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Os desafios dos ciclistas em um trânsito feito para carros

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Um grupo de cicloativistas saiu hoje pelas ruas do Recife para fazer uma parada simbólica nos principais órgãos públicos da capital pernambucana para lembrar o Dia do Ciclista. A data, 19 de agosto, é uma homenagem ao ciclista brasiliense Pedro Davison, atropelado em 2006. Com uma faixa para lembrar onde precisa de ciclovia, os ciclistas passaram pela Câmara de Vereadores, Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Prefeitura do Recife e Palácio do Campo das Princesas. Não foram recebidos. O ato foi para registrar o movimento de resistência. O maior recado, no entanto, foi para as ruas. O grupo pequeno incomodou os motoristas apressados, que buzinavam impacientes enquanto eles exibiam uma faixa na Avenida Norte.

“Foi só o tempo do sinal abrir. Eles não tiveram paciência de esperar 10 segundos. O guarda de trânsito chegou a dizer que o carro podia passar por cima de mim e que eu estava correndo risco de vida”, apontou Gaia Lourenço, coordenadora da Associação Metropolitana dos Ciclistas do Recife (Ameciclo). 

Segurança no trânsito e mais respeito dos motoristas são as principais bandeira dos cicloativistas e isso implica em mais ciclovias e ciclofaixas e campanhas de conscientização. “Esse é um dia de luta pelo direito de pedalar com segurança no trânsito sem medo de ser atropelado”, apontou o cicloativista Marcelo Melo, 31 anos.
 
O uso da bicicleta no trânsito reduz a poluição e os engarrafamentos. Mas não é fácil o motorista entender que uma bicicleta no trânsito significa um carro a menos. "Há uma intolerância e até agressividade dos motoristas o que deixa o trânsito bastante hostil para o ciclista”, apontou Gaia Lourenço. 

A bicicleta como modal de transporte e não apenas de lazer é uma força ainda pouco aproveitada, segundo a Ameciclo e parte disso é resultado das políticas públicas e da falta de hábito da população. Um levantamento feito pela Ameciclo e divulgado em 2018 aponta que parte dos deslocamentos feito por carro é para percursos de cerca de 10km. “É um percurso perfeitamente possível de se fazer de bicicleta, mas é preciso que as pessoas tenham segurança e elas ainda não se sentem seguras”, lembrou a coordenadora da Ameciclo.