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Estudante passará por nova cirurgia após acidente que deixou sequelas no rosto

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Após passar por cirurgia para a remoção de resquícios de vidro e de asfalto no rosto, em decorrência de um acidente de ônibus no trajeto Piauí-Salgueiro, a universitária Kedydja Borges vai passar por novo procedimento na região facial. Desta vez, a estudante de 20 anos vai receber enxertos de gordura na testa, no nariz e na sobrancelha, as três regiões mais afetadas com o acidente, no intuito de amenizar as cicatrizes no rosto. 

O procedimento vai acontecer dentro de um mês, no estado de São Paulo, local onde a jovem passou pela cirurgia de remoção do caco de vidro no nariz há cerca de um mês e que, segundo ela, dificultava sua respiração. “Já estou ansiosa para fazer os novos procedimentos cirúrgicos para me livrar dessas marcas no meu rosto”, disse. A estudante também aguarda o julgamento da liminar, previsto para acontecer na próxima semana, pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que a autorizou a fazer o tratamento cirúrgico para correção das cicatrizes no rosto.

Petição

De acordo com a assesoria da estudante, uma petição será encaminhada à Delegacia de Orocó, no Sertão de Pernambuco, solicitando a instauração de um inquérito policial, com o objetivo de apurar as causas do acidente e identificar possíveis culpados. 

Caso a solicitação não seja atendida, o presidente da OAB-RS e criminalista Ricardo Breier, que também está atuando na defesa da estudante, deve notificar formalmente a Corregedoria de Polícia de Pernambuco para que seja instaurado o inquérito policial e feitas as diligências. 
 
“Estranhamos que não tenha havido ocorrência policial, tampouco previsão de oitiva (depoimento) da vítima”, disse o criminalista.  Ele reforçou que a estudante tem o direito de ser assistida judicialmente no processo investigatório e que "aguarda que sejam adotadas as providências cabíveis para que se instaure o inquérito policial". De acordo com o criminalista, "isso é urgente para que as provas não se fragilizem e que o caso corra sérios riscos de prescrição". 

O advogado Eduardo Barbosa, que também atua na defesa da universitária, também encaminhou uma representação ao juiz da 1ª Vara Cível de Salgueiro, segundo ele em repúdio a "uma proposta encaminhada formalmente por um representante da seguradora Essor Seguros, que ofereceu R$ 10 mil a título indenizatório para a vítima". Ele acrescentou dizendo ter sido necessário recorrer à Justiça para que a empresa de transporte, a Viação Progresso, começasse a dar assistência à vítima, iniciando com acompanhando psicológico até os procedimentos cirúrgicos.

Apesar do quadro depressivo, em abril deste ano, a jovem ganhou o direito de ter um acompanhamento psiquiátrico. Em maio, conquistou na Justiça o direito de fazer as cirurgias reparatórias de nariz, sobrancelha e face. "Todas as despesas serão pagas pela empresa (Auto Viação Progresso S.A.), por decisão liminar do desembargador Antônio Fernando Araújo Martins. O desembargador Fernando Martins relatou o caso, cuja ação será julgada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco na próxima semana. Até o ingresso da ação, a empresa não havia prestado apoio algum à estudante", disse a assessoria, em nota.

No mês passado, a estudante voltou para Salgueiro, onde reside, depois de se submeter a sete horas de uma cirurgia de rinoplastia, correção de cicatriz e enxerto de gordura na face, numa clínica particular em São Paulo. A cirurgia ocorreu exatamente sete meses depois da madrugada do acidente que mudou a rotina da estudante. 

Acidente

No dia 16 de novembro de 2020, Kedydja voltava de uma viagem do município de Picos, no Piauí, onde nasceu, para Salgueiro, onde reside. A estudante, que cursa Engenharia de Produção na Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), decidiu deixar os pais na cidade natal para onde havia viajado para votar nas eleições municipais e retornar para Salgueiro dois dias antes do combinado com a família. 

Faltando menos de duas horas para chegar em casa, o ônibus capotou na estrada de Orobó, no Sertão pernambucano, e todos os passageiros sofreram ferimentos, inclusive Kedydja, que teve lesões graves. Ela contou que o cinto de segurança não a segurou do impacto e ela foi arrastada, caindo com o rosto no chão. “Fui jogada embaixo do ônibus e fui arrastada. Gritava de dor. Um desespero”, recorda. 

O acidente resultou no afundamento de face, perda de parte da pele da testa e de uma das sobrancelhas. Além disso, a jovem perdeu a cartilagem do nariz, dificultando a sua respiração e o campo de visão do olho direito.