Quem pula o Carnaval do Recife e de Olinda pode passar por um verdadeiro teste de resistência física. Isso porque, entre as ladeiras e os blocos, um folião pode gastar até 2.400 calorias em um dia de festa. Esse número é comparável ao de uma meia-maratona.
No desfile do Galo da Madrugada no Recife, por exemplo, uma pessoa que não costuma correr pode queimar, em média, até 2.200 calorias durante cinco horas de folia, de acordo com Diógenes Mariano, personal trainer e coordenador técnico da Recife Runners.
Por outro lado, uma pessoa que pratica corridas pode gastar entre 1.200 e 2.000 calorias.
"Nos 21 quilômetros, a distância da meia-maratona, um corredor de 70 quilos chega a queimar de 1.200 a 2000 calorias, dependendo do nível desse corredor", explica Diógenes.
Para os foliões que frequentam as ladeiras de Olinda, o gasto pode ser ainda maior.
"Nas subidas e descidas das ladeiras Olinda, o Gasto Calórico pode ser um pouco maior por causa do maior esforço realizado, principalmente nas subidas. Esse gasto pode chegar perto das 2.400 calorias, nas mesmas cinco horas, para fazer a comparação", afirmou.
O personal explica, ainda, que o gasto de calorias varia conforme o corpo e condicionamento físico de cada pessoa.
Riscos que a folia pode trazer
Diante do calor e esforço que é exigido dos foliões durante os dias de carnaval, Diógenes recomenda atenção redobrada para as pessoas que não têm "vidas ativas".
"O maior risco é a desidratação, já que passamos muito tempo no sol e na folia. É fácil esquecer de se hidratar", alertou.
"A exaustão física também é um problema recorrente, já que não estamos preparados fisicamente para passar tanto tempo subindo e descendo ladeira ou andando atrás dos blocos carnavalescos. Essa exaustão pode levar a dores e desconforto físico para condições pré-existentes como problemas cardíacos", completou.
O Diario de Pernambuco também conversou com a fisioterapeuta Karla Gonçalves, especialista em alterações articulares, para saber dos riscos e como evitar dores e lesões durante a folia.
Karla alerta para os riscos que a folia pode provocar, especialmente no caso das pessoas menos ativas no dia-a-dia.
De acordo com a fisioterapeuta, pessoas sedentárias tendem a sentir cansaço muscular mais rápido durante a folia, devido ao desequilíbrio muscular, que favorece a fadiga. O esforço intenso pode aumentar o estresse nos tecidos e, assim, em alguns casos, levar a lesões.
"Um indivíduo que não tem o hábito de se movimentar ao longo da vida e que tem uma rotina mais sedentária pode apresentar uma predisposição maior a sentir algum desconforto. Isso acontece tanto pela resistência física, como pela falta de habilidades que o corpo possui pela falta de vivência em outros movimentos", explica Karla.
Segundo a especialista, as áreas do corpo que mais são exigidas durante a folia são as que dão sustentação ao corpo.
"Normalmente, as estruturas que podem sofrer mais são a região lombar, pélvica (sacroilíaca), joelhos e pés, pois estão sustentando o peso do nosso corpo nos mantendo de pé durante os longos períodos da festa", afirma.
Cuidados durante a folia
Tanto para Diógenes quanto para Karla, a recomendação mais importante é o cuidado com a hidratação.
"Além de aliviar o calor, a hidratação irá auxiliar na recuperação das cartilagens, tendões, ligamentos e músculos. Estes tecidos são compostos quase que 70% de água, e durante estes eventos, com as altas temperaturas, uso de bebidas alcoólicas, tendem a levar o corpo a desidratação mais rapidamente. Como os músculos e articulações não são estruturas vitais, elas ficam mais vulneráveis pela ausência de líquido", afirmou Karla.
"O folião deve sempre se manter hidratado. A perda de água e sais minerais essenciais, como sódio e potássio, através da transpiração é intensa e constante e esses sais são importantes para o funcionamento do corpo e dos músculos", recomenda Diógenes.
O personal ressaltou, também, sobre a importância de alongamentos antes de curtir o carnaval.
"Antes de cada dia de folia, lembrar de realizar alongamentos dinâmicos, como balanços de pernas e braços, que melhoram a mobilidade", orientou.
Karla, por outro lado, também chama atenção para o sono.
"Outro cuidado de extrema importância é dormir bem, o sono tem grande influência na nossa percepção de dor, podendo tornar mais intensa a sensação, até mesmo em situações em que não houve lesões", diz.
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