Vida Urbana

Herói pernambucano é homenageado 37 anos após salvar o Recife de uma catástrofe


Na manhã desta quinta-feira (12), em frente ao Terminal Marítimo do Recife, a marinha brasileira em parceria com a praticagem brasileira, o Porto do Recife e a Prefeitura do Recife prestou uma homenagem a Nelcy da Silva Campos, prático da barra que 37 anos atrás impediu que o Recife Antigo fosse atingido por uma tragédia semelhante à explosão em Beirute, no Líbano, em 2020.

Na madrugada de 12 de maio do ano 1985, o bairro do Recife estava prestes a se tornar palco de uma tragédia. Naquela noite, o navio petroleiro Jatobá, carregado de gás butano pegou fogo. Próximos à embarcação haviam outros dois navios também carregados com gases inflamáveis, o Barão de Rio Branco e o Poweenagrata. O fogo se alastrou rapidamente e logo era possível ver chamas com 20 metros de altura.  

Além do incêndio acontecendo no Porto do Recife, o perigo maior era que as chamas chegassem ao Parque de Tancagem do Brum, localizado a menos de 500 metros do Jatobá. O local era depósito de combustível das principais empresas que abasteciam Pernambuco. De acordo com os técnicos da época, uma explosão seria catastrófica, destruindo tudo num raio de cinco quilômetros, incluindo os bairros do Recife, Santo Antônio, Boa Vista, Brasília Teimosa e Pina.

Os bombeiros foram acionados por volta da 1h e 30 da madrugada. Inicialmente três oficiais de guarnição de resgate subiram no Jatobá para salvar um jovem, que estava desacordado. Enquanto isso, com a ajuda de uma bomba do próprio Porto do Recife, outros dez bombeiros tentavam conter as chamas. Pelo risco de explosão, o Bairro do Recife passou a ser evacuado.

Em meio a esse caos, o prático da barra Nelcy sugeriu que a melhor solução era rebocar o navio para longe do porto. Responsável pelo manuseio das embarcações, ele chamou para si mesmo a responsabilidade e o risco de deslocar o Jatobá, visto que o casco do navio poderia sucumbir ao fogo a qualquer momento.

Mas antes mesmo de deslocar o navio em chamas, coube ao prático afastar os outros dois navios, que também estavam carregados de produtos inflamáveis. “O navio Jatobá tinha mais de 1500 toneladas de gás de cozinha, e haviam outros dois navios também carregados de gás próximos ao Jatobá. No total eram mais de 4500 toneladas de gás que poderiam explodir e acabar não só com milhares de vidas, mas também com todo o patrimônio histórico e cultural do Recife”, disse Nelcy Filho, primogênito do herói.



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