O Carnaval do Recife traz consigo uma explosão de cores, ritmos, alegria e conexões entre os foliões. Em um espaço marcado pela diversidade cultural e de público, crianças, adultos e idosos aproveitam os festejos do Momo da maneira que acham melhor: seja atrás de blocos, assistindo a shows ou em bailes.
Para muitos idosos, a participação nessa celebração ainda esbarra em preconceitos e desafios impostos pelo etarismo, mas o Carnaval do Recife tem se mostrado plural e adaptado para públicos de todas as idades.
Cada vez mais, foliões da terceira idade ocupam as ruas, provando que a alegria não tem prazo de validade. Seja no compasso frenético do frevo, no ritmo envolvente do maracatu ou na suavidade dos blocos líricos, eles encontram na festa uma forma de reviver memórias, fortalecer laços e reafirmar seu espaço na cultura popular.
“Venho pelos meus amigos e pelo fundador deste bloco, que é um amigo de infância. A gente se encontra porque é uma coisa familiar, e temos essa história de amizade que já dura 23 anos. Acho o Carnaval daqui bem organizado, é uma festa para todas as idades e há condições para todos brincarem”, afirma.
Já para o contador João Paulo Ferreira, de 62 anos, brincar o Carnaval é sinônimo de liberdade, e é essa sensação que o motiva a marcar presença todos os anos. Com a agenda já fechada para os próximos dias de folia, ele conta que fez a própria roupa utilizada no segundo dia de festa. As inspirações foram as bandeiras de Pernambuco e do Sport.
“Minha motivação é a liberdade do Carnaval! Eu gosto muito de brincar e, por isso, venho para o Marco Zero. Hoje em dia, as atrações são misturadas com a juventude, e não há idade para brincar o Carnaval. Eu gosto também de seguir blocos, como os que passam pelo Recife Antigo”, explica.
Para muitos, o Carnaval não é apenas diversão, mas um ato de resistência contra a invisibilização da velhice na sociedade.
A professora aposentada Cleidinete Barros, de 68 anos, não perde o Carnaval no Marco Zero e esteve nesta sexta-feira (28), ao lado de amigas, para assistir ao encontro de Alceu Valença e Elba Ramalho. Para ela, a geração mais velha é responsável por repassar a cultura aos mais jovens.
Uma de suas amigas, a aposentada Fátima Lima, de 65 anos, complementa e diz que a motivação delas foi o show e que as gerações mais novas precisam saber da importância de valorizar os mais velhos.
“Eu pergunto: com quem a geração mais nova aprendeu a gostar de frevo e de Carnaval, senão com seus tios, avós ou bisavós? O Carnaval é a nossa essência maior”, conclui.