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Após Bompreço fechar as portas, moradores convivem com imóveis vazios e sensação de insegurança no Recife
No dia 14 de março, cinco unidades da rede tiveram as atividades encerradas
Há 40 anos à frente de um fiteiro na Rua João Fernandes Vieira, perto da Avenida Agamenon Magalhães, Marlene Bezerra da Silva viu a loja do Bompreço, uma das principais redes de supermercado do Nordeste, virar Walmart e depois voltar ao nome original. Desde março, no entanto, o estabelecimento está com as portas fechadas. Na fachada, um letreiro informa que haverá uma seguradora de planos de saúde no lugar.
“Essa hora mesmo o pessoal passava aqui para ir comprar pão no Bompreço”, conta Marlene, enquanto se organizava para fechar o fiteiro, por volta das 17h30, impactado pela queda do movimento desde o fim do supermercado. “Eles paravam e compravam uma balinha, uma pipoca, uma água e seguiam para lá. Hoje, não. Não compram mais nada”.
O fim Bompreço na Agamenon faz parte do cronograma de encerramento das atividades de toda a rede no Nordeste, previsto para ser concluído neste semestre. No Recife, outras quatro unidades, as últimas que ainda funcionam, também fecharam as portas em 14 de março.
O Diario de Pernambuco visitou os antigos Bompreço nos bairros dos Aflitos, Graças, Boa Viagem e na Avenida Agamenon Magalhães. Em comum, os espaços estão isolados, silenciosos e escuros. Nessas áreas, antes movimentadas pelos clientes do mercado, frequentadores relatam aumento da sensação de insegurança e afirmam que até têm evitado andar pelas ruas à noite.
No Bompreço dos Aflitos, na Zona Norte, uma pintura no vidro da porta principal anuncia que o local está fechado. Também há fitas amarelas e pretas em volta da escadaria de acesso. Entre os moradores do bairro, o comentário é que uma academia será aberta no local.
“Essa região ficou muito abalada com o fechamento do Bompreço. Está muito esquisito. O pessoal tem medo de andar por aqui porque ele é muito grande, é quase um quarteirão todo. Um medo que antes não tinha”, diz o motoboy Edson Vicente, de 43 anos, que trabalha do outro lado da rua. “Não sei por que fechou. Ele tinha movimento”.
Aluga-se
Entre as unidades recém-fechadas, apenas a de Boa Viagem, próximo à Igrejinha, na Zona Sul, está com placa de aluga-se. O estacionamento está fechado por cadeado. O edifício, cercado por arames e tapumes.
“À noite, essa rua fica um deserto. Eu prefiro pegar ônibus na pracinha e dar uma volta maior no transporte do que atravessar o canal e ir para o ponto do antigo Laçador”, conta Maria Eduarda Silva, de 20 anos, atendente de uma loja próxima a unidade. “Um dia de manhã um homem me seguiu, eu voltei para a loja correndo”.
A situação é semelhante na loja da Avenida Domingos Ferreira, também em Boa Viagem, onde a operação foi encerrada em 31 de janeiro de 2024. Desde então, o galpão está fechado por tapumes. A reportagem apurou que o imóvel está sem água e sem energia desde o ano passado.
“Desinvestimento”
Proprietário da marca, o Grupo Carrefour diz que o fechamento das unidades faz parte da estratégia para “simplificar e agilizar” suas operações, que vai focar em “lojas de grandes formatos”. Em nota, o Grupo afirma que planeja “desinvestir” todos os Bompreço do Nordeste (são 17), além das 47 lojas Nacional, conhecidas no Sul do país.
Segundo o Grupo Carrefour, dos imóveis que abrigam as lojas em processo de desativação, 11 são próprios e 53 são alugados. O número referente a Pernambuco não foi informado.
O Diario de Pernambuco entrou em contato com o mercado alagoano e com a rede de academias, apontados como empreendimentos que podem ocupar imóveis do Bompreço, mas não obteve resposta.