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Devoção à Menina Sem Nome segue firme após 54 anos
Túmulo da criança assassinada em 1970 é um dos mais visitados do Cemitério de Santo Amaro

Todo Dia de Finados, a aposentada Cícera da Costa, 69 anos, tem um compromisso ao qual não pode faltar. Vai ao Cemitério de Santo Amaro, no Centro do Recife, por dois motivos: homenagear o filho, assassinado, e reverenciar a Menina Sem Nome, consagrada santa pelas centenas de devotos que atraiu desde sua violenta morte, no ano de 1970.
"A conheci aqui há 17 anos, quando perdi meu filho. Eu fiquei sem chão, mas Jesus e ela, a Menina Sem Nome, me deram muita força. Não deixo de vir", diz a idosa ao lado do túmulo rosa da criança, enfeitado com bonecas, imagens religiosas e doces.
À menina, enterrada como indigente por nunca ter sido procurada pela família, Cícera atribui graças como a melhora de um problema de saúde, o telefonema de um filho que não dava notícias há três semanas e um dinheiro para fazer um exame.
"Eu estou aqui até papai do céu me levar porque o que eu peço a Deus e a ela eu alcanço", diz.
A devoção
O culto à Menina Sem Nome começou pouco tempo após seu sepultamento, em 3 de julho de 1971, 11 dias após o corpo ter sido encontrado na praia do Pina, Zona Sul do Recife, trajando apenas uma calça e com as mãos e pescoço amarrados com corda. O mecânico Geraldo Magno, de 22 anos, foi preso como autor do crime.
Na edição de 14 de dezembro de 1972, o Diario de Pernambuco registrou que a menina estava sendo "procurada por grande número de pessoas, todas confiantes em seu poder celestial e na certeza de encontrar uma solução acertada para seus problemas."