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Primeiro dia da festa do Morro marca reencontro com vítima da tragédia: "Se tive a chance de estar viva, é meu dever seguir em frente e ficar firme"

O Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, celebra 120 anos de devoção e fé

Começou nesta quinta-feira (28), 90 dias após a tragédia que destruiu o Santuário do Morro da Conceição, a festa que celebra 120 anos de devoção e fé. O primeiro dia do evento foi marcado por emoções intensas, com a presença de fiéis e de uma das vítimas do acidente que deixou marcas profundas na comunidade religiosa. 

Danúbia da Silva, moradora do bairro, sofreu escoriações durante a queda do teto no dia 30 de agosto e retornou ao local para cumprir sua tradição anual: trabalhar na festa para sustentar a família. 

“É um pouco estranho estar aqui, mas estou viva, bem e fazendo o que sempre fiz desde criança, que é trabalhar. Acordei cedo e estou aqui vendendo água, velas e calendários para os religiosos. Eu penso que, se tive a chance de estar viva, é meu dever seguir em frente e ficar firme. Acredito que o que me salvou foi a energia desse lugar, muito especial”, contou Danúbia, emocionada.  

O acidente deixou 21 pessoas feridas e duas mortas: Antônio José dos Santos, de 54 anos, e Maria da Conceição França Pinto, de 68. Ainda assim, o evento deste ano é visto como um símbolo de resiliência e fé. Danúbia relembrou os momentos de terror: 


Para os organizadores e devotos, a festa é uma oportunidade de reafirmar a esperança e os laços da comunidade. A celebração, que acontece até o dia 8 de dezembro, no Santuário do Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, ganhou um peso ainda maior este ano. 

Maria de Pompeia, de 70 anos, voluntária da igreja há uma década, destacou a força da fé coletiva: 


A fé se traduz também em ações concretas, como as iniciativas dos voluntários. Cauã Vinícius, de 18 anos, seminarista, ressaltou a importância do trabalho para a continuidade do evento: 


A irmã Maria Graça Menner, que trabalha há mais de 25 anos no Morro, reforçou o papel da fé no enfrentamento da tragédia: 

“Nosso objetivo é amar e fazer amar, conhecer e fazer conhecer Nossa Senhora sob o título do divino amor. As ações religiosas estão sendo sentidas. O povo está participando com doações, de dinheiro, comida e materiais. Perdemos duas pessoas, infelizmente, mas, se não fosse o poder da religiosidade, a tragédia poderia ter sido muito pior. Com certeza, a fé das pessoas ajudou”. 

Histórias de devoção 

Entre os milhares de fiéis que participam da celebração, muitas histórias de superação e promessas cumpridas ganham destaque. Raquel Almeida, de 74 anos, moradora do bairro do Arruda, compartilhou sua experiência de fé: 

Vera Lúcia devota de Nossa Senhora da Conceição

Vera Lúcia, de 70 anos, veio agradecer pela saúde da filha que terminou recentemente um tratamento oncológico. 

“Nossa Senhora esteve com a gente o tempo todo. Pedi para melhorar da minha artrose e poder acompanhar minha filha, e ela realizou meu pedido. Nossa Senhora nos acolhe como uma mãe. Todo ano eu subo essas escadas, e, se ela permitir, estarei aqui no próximo, agradecendo pela cura total”.   

A festa do Morro da Conceição, com suas missas, novenas, procissões e eventos culturais, reafirma, a cada ano, a força da fé e o poder transformador da devoção. Este ano, mais do que nunca, ela se tornou um símbolo de renovação para todos que sobem ao santuário em busca de paz, esperança e gratidão.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco