Vida Urbana

Após decreto, praia de Boa Viagem e parques do Recife amanhecem vazios

Praia de Boa Viagem após decreto de fechamento de parques públicos.

Após um final de semana movimentado na Praia de Boa Viagem nos dias 28 e 29 de março, a beira-mar Zona Sul do Recife se esvaziou de banhistas neste domingo (5). O cenário é resultado de um decreto da Prefeitura do Recife em conjunto com o Governo de Pernambuco, divulgado na última sexta para fechar Parques Municipais durante o final de semana. No calçadão, no entanto, foi possível ver pessoas correndo, caminhando, pedalando e praticando outros exercícios físicos, geralmente mantendo as distâncias recomendadas pelas autoridades da saúde. Houve até quem decidiu curtir a praia sentado nos bancos de cimento da orla.

Quem se arriscava a pisar na areia, era orientado a se retirar pela fiscalização da Guarda Civil Municipal em conjunto com a Polícia Militar. A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano também participou da ação, sinalizando as 543 vagas fechadas na faixa litorânea urbana. No Recife, a ação de fechamento se estendeu a mais 11 espaços considerados parques: 13 de Maio, Jaqueira, Santana, Arnaldo Assunção, Robert Kennedy, Apipucos, Caiara, Arraia do Forte Novo do Bom Jesus, Dona Lindu, Macaxeira e Sítio Trindade.

CTTU isolou vagas de estacionamento em toda a orla.

O professor Ricardo Simão, 49, mora próximo da Avenida Visconde De Jequitinhonha, e aproveitou a manhã para se exercitar. "A academia está fechada, mas não podemos ficar parados. Acredito também que dê para curtir a praia sem aglomerações, mas se os infectologistas estão pedindo para evitar a praia, acredito que não seja por acaso. Ainda bem que tudo em Boa Viagem está parado. Vemos menos carros nas ruas e poucas pessoas nas calçadas".

Bombeiros também auxiliaram na retirada de banhistas.

Silvia Pereira, 47, mora em Santo Amaro, e foi à praia com o marido Adeildo, 35, e a filha Tamires, 6. Eles ficaram sentados no banco de cimento da orla, bebendo vinho enquanto ouviam músicas em um caixa de som de bluetooth. Silvia estava bastante aborrecida, pois chegou na praia de 7h e não pôde pisar na areia. “Tinha mais gente sendo retirada no começo da manhã. Não insistimos em ficar. Fazer o que, né? Acho muito triste, porque não dá para proibir uma natureza de Deus ao povo. Ao mesmo tempo, existe o risco em qualquer lugar, né?. Eu vejo muita gente usando máscara, mas a partir do momento que estou aqui sentada eu já posso contrair o vírus”, complementa a doméstica, que afirmou que não foi dispensada pelos patrões após o início da pandemia. O marido faz bicos como eletricista, mas atualmente não tem achado serviços.

Entrada do Parque da Jaqueira.

Valeria Maria, 55, trabalha em uma barraca de quitanda próxima da entrada do Parque da Jaqueira há 19 anos. O espaço costumava contar com a presença do marido, que está em casa pois tem hipertensão. “De segunda a sexta estava uma loucura de gente, não sei o que deu nas pessoas. Tinha aglomeração, sim. Desde o decreto, realmente caiu o número de pessoas. Isso faz falta para nós, que somos comerciantes. Tenho uma mãe de 84 anos e meu marido é doente, está se estressando em casa porque estou vindo para cá. Infelizmente tenho que vim”, desabafa a comerciante, que se equipou com álcool em gel na barraca. “Sei que o parque fechou por algo muito fora do normal, mas se é pelo bem temos que aceitar. Ao mesmo tempo, deve existir vários espaços públicos lotados por aí hoje”.

Parque da Jaqueira.

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