° / °

Cuidados com o coração são essenciais durante isolamento gerado pela pandemia

Por

Foto: SBC/Divulgação
Dados apontam aumento de 15% nos casos de mortalidade intradomiciliar

Mais de 104,6 mil pessoas já morreram no país, apenas este ano, vítimas de doenças cardíacas. Os números que assustam fazem parte do levantamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), chamando também a atenção de que os brasileiros parecem ter se descuidado da saúde do coração durante a pandemia da Covid-19. Desde o último semestre de 2020, Pernambuco ocupa o segundo lugar no ranking nacional, com 19,5 mil de óbitos neste segmento, acendendo o alerta para a necessidade de cuidados. Com nova rotina, passando mais tempo em casa, grande parte dos indivíduos deixou de lado a prática de exercícios, passou a se alimentar mal e ampliou a ingestão de bebidas alcoólicas. A procura por um profissional médico para avaliar a saúde foi sendo deixada para trás, uma escolha que pode ser fatal.

O sinal vermelho é aceso em razão da população cardíaca figurar entre os pacientes que mais sofrem com complicações, quando são infectados pelo coronavírus. No entanto, para além da pandemia, os sintomas próprios das doenças do coração também trazem grave risco. É o que explica o cardiologista Marco Antônio Alves. “O medo de se contaminar acaba gerando nesses pacientes um receio acima da média, negligenciando a própria qualidade de vida. Mesmo apresentando sintomas preocupantes, deixam de buscar atendimento ou fazem isso quando o quadro já se agravou bastante”, afirma. Segundo ele, é possível perceber um aumento de 15% nos casos da chamada mortalidade intradomiciliar, que é quando o paciente morre antes de conseguir chegar ao hospital.

Conforme dados da Sociedade Pernambucana de Cardiologia, divulgados neste primeiro trimestre, as mortes por doenças cardiovasculares não especificadas, infartos e AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais) chegaram a aumentar em 71% apenas no Recife, durante esta fase de quarentena. “Qualquer sintomatologia não foi feita para ser guardada, mas sim compartilhada com um profissional médico, sendo vetada a ideia da automedicação. Ao apresentar sinais como dor no peito, falta de ar, suor excessivo, palidez ou, até mesmo, uma tontura ou dor de cabeça de maior proporção, o passo correto é buscar uma emergência”, afirma Alves, lembrando que a precaução é válida mesmo para quem não tenha ainda nenhum histórico de problema cardíaco.

O médico reforça que as unidades hospitalares possuem setores específicos voltados para receber pacientes cardiopatas, totalmente independentes das alas preparadas para o acolhimento de síndromes respiratórias, como a Covid-19. “Temos lutado contra esta ideia equivocada de que, ao procurar um hospital, o cidadão será contaminado indiscriminadamente com o vírus. Existem protocolos sanitários de bastante responsabilidade para isso. Deixar de buscar ajuda, no momento correto, pode representar um divisor entre permanecer vivo ou não”, destaca Marco Antônio, que recomenda, dentro do possível, para melhorar a saúde do coração, comer bem, atividades de relaxamento, convívio em família e amigos, boas noites de sono e redução do estresse. “Tudo que possa favorecer a uma vida mais saudável e feliz”, orienta.