Sete dias antes de ser erguido na Ponte Duarte Coelho, no Centro do Recife, dando início aos festejos de Carnaval da capital pernambucana, o Galo Cidadão Ecológico teve seus detalhes apresentados na tarde desta quarta-feira (19).
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Partes da escultura, que, neste ano, conta com 32 metros de altura, cinco a mais do que nos anos anteriores, e oito toneladas, foram exibidas pelos seus criadores, o artista plástico, cenógrafo e consultor pernambucano Leopoldo Nóbrega e a designer e produtora executiva Germana Xavier, no galpão onde acontecem os trabalhos de construção e estruturação da escultura.
Os pés do Galo Gigante, que trará mensagens de respeito e deferência à inclusão da população neurodivergente (portadores do TEA), saudará o meio ambiente através dos Jardins Históricos do Recife de Burle Marx e homenageará os catadores de lixo como protagonistas da educação ambiental, aparecem ornamentados por sandálias pretas estilo Muxarabi (com amarrações nos 'tornozelos') feitas de pneus reciclados.
Leopoldo Nóbrega, artista plástico e responsável pela criação do projeto, ressalta que a principal proposta do trabalho é dar uma nova utilidade ao material descartado, buscando transformar resíduos em arte. “Estamos buscando tirar os pneus das ruas, a ideia é evitar a queima e dar um novo uso a esses materiais. Este ano, a sandália construída para o Galo é a maior já feita para um elemento alegórico, um verdadeiro símbolo da reciclagem e da transformação”, explica Nóbrega.
A produção do Galo da Madrugada envolve cerca de 200 pessoas, responsáveis por diferentes áreas, como costura, estruturação e decoração. "É uma grande maratona coletiva, onde cada um contribui com sua expertise, um trabalho que começa o ano todo antes do carnaval", conta Nóbrega.
Serão homenageadas ainda manifestações culturais e agremiações carnavalescas presentes no ciclo momesco do Recife: o Frevo, os Maracatus de Baque Solto e os brinquedos de La Ursa.
A paleta de cores do Galo Cidadão Ecológico traz um mix de tons quentes que revisitam o frevo e importantes manifestações de brinquedos carnavalescos. O branco, verde, amarelo, o azul e o vermelho, presentes em sombrinhas de frevo, nos brinquedos da La Ursa e nas golas de Maracatu Rural, vestem a alegoria.
As asas, revestidas de azul, fazem menção à cor alusiva à população autista, que também será rememorada no colar de quebra-cabeças, identificação mundial para pessoas com autismo.
A seus pés, o Galo contará com um jardim cenográfico upcycle com cerca de 100 flores confeccionadas com materiais descartados, inspirado na obra do paisagista Burle Marx.
O estilo alegórico do design que veste a alegoria é inspirado no pontilhismo armorial dos bordados que adornam os maracatus de Baque Solto, típicos da Zona da Mata Norte de Pernambuco.
O figurino buscou um design paramétrico, termo utilizado para codificação matemática das formas geométricas através de programas de computador, em um mapeamento 3D, que ajudará no posicionamento exato de milhares de garrafas que revestirão a escultura.
A construção do Galo da Madrugada de 2026 pretende ter uma introdução de materiais orgânicos e parcerias com grupos que trabalham com biomasas. “Estamos começando a trabalhar com novos materiais, como parte do planejamento para o Galo de 2026. A sustentabilidade está no cerne deste projeto, e queremos continuar a pesquisa e o desenvolvimento dessa prática em nossa arte”, revela o artista.
Enquanto a construção do Galo segue com cerca de 80% da obra concluída, a expectativa para o grande dia só cresce. Detalhes de acabamento, como superfícies mais finas e delicadas, serão feitos diretamente no local, na Ponte do Duarte Coelho