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Em vias sem fiscalização, 34% dos motociclistas ultrapassam a velocidade permitida no Recife
Esse e outros dados foram divulgados durante o 3º Fórum Internacional de Fiscalização de Trânsito, nesta sexta (13)
Uma pesquisa apresentada, nesta sexta (13), aponta dados impressionantes do comportamento no trânsito no Recife.
Em locais onde não existe fiscalização de tráfego, 34% dos motociclistas excedem a velocidade permitida em via pública.
Esses dados foram divulgados durante o 3º Fórum Internacional de Fiscalização de Trânsito.
O evento ocorreu no Radisson Hotel, no Recife, e contou com a presença de especialistas nacionais e internacionais em segurança viária.
A ideia do evento é fortalecer as ações de segurança no trânsito;
A iniciativa é da Prefeitura do Recife, com o apoio da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS) e da Global Road Safety Partnership (GRSP).
O fórum abordou temas essenciais, como estratégias para uma fiscalização de trânsito eficaz, o papel da mídia na mudança de comportamento dos usuários e o impacto da infraestrutura no gerenciamento de velocidade.
O objetivo do encontro foi promover a troca de conhecimentos e experiências bem-sucedidas na integração das diversas áreas para contribuir com a redução de sinistros e mortes no trânsito.
Dados
No evento, foram divulgados dados da pesquisa observacional realizada pela Johns Hopkins University (EUA) no Recife.
O objetivo é analisar o comportamento dos condutores em relação ao excesso de velocidade.
A conclusão foi de que os motociclistas são os que mais excedem o limite. Entretanto, o índice de desrespeito diminuiu em 10%.
Entre 2020 e 2022, houve uma diminuição do desrespeito: na primeira rodada, 49% dos motociclistas andavam acima da velocidade permitida na via.
Esse número passou para 44% e, em seguida, para 31%.
Entretanto, a partir de 2022, os números subiram para 35%, 38% e, agora, com a última análise de 2024, voltaram a cair, com 34%.
Estrutura
Atualmente, o Recife conta com 202 faixas de rolamento monitoradas eletronicamente para infrações de risco, como excesso de velocidade, avanço de semáforo e parada sobre a faixa de pedestres.
Esse número está em expansão a partir da análise de vias com grandes números de sinistros de trânsito.
"A fiscalização é um dos pilares da gestão de trânsito do Recife. Em especial, a fiscalização eletrônica que promove, de maneira transparente e eficaz, uma mudança de comportamento para que os condutores desenvolvam velocidades adequadas nas ruas. O índice de respeito é superior a 98% quando há fiscalização de velocidade e, por isso, escolhemos as vias com maiores índices de sinistros de trânsito para instalar os equipamentos, como é o caso da Avenida Norte, Agamenon Magalhães e Avenida Recife", destaca a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
Comparativos
A pesquisa também monitorou outras cidades e concluiu que este é um problema em diversas localidades da América Latina. Em Bogotá, na Colômbia, o desrespeito foi de 42%; em Córdoba, na Argentina, o índice foi de 47%; já em Guayaquil, no Equador, o excesso de velocidade entre motociclistas foi de 48%.
Os maiores índices de desrespeito ao limite de velocidade foram encontrados em Guadalajara, no México, com 49%, e em Cali, na Colômbia, com 52%.
"As ações que consideramos mais eficazes para reduzir o excesso de velocidade são uma abordagem sistêmica e multissetorial. Existe um tripé formado pela comunicação e educação, pela fiscalização e pelas intervenções de engenharia. Sabemos que o design da via pode influenciar o comportamento do usuário e induzi-lo a reduzir a velocidade. A fiscalização é extremamente eficaz para podermos reduzir a velocidade, e a comunicação é fundamental para que os usuários entendam as consequências de exceder a velocidade, principalmente em ambientes urbanos, que apresentam usuários vulneráveis", destaca o professor Flávio Cunto, da Universidade Federal do Ceará, coordenador da pesquisa no Recife.
Mortalidade
O perfil das vítimas fatais de trânsito no Recife é de 80% homens, 48% entre 20 e 39 anos e 48% motociclistas, sendo 42% dessas mortes provocadas no período da noite e madrugada, apesar do menor fluxo de veículos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 90% dos condutores pensam que têm destreza acima da média e, por isso, acreditam que podem dirigir acima do limite de velocidade e não se colocarem em risco.
Entretanto, a velocidade do veículo afeta diretamente a distância de que o condutor conseguirá frear. Se um veículo viaja a 80 km/h em uma estrada seca, por exemplo, são necessários cerca de 22 metros para reagir a um evento. Além disso, mais 57 metros até parar o veículo. Dessa forma, o motorista, provavelmente, mataria uma criança se a atropelasse na condução a 70 km/h. Velocidades mais altas também reduzem o campo visual e a visão periférica do motorista.
A 50 km/h, o condutor tem um campo de visão que cobre menos da metade do que a 30 km/h, por isso, quanto maior a velocidade, menor a capacidade do condutor de detectar um perigo potencial na estrada.