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Rainhas das Armas: esquema de venda ilegal armamento e munições envolvia dona de centro de bronzeamento, guardas municipais e PMs
Ao todo, 21 pessoas foram presas na operação realizada no Grande Recife e em São Paulo
Um esquma de venda ilegal de armas de fogo para facções criminosas que atuam em Pernambuco foi desarticulado pela Polícia Civil, onde a atuação da célula criminosa envolvia a proprietária de um centro de bronzeamento artificial, guardas municipais do Recife e policiais militares.
Além disso, a quadrilha também é apontada pelo comércio de tráfico de drogas interestadual, que interligam a venda de cocaína oriunda de São Paulo à Pernambuco.
Esse é o resultado da Operação “Rainha das Armas”, deflagrada na terça (24). Os detalhes da ação de repressão qualificada da polícia foram divulgados nesta quarta (24), em entrevista coletiva à Imprensa, na sede da Polícia Civil, no bairro da Boa Vista, na área Central do Recife.
Ao todo, foram presas 21 pessoas, sendo 17 em Pernambuco e quatro em São Paulo (SP).
Foram cumpridos 15 mandados de prisão preventivas, quatro em flagrante e autuadas duas pessoas que durante o curso das investigações..
Entre os capturados estão a dona do centro de bronzeamento, que liderava a quadrilha e inspirou o batismo da operação, a "Rainha das Armas".
Também foram presos três guardas municipais da capital pernambucana, um homem que já tinha passagem pelo sistema carcerário, que é o marido da líder do grupo criminoso.
Contra os PMs pesam suspeitas de envolvimento no esquema, mas não houve prisões até agora.
Ao todo, com a deflagração da operação, a polícia apreendeu 20 armas de fogo e centenas de milhares de munições.
Foram bloqueados R$ 2 milhões em bens da quadrilha, além do bloqueio de quatro imóveis, localizados em Tamandaré, no Litoral Sul do Estado, um veículo e relógios de luxo.
"Só com um dos investigados, foram apreendidas mais de 52 mil munições", afirmou o delegado Álvaro Grako, da Delegacia de Roubos e Furtos (DPRF), um dos responsáveis pela investigação.
Os suspeitos atuavam no Grande Recife e tinham envolvimento também com tráfico de drogas.
Os entorpecentes vinham de São Paulo. O esquema usava traficantes "mulas" para trazer cocaína para Pernambuco.
Inclusive, durante a deflagração da operação, quatro mulheres foram presas por transportar as drogas, sendo três nas cidades paulistas de São Paulo e Santo André, e uma outra no Terminal Integrado Rodoviário do Recife (TIP), no bairro do Curado, na Zona Oeste da capital.
O esquema pagava as passagens de avião na ida, e de ônibus, na volta, sempre de noite, para evitar blitze nas estradas federais.
O delegado responsável pelas investigações, Álvaro Grako, detalhou como funcionava a compra e venda das armas.
“Uma parte era feito de forma legal, e outra de forma ilegal. Eles (líderes da quadrilha) captavam pessoas, ou guardas municipais, ou policiais militares, que tinham uma certa facilidade no processo de aquisição das armas, junto à Polícia Federal e ao Exército Brasileiro. Essas pessoas serviam de laranjas para aquisição dessas armas e munições. As armas eram compradas e levadas até a quadrilha, que por sua vez, onde faziam a supressão da numeração da arma e posteriormente vendiam ao crime organizado. E, quando essas armas foram apreendidas em operações policiais, as pessoas que serviam como laranjas, posteriormente a apreensão, se dirigiam a uma delegacia e prestavam um boletim de ocorrência falso por roubo e furto numa forma de esquentar a situação e não pudessem ser responsabilizados”, explicou o investigador.
Como foi a prisão da Rainha das Armas
Segundo o delegado Álvaro Grako, a prisão do casal suspeito de liderar a quadrilha foi feita na casa onde eles residiam, no bairro do Barro, na Zona Oeste do Recife.
O investigador contou que o imóvel é fortemente cercado por câmeras e grades e, que, no momento da prisão, a mulher apontada como líder da quadrilha, estava de posse de 1.3 quilos de cocaína.
“Encontramos os dois na casa. Ele já tem passagem pela polícia e usa tornozeleira eletrônica. Já havia sido preso em 2020 com a posse de 10 armas de fogo. No momento em que chegamos ao imóvel e anunciamos a prisão, ela jogou no telhado da casa uma sacola que tinha 1,3 quilos de cocaína. Ela, no momento da prisão, ficou surpresa, pois acreditava que não seria presa mesmo chefiando toda a quadrilha”, comentou o investigador.
Ainda de acordo com o delegado, a mulher tem um perfil frio e calculista.
“Ela é uma pessoa fria, calculista e articulada. É natural de São Paulo e já havia sido presa por estelionato. Veio para cá (Pernambuco) e se relacionou com um presidiário. Os dois lideravam a quadrilha. Ela era dona de uma casa de bronzeamento, mas tinha como principal atividade a prática de crimes”, destacou Grako.
O que diz as autoridades
A reportagem do Diario de Pernambuco procurou a PM para saber se a corporação iria se pronunciar sobre a suspeita de envolvimento de policiais militares no esquema criminosa.
No entanto, até a última atualização desta matéria, a PM não quis se posicionar.
Já a Prefeitura do Recife (PCR), por meio de nota, informou que: "A Prefeitura do Recife informa que os três guardas municipais foram afastados temporariamente das funções na Guarda Municipal Civil do Recife (GMCR) até que as investigações da Polícia Civil sejam concluídas. A Corregedoria da GMCR também vai abrir procedimentos administrativos disciplinares contra os suspeitos para apurar suas participações na Operação deflagrada pela PCPE. Durante o período em que os servidores estiverem presos deverão ser cortadas as eventuais gratificações e benefícios inerentes ao cargo. Ao final, após o devido processo legal, confirmado o desvio de conduta dos agentes envolvidos eles serão demitidos".