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Ciclistas pedem por reestruturação e segurança nas ciclovias
A ciclovia traçada na Avenida Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, desaparece, sem grandes avisos, próximo a uma curva em um local de mão dupla. A estrutura só volta a aparecer no Pina e segue por toda a Avenida Boa Viagem. Para os que utilizam a bicicleta como o principal meio de locomoção, essa é uma zona que exige o dobro de cautela. “Eu sou padeiro, vou e volto do trabalho por essas ruas e não me sinto muito seguro. Disputamos espaço com carros e acidentes podem acontecer. Acredito que se houvesse algum meio de interligar as faixas, seria melhor para a população”, comenta Fábio José da Silva, morador do local.
Aqueles que usam o espaço para lazer também se queixam. “A área que separa os carros das bicicletas não é bem dividida, ficamos muito próximos. A curva ali da frente é perigosa, alguns carros não sabem que tem ciclovia, se um motorista vier mais rápido pode bater em alguém”, comenta o estudante Diego Nascimento. “Eu moro aqui desde pequeno, comigo nunca aconteceu nada, mas já soube de alguns acidentes. O poder público deveria pintar e completar essas ciclovias. Do jeito que estão são um perigo”, complementa Washington Richard, de 17 anos.
Estas são algumas das reclamações dos usuários desse meio de transporte no Recife, que também se queixam de locais esburacados, sujeira e até mesmo ciclovias que são conectadas com calçadas, fazendo com que bicicletas e pedestres disputem espaço. De acordo com o levantamento da Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo), feito em 2018, a maioria dos ciclistas da cidade (85%) são trabalhadores baixa renda e pelo menos 91% pedalam cinco dias na semana. Estima-se ainda que 40% destes sentem falta de estrutura cicloviária adequada e 47% se queixa de insegurança no trânsito.
No dia 19 agosto foi celebrado o Dia do Ciclista, data que homenageia o biólogo Pedro Davison, que morreu atropelado em 2006, aos 25 anos de idade, enquanto pedalava no Eixão Sul, em Brasília. Tomando o gancho, muito se foi debatido neste mês sobre a importância da implementação de ciclofaixas e ciclorotas na cidade. Na última semana, um requerimento assinado pelo vereador Luiz Eustáquio (PSB) foi dirigido como indicação à presidente da CTTU, Taciana Ferreira. Conforme proposta da Ameciclo, a sugestão é implementar de estruturas a partir do Plano Diretor Cicloviário para diversas áreas. Ao todo, o projeto prevê mais de 87 km de ciclovias.
“Foi uma discussão importante, todos entenderam a necessidade do projeto, principalmente durante a pandemia da Covid-19, onde precisamos desafogar os transportes públicos que enfrentam lotação. Essa também é uma forma de devolver a cidade para o povo. Recife está dominado pelos carros. Um trajeto como Centro/Brasília Teimosa é curto, mas perigoso por conta da concorrência com os veículos”, disse o vereador. “A CTTU ouviu o projeto e pediu um mês para realizar um estudo geral e checar a viabilidade do mesmo. Temos outra reunião marcada para o dia 25 de setembro.”
“A Ameciclo elaborou um plano emergencial, baseado no Plano Diretor Cicloviário, para implementação em 4 fases de estruturas nas principais vias da cidade e na transformação da ciclofaixa de lazer em estrutura permanente. Além disso, estamos fazendo pressão através da campanha #CicloviasEmergenciaisJa. Acreditamos que é urgente que haja ciclovias nas principais vias da cidade, como a Caxangá, a Abdias, a Av. Norte e a Av. Beberibe”, explica Vanessa Santana, coordenadora da associação. “Essas avenidas são de ligação pro centro, além de concentrar a maior parte dos ciclistas na cidade e ligar bolsões populacionais a seus empregos.”
A Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Recife mantém, desde 2013, a Ciclofaixa de Turismo e Lazer, montada apenas nos domingos e feriados nacionais. O projeto conta com três rotas que convergem no Marco Zero, passando por pontos turísticos da cidade. De acordo com a pasta, ao todo, ficam disponíveis 160 km aos ciclistas, porque as rotas montadas são conectadas com ciclofaixas e ciclovias já existentes implantadas pela CTTU, que estima 70 km de rede ciclável.
Para Vanessa Santana, a iniciativa não é o suficiente para desafogar a 15ª cidade mais engarrafada do mundo e a primeira do Brasil. “É uma boa opção que permite o incentivo ao uso da bicicleta como lazer, apenas. É necessário que em complemento, existam estruturas cicloviárias adequadas para aquelas pessoas que pedalam todos os dias e utilizam a bicicleta como meio de transporte. São essas estruturas que vão permitir o deslocamento seguro dessas pessoas em toda a RMR”, afirma. “A maioria da malha existente não dialoga com a proposta do Plano Diretor Cicloviário e mais se assemelham a retalhos que não se conectam de forma eficiente. Por isso, não promovem conexão entre vias principais e que ligam ao centro ou aos locais de maior necessidade dos ciclistas. Certamente não chegam nas periferias e se concentram principalmente em vias de baixa circulação. Também falta manutenção nas estruturas, especialmente balizadores que protejam os ciclistas de forma adequada e melhor entendimento de onde colocar ciclofaixas e ciclorrotas.”
A Emlurb se pronunciou sobre a questão através de nota. Confira:
A respeito da manutenção, a Emlurb explica que realiza os reparos na pavimentação das ciclovias por meio de vistorias ou ainda das demandas informadas pela população através do número 156 do órgão, a exemplo do reparo feito na ciclovia da Via Mangue. Caso haja alguma informação pontual sobre buracos na pavimentação de rota cicloviária, basta ligar para o 156.
A CTTU também enviou nota oficial para o Diario:
A Prefeitura do Recife informa que essa gestão foi a que mais implantou estruturas cicloviárias na história da cidade, aumentando de 24 km de ciclovias em 2013 para 140 km até o final de setembro, um crescimento de 480%. Somente durante a pandemia já foram implantados 24.1 km de rotas cicláveis, contemplando bairros como Parnamirim, Casa Amarela, Água Fria, Apipucos, Barbalho e Burity. A Prefeitura destaca ainda que já transformou parte das ciclofaixas de turismo e lazer em rotas permanentes, como, por exemplo, trechos na Avenida Mário Melo, Rua da Aurora e Rua Leopoldo Lins. Nessa gestão também foi implantado o sistema de compartilhamento de bicicletas Bike PE em várias regiões da cidade, além de iniciativas como o Trânsito Calmo, construção de mais de 130 quilômetros de calçadas, Passeio Rio Branco, revitalização completa da Conde da Boa Vista, intervenções para pedestres na Agamenon Magalães, mais travessias na Avenida Norte, iluminação de LED nas calçadas da cidade, entre outras.
No início do mês, nova ciclofaixa foi inaugurada na Zona Norte do Recife: a Ciclofaixa Rosarinho, com 2 km de extensão, combinada a uma área de trânsito calmo com uso de urbanismo tático. A entrega, feita na quarta-feira (19), como marco do Dia do Ciclista e a I Semana Estadual de Conscientização do Motorista aos Direitos do Ciclista e de Incentivo ao Ciclismo. Além da Ciclofaixa Rosarinho, outras cinco rotas cicláveis deverão ser entregues até o final do mês de setembro. Dessa forma, o Recife passará a contar com 140 km de malha cicloviária, o que representa um aumento de 480% desde 2013, quando havia 24 km. Apenas durante a pandemia da Covid-19, já foram implantados 24,1 km de ciclofaixas que se interligam umas às outras, de forma que os cidadãos têm cada vez mais opções de rotas seguras pela cidade. Em 2019, Recife foi eleita a 4ª capital com a rede cicloviária mais completa e acessível do Brasil pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP).
Na Zona Norte, a Ciclofaixa Rosarinho tem 2 km de extensão e faz conexão com as ciclofaixas Santos Dumont e Marquês de Abrantes. Saindo do Parque da Jaqueira, o equipamento passa pelas ruas Hoel Sette, Neto de Mendonça, Doutor José Maria, Simão Mendes, General Abreu e Lima, Couto Magalhães e Salvador de Sá.
Também na Zona Norte, será entregue, até o final de setembro, a segunda Etapa da Rota Othon Paraíso, que também fará conexão com o Eixo Cicloviário Camilo Simões, e a Ciclofaixa Correia de Brito, que fará conexão com a Rota Professor José dos Anjos. No centro da Cidade, a 4ª Etapa da Rota Boa Vista faz parte do Projeto Nova Conde da Boa Vista e terá conexão entre a Zona 30 da Ilha do Leite e a Avenida Conde da Boa Vista. Ao todo, já são 49,69 km interligados entre o Centro e a Zona Norte do Recife.
Já na Zona Sul, a Ciclofaixa Joana Bezerra fará conexão com a Zona 30 da Ilha do Leite e será importante para intermodalidade, já que vai passar pelos terminais de ônibus e de metrô. E na Zona Oeste, a Ciclofaixa Paris se conectará com as ciclofaixas Arquiteto Luiz Nunes e Antônio Falcão. Ela será importante para fazer a conexão entre a Zona Oeste e a Zona Sul, formando 51,85 km de rotas interligadas entre essas áreas.
RECONHECIMENTO - A atual gestão da PCR entregou à população mais de 100 km adicionais de malha cicloviária nos últimos anos, um crescimento sem precedentes, que contribui para o deslocamento seguro de quem opta por esse meio de transporte. Em 2019 a malha cicloviária de Recife foi considerada, em estudo realizado pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP-Brasil), como a quarta rede mais acessível à população dentre as 20 maiores cidades do país. O estudo mostra que mais de 24% da população da cidade consegue acessar uma rede cicloviária a menos de 300 m de sua residência. Isso é um marco importante da Política Pública voltada para a mobilidade Sustentável e para o incentivo a ciclomobilidade.