o eixo das atenções. Mary mora sozinha em sua fazenda e resolve aceitar uma dolorosa missão que nenhum homem tem coragem de assumir. Ela precisa cruzar parte dos Estados Unidos em uma carroça enquanto transporta três mulheres que necessitam de tratamento psiquiátrico após sofrerem traumas, interpretadas por Miranda Otto, Sonja Richter e Grace Gummer. Uma delas matou um bebê. Outra viu a morte de três filhos. A terceira (sempre abusada pelo marido) é agressiva e costuma autoflagelar-se.

Tommy Lee Jones, que também é o diretor do filme, entra na história no papel de George Briggs, um veterano, desertor, foragido, que é salvo da morte por Mary e, em troca, junta-se a ela na sofrida jornada. Sempre rejeitada, sem conseguir encontra um marido, ela usa o novo companheiro como protetor e ao mesmo tempo como apoio afetivo. Ela é destemida, mas também tem fragilidades e sente-se no direito de querer alguém ao seu lado.


Como cineasta, Jones dirige Dívida de honra com objetividade e equilíbrio, como um artista experiente, sem apelar para recursos melodramáticos nas cenas mais trágicas. Essa recusa em relação às ênfases emocionais deve ter distanciado o filme do Oscar, apesar da equipe e do elenco (com participação de Meryl Streep) formados por profissionais já indicados ou vencedores.

Mulheres no faroeste:


- O Diabo feito mulher (1952), de Fritz Lang, com Marlene Dietrich

- Mulheres sem lei (1957), de Reginald Le Borg, com Merry Anders, Lisa Davis, Penny Edwards e Sue George

- Quatro mulheres e um destino (1994), de Jonathan Kaplan, com Drew Barrymore, Andie MacDowell, Madeleine Stowe, Mary Stuart Masterson

- Rápida e mortal (1995), de Sam Raimi, com Sharon Stone

- The keeping room (2014), de Daniel Barber, com Brit Marling, Hailee Steinfeld e Muna Otaru

Faroeste feminino no cinema pernambucano:


O cinema pernambucano prepara-se para ganhar seu primeiro faroeste feminino. Filmado em 2014, o curta-metragem Soledad será lançado em 2015 e encontra-se em fase de captação de recursos para a finalização. O projeto foi criado pela artista Joana Gatis, que também é a atriz protagonista e assina a direção (junto com Daniel Bandeira e Flávia Vilela). O alemão Peter Ketnath (Cinema, aspirinas e urubus) também está no elenco. Quem quiser colaborar com doações pode participar da campanha de crowdfunding lançada na internet por meio do sistema Catarse. De acordo com o valor do apoio, o colaborador será mencionado nos créditos e pode ganhar desenhos e cartazes personalizados. Na página do filme, há textos de apresentação assinados por Xico Sá e Gregório Duvivier.