O Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (Crempe) informou, nesta quinta-feira (16), que instaurou uma sindicância, junto à autarquia, para investigar o caso da menina Bruna Brito, que faleceu na Unimed Recife no dia 13 de dezembro de 2024.
A iniciativa tem o objetivo de apurar a autoria e a materialidade de uma possível infração ao Código de Ética Médica. Os procedimentos serão realizados em sigilo, a fim de não comprometer as investigações.
Em entrevista à TV Globo, a vice-presidente do Cremepe, Claudia Beatriz Andrade, explicou como funciona o processo: "Na primeira fase, realiza-se a sindicância. Após apurar esse primeiro momento e observar qualquer tipo de suposta infração ao Código de Ética Médica, por um, dois ou até três profissionais, ou nenhum, segue-se então para o segundo momento, que é o processo ético-profissional. Nessa fase, algumas pessoas citadas no caso precisam dar esclarecimentos adicionais."
"E, de acordo com uma câmara de julgamento composta por no mínimo 12 pessoas, o presidente da sessão toma decisões conforme o Código de Processo Ético Profissional, verificando se houve infração a algum artigo e qual foi esse artigo. Dentro desse contexto, são previstas medidas que podem variar desde a advertência, suspensão até a cassação do registro profissional. Basicamente, essa é a gradação prevista dentro do processo ético-profissional.", acrescentou a presidente.
Entenda a denúncia
De acordo com os pais de Bruna Brito, a criança morreu no hospital após dar entrada com sintomas de amigdalite e passar por uma série de procedimentos, incluindo exames de tomografia e intubação.
A mãe da menina, a empresária Gabriela Brito, afirma ter ouvido um barulho vindo do quarto onde a criança estava e acredita que a filha dela tenha sido derrubada do leito pela equipe médica.
Após isso, uma enfermeira teria saído com a roupa cheia de sangue afirmando que Bruna havia se extubado, ou seja, teria retirado sozinha o tubo colocado pela equipe médica. Os pais da criança não acreditaram na versão relatada.
Além disso, horas antes, a criança teria recebido muito sedativo para realizar um exame.
Ao retornar para a Unimed após a filha não ter apresentado sinais de melhora, Gabriela Brito foi informada de que a menina precisaria realizar uma tomografia com sedação.
Porém, ela estranhou a quantidade de sedativo colocado e disse que uma delas teria afirmado que “com essa dose cavalar de sedação” já estaria “em Nárnia há muito tempo”. Gabriela destacou na denúncia que o exame durou mais do que o tempo normal, que seria de 20 minutos.
Bruna foi levada para a Emergência Pediátrica de ambulância, onde os profissionais se surpreenderam ao verem a criança extubada. Com isso, a menina foi entubada e antes de ser levada para Unidade de Terapia Intensiva (UTI), uma enfermeira teria gritado e chamado uma médica e foi possível ouvir um vazamento de oxigênio.
Uma médica informou aos pais que Bruna havia morrido por hemorragia pulmonar, causa a qual a mãe não acreditou.
O que diz a Unimed Recife
Por meio de nota, a Unimed Recife afirmou que “lamenta profundamente a perda da paciente Bruna Brito Barbosa de Araujo, e se solidariza com a dor da família da criança”.
A unidade “esclarece que toda a assistência foi prestada pela equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, técnicos e demais profissionais, e que todos os procedimentos realizados durante o atendimento à paciente foram pautados nas melhores práticas de medicina baseadas em evidências”.
“A respeito do direcionamento ao SVO, esclarecemos que esta é a conduta legal prevista pela portaria Nº 1405/2006 do Ministério da Saúde do Brasil, que estabelece a Rede Nacional de Verificação de Óbito e Esclarecimento de Causa Mortis – SVO como órgão responsável pela avaliação de mortes por causas não violentas, que possui formulário de encaminhamento padrão, fornecido pela Secretaria Estadual de Saúde - SES”, destaca a Unimed.
Por fim, a nota pontua que a Unimed está repassando as informações solicitadas pelos pais da criança com transparência.
O que diz o Coren-PE
O Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) realizou uma fiscalização na Unimed Recife, nesta quinta-feira (16). Após a visita, os representantes do Coren-PE foram informados que um relatório está em fase de conclusão e que até o momento, o documento não aponta indícios de irregularidades praticadas pela equipe de enfermagem.
O que diz a Polícia Civil
A Polícia Civil de Pernambuco informou que instaurou inquérito para apurar o fato e que a investigação está sob coordenação da Delegacia de Polícia de Crimes contra Criança e Adolescente (DECCA/DPCA).
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