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Aluno cego enfrenta câncer e é alfabetizado na escola instalada no GAC-PE

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Natural de Carnaubeira da Penha, município do Sertão pernambucano, Jefferson Luan, de 7 anos, perdeu a visão quando tinha apenas 1 ano e 7 meses de vida, devido a um retinoblastoma bilateral (tumor ocular). Após passar 5 anos livre do tratamento, em maio de 2022, a família da criança recebeu outra dura notícia: Jefferson, agora com 7 anos, estava com um osteossarcoma (tumor ósseo) na perna esquerda. Já em estado avançado, a única alternativa encontrada pelos médicos foi a amputação do membro inferior do garotinho. 
 
O paciente, assistido pelo Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer de Pernambuco, (GAC-PE) perdeu a visão dos dois olhos e teve a perna esquerda amputada em decorrência  do câncer. As adversidades não impediram o garoto de ir em busca do seu sonho: aprender a ler. Jefferson está sendo alfabetizado na Classe Hospitalar Semear, unidade de ensino em parceria com a Prefeitura do Recife , instalada no GAC-PE, no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC).
 
O aluno está aprendendo a ler em braile e encontrando na sala de aula, um novo jeito de redescobrir o mundo. “Aqui ele está tendo a oportunidade de continuar os estudos e a cada aula, eu noto que meu filho se envolve mais. Isso vem diminuindo o estresse dele aqui dentro”, afirma Jacilene Neri, mãe do paciente. Ela deixou o marido e dois filhos pequenos - João Lucas, de 5 anos, e Jéssica Laura, de 2 anos - para acompanhar o tratamento de Jefferson, no Recife.
 
Silene Cabral é professora da Classe Hospitalar Semear e desde 2018 educa crianças em tratamento oncológico, como Jefferson Luan. “Assim que eu comecei a fazer o trabalho, ele estava muito triste, calado, isolado e se comunicava muito pouco. À medida que fui aplicando as aulas, ele passou a interagir mais com a equipe médica e com as outras crianças”, conta. 
 
Embora esteja matriculado em uma escola na sua cidade natal, a falta de estrutura e capacitação dos professores para educar crianças com deficiência, é um fator que dificulta o desempenho do garoto na sala de aula. “Jefferson, teoricamente, é um estudante de 2º ano, mas ele não está desenvolvendo necessariamente esses conteúdos. O trabalho que vem sendo desenvolvido é mais de iniciação”, acrescenta a professora.
 
Segundo a médica oncologista e presidente do GAC-PE, Vera Morais, trazer a escola para o ambiente hospitalar é mais uma forma de humanizar o tratamento. “Quando oferecemos aos pacientes essa oportunidade, percebemos que a leitura que fazem é que existe uma esperança para a cura de sua doença. A educação renova as esperanças e auxilia na recuperação das crianças”, revela.