Indicadores de cinco tipos de crimes apontam aumento de violência no estado

A violência em Pernambuco cresceu em todos os indicadores em novembro de 2023. 

 

É o que apontam as estatísticas oficiais do Governo do Estado.

Os dados da criminalidade foram divulgados oficialmente, nesta sexta (15), no site da Secretaria de Defesa Social (SDS). 

Segundo as estatísticas, novembro deste ano fechou com 291 pessoas assassinadas.

Houve um aumento de 6,5% em comparação com outubro, quando houve 273 casos registrados. 

Se for comparado com novembro de 2022, o aumento foi de 4,6%, quando houve 278 ocorrências.

As estatísticas também revelam que houve aumento de assassinatos em todas as regiões do Estado, em novembro.

Na Região Metropolitana do Recife (RMR), foram registrados 109 casos, tendo um aumento de 15,95%, na  comparação com outubro, quando foram contabilizadas 94 ocorrências. 

Na capital pernambucana, foram registrados 45 casos. O aumento foi de 4,6% se comparada com o mês de outubro, quando foram contabilizadas 43 ocorrências.

No interior do Estado aconteceram 137 mortes violentas, tendo um aumento de 0,73% se comparado com o mês anterior, quando houve 136 registros. 

Os números revelam que o Estado tem uma média de nove assassinatos por dia,  compreendidos 334 dias. ao longo de 2023.

 

Entre janeiro e novembro, foram notificados, ao todo,  3.287 homicídios.  

Na comparação entre janeiro e novembro de 2022, o aumento foi de 5,5% no número de assassinatos. 

 

No mesmo período do ano passado, aconteceram 3.114 crimes desse tipo. 

Os feminicídios (quando a vítima é morta por questão de gênero) também tiveram aumento no índice de casos este ano.

 

Segundo os dados, de janeiro a novembro foram contabilizados 69 casos. 

Se comparado com o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 6,1%, quando foram contabilizadas 65 ocorrências. 

Segundo a SDS, em todo o ano de 2022, foram registrados 72 casos. 

Em entrevista ao Diario, Izabel Santos, coordenadora-geral do Centro de Mulheres do Cabo, um dos movimentos sociais mais atuante no ativismo do feminismo em Pernambuco, destacou que o machismo patriarcado é o que motiva o desejo possessivo dos homens que acabam assassinando suas companheiras por não aceitarem fim de relacionamento e resultam em feminicídios.  

“Há muitas  questões que envolvem o aumento.   A principal delas é a manifestação de desigualdades entre mulheres e as questões de gênero.  As mulheres estão morrendo pelo simples fato de serem mulheres. Estamos numa sociedade machista, patriarcal e misógina em que os homens são criados acreditando que são donos de tudo, inclusive das pessoas e não aceitam o fim de relacionamento. E por conta do machismo eles vão lá e matam”, enfatizou Izabel.Santos.

 

Ainda segundo ela, o Governo do Estado e municípios falham na ausência de políticas públicas para o acolhimento e prevenção da violência contra a mulher. 

“Outra questão importante é a ausência de políticas públicas. O Estado têm sido muito falho na questão do enfrentamento da violência contra a mulher. A gente tem um Estado com 184 municípios e poucos têm equipamentos e organismos de combate a violência contra as mulheres. Alguns têm secretarias, coordenadorias e diretorias, mas não existe capacidade para que os organismos executem uma política pública que atenda de forma direta essas mulheres. Faltam recursos e investimentos. Temos apenas 15 delegacias da mulher para o Estado todo, sendo destas, apenas da Região Metropolitana funcionam 24 horas. Além disso, temos somente quatro casas de abrigamento. Isso é muito pouco diante de tantos casos registrados”, reclamou a ativista.

Ela  acrescenta que a entidade contabilizou 12 casos de assassinatos de mulheres no Cabo de Santo Agostinho, no entanto, segundo ela, a polícia investigou e concluiu que apenas quatro casos foram registrados como feminicídio. 

De acordo com os dados da SDS, em novembro foram contabilizados 217 casos. 

 

O aumento foi de 0,93% se comparado com o mês anterior, quando foram contabilizadas 215 ocorrências. 

De janeiro a novembro, foram registrados 2.530 crimes de violência sexual. 

Segundo as estatísticas da SDS, de janeiro a novembro foram contabilizados 47.125 casos de violência doméstica no Estado. 

 

O número já superou os 12 meses de 2022, quando foram registradas 43.752 ocorrências, um aumento de 7,7% no comparativo com os dois períodos. 

Os chamados Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVP) também tiveram aumento no estado. 

 

Foram registradas, no mês de novembro, 3.718 ocorrências.

 

Se comparado com o mês anterior, o aumento foi de 16,9%, quando foram registrados 3.180 casos. 

Nos 11 meses do ano, já foram registradas 41.811 ocorrências. 

 

Já nos 12 meses de 2022, o número de casos foi de 50.892. 

Em meio ao aumento nos índices de violência, o Governo do Estado lançou no dia 27 de novembro, com atraso de três meses, do plano

“Juntos Pela Segurança”, que pretende, de acordo com o Poder Executivo Estadual, reduzir em 30% o número de Mortes Violentas Intencionais (MVIs) até 2026.

Além dos assassinatos, o Poder Executivo promete reduzir em 30% os índices de Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVP), que consistem em roubos e furtos, além de crimes violentos contra a Mulher, até 2026.

 

Para garantir o custeio e realizar o plano, o governo de Pernambuco já havia antecipado mais de R,3 bilhão em investimentos voltados para a segurança pública. 

 

Isso significa uma redução anual média de 10%. Para fazer uma comparação, o Pacto Pela Vida  (PPV) desenvolvido pelo governo anterior, tinha como meta redução anual de 12%. Esse índice, no entanto, só foi conquistado três vezes em 16 anos.

 

Na solenidade, o estado também informou que vai comprar equipamentos para reforçar as ações de combate ao crime.

 

De acordo com o Poder Executivo, serão adquiridas 15 mil pistolas, 500 pistolas elétricas, 800 submetralhadoras e 800 fuzis. 

 

Ainda de acordo com a gestão de Raquel Lyra (PSDB), estão previstos investimentos de R$ 7 milhões na aquisição de armamentos menos letais.

Outra meta é fazer a contratação dos 4.019 aprovados nos concursos para as forças de segurança, que reforçaram as Polícias Militar e Civil, além de bombeiros militares. 

Na área prisional, a ideia é a criação de uma secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização que tenha mais autonomia e rapidez, fortalecimento do corpo técnico e assim garantir a continuidade das ações de ressocialização. 

''A gente naufragou em Pernambuco ao longo dos últimos anos, voltando ao mesmo patamar de violência e de morte violenta que havia no estado em 2012. Ao chegar, a gente busca chegar pelo menos o indicador de 30 mortes por 100 mil habitantes, que ainda é acima dos indicadores da ONU, mas é o melhor número que Pernambuco já teve desde 1985'', declarou a governadora Raquel Lyra (PSDB).