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As lições aprendidas - e os erros que voltamos a cometer - da gripe espanhola de 1918
A demora em entender gravidade do vírus se repete
Em alguns lugares do mundo, a demora em entender a gravidade de um novo vírus que já estava circulando foi um erro repetido em 2020. Na China, até 23 de janeiro só 14% tinham sido identificados. “Hoje, existe a recomendação para ficar em casa. Na época, não houve. Em 1918 não havia pessoas nas ruas não porque houve medida das autoridades de saúde pública. A professora, a diretora, o coveiro haviam morrido. O cenário era dramático. Pessoas não podiam enterrar seus entes e colocavam os corpos na porta de casa para carrocinha passar e levar para enterro em vala comum”, afirma.
Para o chefe do serviço de Infectologia do Hospital das Clínicas (HC) e professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Paulo Sérgio Ramos, a principal lição deixada por pandemias anteriores é que planos de contingência precisam ser criados tão logo ocorram os alertas da Organização Mundial de Saúde (OMS) para casos de emergência em saúde pública. “O principal erro é que não temos conseguido estabelecer políticas públicas direcionadas às questões sociais. Nesta epidemia da Covid-19, temos observado que a vulnerabilidade social dos grupos de risco, principalmente os idosos, tem sido uma questão que não estamos conseguindo resolver”, observa o infectologista.
Dilene do Nascimento ressalta que epidemias são um problema coletivo e, portanto, a responsabilidade é do estado. “Precisamos aprender que não adianta um indivíduo tomar uma medida. Todos precisam tomar. É efetivamente um problema coletivo. Por ser coletivo, o estado tem que cuidar, resolver e suprir as pessoas para elas não morrerem de fome”, enfatiza a historiadora.
3 perguntas // Paulo Sérgio Ramos, chefe do serviço de Infectologia do Hospital das Clínicas da UFPE
As diferenças são inúmeras e, em parte, devido a um contexto completamente diferente daqueles em que ocorreram outras pandemias, como a varíola, a cólera, a peste e mais recentemente as gripes pelo vírus A(H1N1). Hoje, temos uma população global muito maior, maior densidade demográfica nos centros urbanos, meios de transporte que permitem facilmente a disseminação de patógenos, inclusive entre continentes, além da questão da comunicação imediata e em tempo real, o que leva a celeridade da informação entre as pessoas. No passado, não havia um conhecimento claro sobre os mecanismos de transmissão das doenças, assim como não havia medicamentos e tão pouco vacinas que pudessem controlar a proliferação dos surtos epidêmicos.
Estamos aprendendo e sairemos muito melhor após esta grave crise em alguns domínios, como o cuidado com a etiqueta respiratória (tossir e espirrar na manga da camisa ou lenço de papel); o cuidado com a higienização das mãos, além de mudança de comportamento de profissionais de saúde que impactarão nas medidas de controle de infecção hospitalar. Estamos também exercendo a empatia e a solidariedade, virtudes que a sociedade tem deixado cada vez mais distante.