O primeiro trimestre de Pernambuco deve ser marcado por altas temperaturas e um esquema de abastecimento de água ainda mais rígido, uma vez que, dos 172 mananciais operados para o abastecimento humano no Estado, 54 captações estão em nível crítico ou de alerta. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (30) pela Secretaria de Recursos Hídricos e Saneamento de Pernambuco, Compesa, Apac e Secretaria Executiva de Proteção e Defesa Civil de Pernambuco.
Atualmente, 94 municípios estão em situação de emergência e boa parte deles teve o reconhecimento pela Portaria do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR). Hoje, 502.299 pessoas no estado são atentidas por caminhões-pipa.
De acordo com a Compesa, os municípios onde há situações mais alarmantes estão nas regiões do Agreste, Zona da Mata, Sertão e parte da Região Metropolitana do Recife (RMR).
No Grande Recife, os municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca foram os mais afetados por conta da situação de quase colapso das barragens Bita e Utinga, atualmente com 13% e 14% de acumulação respectivamente. Segundo a Apac, a barragem do Goitá, que também abastece a Região Metropolitana, já colapsou.
Além disso, 16 mananciais em nível crítico no Sertão, Agreste e Zona da Mata pernambucana já impactam o abastecimento de 14 municípios, são eles: Água Belas, Calçado, Chã Grande, Gravatá, Jurema, Lajedo, Saloá, Camutanga, Chã de Alegria, Ferreiros, Ribeirão, Timbaúba, Vicência e Santa Filomena.
Outros 38 mananciais nessas regiões e também na RMR estão em nível de alerta. Esses são responsáveis pelo atendimento de 48 municípios pernambucanos:
Agreste
Belém de Maria, Belo Jardim, Bezerros, Camocim de São Félix, Canhotinho, Capoeiras, Caruaru, Casinhas, Cumaru, Frei Miguelinho, Gravatá, Machados, Panelas, Paranatama, Passira, Poção, Riacho das Almas, Sairé, Salgadinho, Santa Maria do Cambucá, Surubim, Taquaritinga do Norte, Toritama e Vertentes.
Zonas da Mata
Bom Jardim, Escada, João Alfredo, Limoeiro, Macaparana, Machados, Nazaré da Mata, Orobó, Pombos, Sirinhaém e Vitória de Santo Antão.
Sertão
Afrânio, Dormentes, Santa Cruz e Santa Terezinha.
Região Metropolitana
Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Igarassu, Ipojuca, Moreno, Paulista e São Lourenço da Mata.
Agreste
Dentre os mananciais em situação crítica estão também as captações a fio d'água que são alimentadas pelos rios, a exemplo de Gravatá, que é abastecida por quatro mananciais.
De acordo com a Compesa, Amaraji, que é uma barragem de acumulação e está com 100% da capacidade, e outras três barragens de nível, que estão em colapso, mas são fundamentais para o Sistema de Abastecimento de Gravatá.
No Agreste, a situação é ainda mais sensível diante da seca severa (já considerada histórica) que abate a região. Os níveis das barragens da região vêm baixando de maneira significativa, fora dos padrões de anos anteriores.
Outra situação crítica ocorre no município de Águas Belas, também no Agreste. A cidade é atendida por uma pequena barragem de nível, a Barragem Lamarão. Assim como acontece todos os anos, sem chuva, o manancial chega ao seu nível mais crítico com tendência a colapsar nos próximos dias.
“A gente teve um inverno um pouco abaixo da média, o que prejudicou o abastecimento de água nos reservatórios. Os reservatórios saíram do período de chuva com um nível de criticidade grande. Então esse período mais seco veio agravar o que a gente não teve no período de chuva. O ideal é que a gente tenha um período chuvoso com mais chuvas e, consequentemente, reservatórios cheios, para que quando a gente chegue nesse período, que é mais seco, a gente tenha um conforto hídrico”, explica a presidente em exercício da Apac, Crystianne Rosal.
O Governo ainda vai instalar 20 novos poços em bacias sedimentares e instalar 600 poços em regiões de rochas cristalinas. Para isso, serão aplicados R$ 50 milhões e R$ 37,3 milhões, respectivamente. Pelo menos 325 mil pernambucanos devem ser alcançados.