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Profissionais essenciais, garis reforçam cuidados contra o novo coronavírus
O Dia do Gari é comemorado neste sábado, 16 de maio. A data é comemorativa, mas de muito trabalho para os 2.281 garis que trabalham nas ruas do Recife, de acordo com a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana da capital (Emlurb). Segundo o órgão, até o momento não foram registradas infecções ou mortes pelo novo coronavírus. Mas a pandemia intensificou medidas de segurança e higiene na classe.
Gari desde 1998, Roberto Carlos, de 49 anos, teve que deixar de lado o costume de abraçar a esposa e o filho. “Faço parte de um trabalho essencial e importante. Então, quando chego em casa, vou direto para a parte de trás tirar a farda e colocar para lavar. Não posso mais abraçar esposa, filho. Tudo isso pela segurança deles. A saúde de nossa família é a saúde da gente”, conta ele, que mora no Jordão.
Todo dia Roberto está em alguma parte do Recife varrendo rua. “A sujeira diminuiu um pouco, porque não há muita gente na rua. Mas sempre tem lixo para limpar e temos que fazer o nosso trabalho”, discorre. Com a chegada da pandemia, ele tem percebido grandes quantidades de máscaras descartadas pelo caminho. “Normalmente, jogada na rua ou em boca de lobo. E isso é uma falta de consciência absurda da população, porque tem o risco de infectar a gente”, alerta.
“Não custa nada colocar a máscara em um saco plástico, assim como descartar materiais perfurantes de forma separada. Estamos nas ruas para manter a cidade organizada. A população tem que fazer sua parte”, acrescenta. E se a falta de consciência incomoda, a boa educação alegra. “O melhor momento do trabalho é quando a gente termina de varrer uma rua, olha para trás, e vê as pessoas jogando lixo na lixeira, sem sujar o que a gente limpa com tanta dedicação”, afirma.
Roberto está há mais de 20 anos na linha de frente da limpeza urbana, e tem orgulho de ser gari: “Quando a gente trabalha, tem quem bata palma, agradeça nosso trabalho. Isso emociona”. Com esforço, conseguiu economizar e ajudar nos estudos do filho, Thales Edson, 29, que se tornou comissário de bordo. “Ele fala três idiomas. Sou feliz e orgulhoso disso. Tem gente que olha e reage com estranheza: ‘filho do gari é comissário?’. E é isso mesmo. Sou um pai completo”, derrete-se.
Para o Dia do Gari, Roberto Carlos espera que a data seja “especial e maravilhosa” para todos e consciência da sociedade. “A população precisa ficar em casa e se prevenir. Vida boa é aquele que se sabe viver. Precisamos dar mais valor a isso. Enquanto isso, nós (garis) seguimos na rua dando o melhor e pedindo a papai do céu proteção”, pontua.
Roberto trabalha na Vital, uma das empresas terceirizadas que realizam o serviço de limpeza urbana do Recife. Além dela, prestam serviço a Cael e a Loquipe. Com a chegada do novo coronavírus, a Emlurb repassou às terceirizadas “um protocolo de trabalho para o início e o término da jornada, por atividade e por equipe, para evitar aglomeração de colaboradores, além de promover treinamento sobre a doença aplicado pelas equipes de medicina do trabalho”.
A autarquia realiza capacitação e orientação de funcionários e de terceirizados “para que mantenham a distância mínima entre si, além de manter o rigor na higiene pessoal, com o fornecimento de água e sabão para os veículos da coleta”. De março até este 16 de maio, 28 garis e 120 coletores de lixo apresentaram sintomas suspeitos, mas nenhum deles positivou para a Covid-19.
“Equipes de medicina do trabalho vêm acompanhando os casos suspeitos, que são afastados de imediato. E dentre os funcionários que estão no grupo de risco, seja pela idade, seja por outro motivo, 63 foram afastados preventivamente de suas funções”, finaliza a Emlurb.