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Sob ameaça de despejo, comerciantes do Mercado do Jordão podem deixar pontos de trabalho sem receber nada
Prefeitura do Recife concluiu licitação para construção de CAPS no endereço do mercado, mas parte das pessoas que trabalham no local diz que não receberá nenhuma indenização para sair do espaço
A comerciante afirma que, caso soubesse antes da possibilidade de saída do mercado, não teria investido cerca de R$ 8 mil em materiais para a instalação da loja. “Esse espaço para mim é um sonho realizado. É a oportunidade de trabalhar no meu bairro, no meu próprio negócio, com a clientela que já tenho. Aqui, sou uma referência e tem quem me chame de médica das plantas”, diz Luciene.
A comerciante ressalta ainda que não sabe para onde levará sua loja caso a saída do mercado aconteça. “Se sair, vou sair com uma mão na frente e outra atrás. Desesperada, sem saber onde eu vou colocar minhas verdinhas. Como vou continuar oferecendo esse serviço à população que tanto me acolheu? Isso aqui é um pulmãozinho do bairro”, completa.
A comerciante Jacilene França está afastada dos três boxes que administra no mercado desde junho do ano passado, quando foi vítima de um atropelamento. Em razão de recomendações médicas, ela teve que suspender as atividades de seu bar e cozinha. “Quando eu penso em voltar, essa bomba aparece. Não colocaram meu nome na lista da indenização, não sei por qual motivo”, lamenta.
Após procurar a Conviva, a comerciante ouviu da autarquia que uma solução para seu caso estaria sendo pensada. “Até agora, não tive retorno. Estou muito triste, até com crises de ansiedade. A gente tem nosso trabalhinho tão bom, uns dias melhores, outros menos, mas não queria perder esse espaço”, afirma.
Em outra rua do mercado, a comerciante Joselania Balbino também tem trabalhado apreensiva. Ela conquistou há pouco tempo um box para montar seu pequeno brechó infantil e chegou a ser incluída em um pré-cadastro da prefeitura. Apesar disso, conta que não recebeu nenhuma proposta de indenização ou indicativo de para onde poderia levar seu negócio.
Segundo Joselania, as más condições de conservação do mercado e a presença de usuários de drogas têm espantado a freguesia. No interior da estrutura, é possível observar a existência de fios soltos no teto e o desgaste de algumas paredes e boxes. “A gente tem medo dessa fiação pegar fogo. Meu cunhado é eletricista, poderia nos ajudar a fazer esse serviço aqui e já até conversamos com alguns permissionários para tirar dinheiro do nosso bolso e custear tudo. Não precisa demolir o mercado. Se em todos os bairros têm um mercado público, por que é o do Jordão que tem que ser demolido?”, questiona.
Confirmação
Por meio de nota, a Prefeitura do Recife confirmou que pretende construir um CAPS na área do Mercado do Jordão. Segundo a Autarquia de Urbanização do Recife (URB), a gestão municipal oferecerá indenização a 53 permissionários do mercado, após processo de negociação. Leia o posicionamento na íntegra:
“A Secretaria de Saúde do Recife informa que a área do mercado abrigará um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) 24h voltado ao atendimento de crianças e adolescentes, na faixa dos 12 a 18 anos. Havia uma grande demanda para esse tipo de atendimento na região, especialmente nos bairros do Ibura, Jordão e Cohab - e a escolha do espaço se deu pela localização estratégica e de fácil acesso para quem mora na região. Atualmente, dois CAPS da rede municipal atendem adolescentes, nos bairros de Santo Amaro e Bongi.
A Autarquia de Urbanização do Recife (URB) informa que 53 permissionários do Mercado do Jordão serão indenizados, após processo de negociação. A relação dos beneficiários foi definida pela CONVIVA Mercados e Feiras, com base em uma atualização cadastral dos permissionários com boxes ativos no local. As indenizações serão realizadas quando do fim dos trâmites jurídicos que regem o serviço público”.