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Justiça manda soltar mulher condenada por esquartejar médico e jogar corpo dentro de cacimba em Camaragibe

Jussara Rodrigues da Silva Paes estava presa na Colônia Penal Feminina do Recife

A farmacêutica Jussara Rodrigues da Silva Paes, condenada pelo assassinato, esquartejamento e ocultação do cadáver do marido em 2018, foi solta por determinação da Justiça na última quarta-feira (30). A decisão foi proferida pela 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, que acatou um habeas corpus impetrado pela defesa, alegando irregularidades no processo e excesso de prazo na prisão preventiva. Ela cumpria pena na Colônia Prisional Feminina de Abreu e Lima, no Grande Recife, e foi autorizada a mudar para o regime de prisão domiciliar.

O corpo de Dernison Paes foi encontrado em uma cacimba da casa onde ele mroava

O crime ocorreu em Aldeia, Camaragibe, no Grande Recife. Segundo as investigações, a mulher teria matado o marido, o médico cardiologista Denirson Paes, de 54 anos, esquartejado o corpo e ocultado os restos mortais em uma cacimba no quintal da residência do casal. A motivação do crime estaria relacionada a conflitos conjugais, traição e questões patrimoniais.

“A família de Dernison Paes, a qual eu represento como advogado de acusação, recebeu com muita indignação, com muita revolta, a saída de Jussara Paes do regime prisional. Apesar de ser uma coisa prevista em lei, a progressão do regime fechado para o semi-aberto, ninguém pode tirar esse sentimento da família. Ela sai do presídio, mas continua condenada, mas no cumprimento de regime prisional domiciliar, com tornozeleira eletrônica, indo para faculdade e voltando para casa, apenas”, afirma o advogado Carlos André Dantas.

“Apesar da defesa alegar a questão de legítima defesa e que ela matou para não morrer, é uma narrativa criada por ela e pelo advogado, eu entendo. Mas não foi acatada pelo conselho de sentença do júri no julgamento de Jussara Paes Inclusive uma testemunha dela desmentiu essa narrativa perante a juíza. Então, nesse caso, isso foi totalmente descartado e por isso foi condenada à prisão e ela continua no cumprimento”, destaca o advogado.

A acusada permaneceu presa por quase sete anos sem que o julgamento fosse concluído, o que levou a defesa a argumentar que o tempo de prisão preventiva ultrapassava os limites legais estabelecidos.

Filho mais velho do casal, Danilo (ao centro), foi absolvido em júri popular

O TJPE reconheceu o excesso de prazo e determinou a soltura imediata da ré, que deverá cumprir medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica e comparecimento periódico à Justiça. A Promotoria de Justiça informou que irá recorrer da decisão.

O advogado da família de Dernison Paes ainda frisou que um dos filhos do casal, Danilo Paes, foi denunciado junto com a mãe e que foi absolvido pelo conselho de sentença do júri de Camaragibe. Mas ele afirma que, recentemente, houve um parecer da procuradoria do TJPE para que o julgamento do filho seja anulado para que ele passe por um novo júri.

Decisão
O Diario de Pernambuco teve acesso a uma decisão assinada pela juíza Orleide Rosélia Nascimento Silva em que Jussara tem seu pedido para efetivar matrícula em um curso profissionalizante deferido. No documento, a reeducanda é autorizada a se deslocar para cumprir as atividades discentes, contanto que informe seu endereço domiciliar para efeito de controle de vigilância eletrônica e fixação do perímetro de deslocamento.

No alvará de soltura, a Justiça também determina que Jussara se submeta a procedimentos como receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica e não se ausentar do domicílio, exceto para consulta médica.

Jussara está presa desde o dia 5 de julho de 2018 e ganhou direito de cumprir pena em regime semiaberto no dia 10 de fevereiro deste ano. Segundo sua defesa, ela deve progredir para o regime aberto no dia 17 de março de 2029. 

“Durante a execução penal, Jussara obteve bom comportamento, conseguiu remissão de 629 dias por trabalho e estudo dentro da unidade prisional”, diz o relatório do advogado de Jussara, Rafael Nunes.

Corpo de Denirson foi encontrado em cacimba, esquartejado e carbonizado

 
Relembre o crime
No dia 4 de julho de 2018,o corpo do médico Denirson Paes foi encontrado dentro de uma cacimba na residência da família, localizada em Aldeia. Até então, Denirson era considerado desaparecido.

As investigações revelaram que o corpo da vítima foi esquartejado e parte dos restos mortais estavam carbonizados. No dia seguinte à descoberta, a polícia prendeu a esposa da vítima, Jussara Rodrigues da Silva Paes, e o filho mais velho do casal, Danilo Paes.

A defesa de Jussara alegou, à época, que ela sofria violência doméstica e teria agido em legítima defesa. A Polícia Civil, no entanto, sustentou que a motivação do homicídio foi a descoberta de uma traição conjugal por parte do médico, ocorrida um dia antes do crime.

Jussara permaneceu presa desde que o corpo foi encontrado e foi condenada em novembro de 2019. Já Danilo Paes foi absolvido em júri popular. O Ministério Público de Pernambuco solicitou a absolvição ao considerar que não havia provas suficientes para uma condenação.

Anos depois, o filho mais novo do casal, Daniel Paes, acionou a Justiça e conseguiu uma sentença que obriga a mãe a pagar uma indenização superior a R$ 600 mil por danos morais e materiais decorrentes da morte do pai.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco