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Morre, aos 78 anos, Anatailde Crêspo, nome importante dos direitos humanos no Brasil
Anatailde de Paula Crêspo faleceu na noite de ontem (16), aos 78 anos, devido a complicações pulmonares. A socióloga, pedagoga e socialista era filha de Alexina Crêspo e Francisco Julião, fundador e líder político do movimento das Ligas Camponesas, e deixa como legado, assim como os pais, uma luta a favor da liberdade, dos direitos humanos e da democracia.
Aos 10 anos, Anatailde se viu em exílio político, em Cuba, por conta do golpe civil-militar que ocorria no Brasil. No país em que se encontrava, conviveu com grandes nomes políticos como Fidel Castro, com quem tinha proximidade, e Che Guevara. Foi em Cuba que Anatailde construiu sua vida profissional, onde se formou em Ciências Políticas na Universidade de Havana.
Em uma tentativa de voltar ao Brasil, em 1972, Anatailde viajou para o Chile para se encontrar com outros exilados vindos do Brasil, mas meses depois, já em 1973, ela foi capturada na entrada de sua casa em Santiago.
“Fui levada ao Estádio Nacional, a gente pensava que ia morrer, então procurei ser o mais digna possível, porque medo a gente tem. Quem disser que não tem medo está mentindo. O medo é um sentimento humano, mas o importante é não permitir que ele se transforme em covardia.”, compartilhou Anatailde em entrevista concedida à Rádio Camará em 2021.
Em certo momento ela foi para a Suécia, onde continuou sua luta pela democracia. No país europeu, Anatailde se formou em sua segunda graduação, pedagogia, na Universidade de Lund e se aproximou do partido Social-democrata sueco. Continuando com sua carreira política, em 1979 participou da criação do PDT, em Lisboa, juntamente a outras lideranças brasileiras que haviam sido exiladas.
Mesmo fora do país por muitos anos, Anatailde fazia questão que o português fosse falado com frequência dentro de casa.
Após a Lei da Anistia, em 28 de agosto de 1979, o Brasil teve sua reabertura democrática, possibilitando o retorno de Anatailde Crêspo e sua família à Pernambuco. Novamente em sua terra natal, ela tornou-se diretora do Departamento de Tecnologia e Informação da Fundação Joaquim Nabuco e foi co-fundadora do Movimento Infantojuvenil de Reivindicação.
Anatailde de Paula Crêspo será velada no sábado (18), a partir das 8h e cremada às 11h, no cemitério Morada da Paz, Paulista.