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Entidades médicas recomendam suspensão de cirurgias, exames e visitas hospitalares

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Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.
"Não há motivos para pânico, mas para enfrentar a pandemia", afirma o presidente do Cremepe, Mário Fernando Lins.
Associações médicas do estado de Pernambuco, em conjunto, emitiram orientações para profissionais e serviços de saúde, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Dentre as recomendações, está o afastamento imediato de médicos com mais de 70 anos; transferência de profissionais grávidas, portadores de doenças crônicas ou que estejam entre 60 e 69 anos para atividades internas, sem contato com o público; e a suspensão de cirurgias, consultas e exames eletivos (comuns, sem ser realmente urgentes). Ainda, as unidades de saúde serão fiscalizadas para garantir a distribuição correta de equipamentos de proteção individual (EPIs) aos funcionários.

As recomendações são do Conselho Regional de Medicina a de Pernambuco (Cremepe), Sindicato dos Médicos (Simepe) e da Associação Médica de Pernambuco (AMPE) e foram apresentadas em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (18), no Recife. O presidente do Cremepe, Mário Fernando Lins, explica que o documento vem para preservar a saúde do profissional neste momento de pandemia.

O monitoramento de hospitais, clínicas e demais unidades de saúde será feito por meio de um aplicativo, em que o diretor técnico do local deverá informar, diariamente, quais as necessidades de EPIs, como gorros, máscaras, aventais, luvas, sabão e álcool em gel, por exemplo. O app começa a funcionar a partir da publicação das recomendações no Diário Oficial do Estado. A fiscalização também será feita presencialmente pelo Cremepe. “Se o diretor não tiver atendido às suas reivindicações, vamos cobrar da pessoa hierarquicamente superior o porquê dele não ter tomado essas medidas”, comenta Mário.

A presidente do Simepe, Cláudia Beatriz, defende as medidas, especialmente as direcionadas aos médicos. “Neste momento, a gente precisa se proteger, para podermos estar o maior tempo possível nas frentes de trabalho. A exigência de EPIs não é um ato de egoísmo, e sim de responsabilidade. Se um médico adoece, ele sai de cena e a população fica desassistida”, conta.

Outras recomendações
As instituições que cuidam de idosos, além de restringir visitas, deve redobrar os cuidados, com monitoramento de moradores e funcionários; aumentar distanciamento físico, com camas e cadeiras afastadas. As empresas devem aceitar a autodeclaração de impossibilidade de trabalho de seus funcionários. Em hospitais, é desaconselhadada a permanência de acompanhantes de pacientes maiores de 60 anos, ou com impunosupressão ou doenças pré-existente. As exceções serão avaliadas caso a caso pelo médico.

Também é recomendada a suspensão dos estágios de medicina e das visitas hospitalares. Eventuais mortes de pessoas com suspeita ou com exame positivo para a covid-19 também não devem ser encaminhadas ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) ou para o Instituto de Medicina Legal (IML). A declaração de óbito com essa motivação será assinada pelo médico do momento - seja assistente, substituto ou plantonista. A exceção fica para as mortes violentas, mas o corpo será encaminhado aos institutos seguindo regras especificas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Leitos
Segundo o presidente do Cremepe, Mário Fernando Lins, Pernambuco está bem abastecido de leitos de UTI. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que haja, pelo menos, um leito para cada 10 mil habitantes. No estado, há 1.780 leitos de UTI em 72 unidades médicas do estado, o que dá uma média de 1,85 a cada 10 mil pernambucanos. Já no Recife, a média é de 6,86.

A maioria, entretanto, está nos serviços particulares, além de serem utilizadas para diversos casos necessários. Por isso, o presidente do Cremepe pede à população que só procure um hospital em casos realmente emergenciais, para não colapsar o sistema.

Medidas simples ajudam a evitar contaminações. "Nesse momento, a desinformação é o maior perigo. Não há motivos para pânico, mas para enfrentar a pandemia. Por isso, lavem as mãos. A porta de entrada do vírus já sabemos: boca, nariz, olhos. Com essas simples medidas já se ajuda muito. E não sair de casa. Temos que atenuar a curva de aceleração da doença", conclui Mário Fernando.