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Unicap inova com graduação em Engenharia da Complexidade
Em parceria com instituição francesa, Universidade Católica de Pernambuco se prepara para formar primeira turma de 'engenheiros do futuro', alinhados com demandas do mercado atual

A capacidade de solucionar questões locais com conhecimentos globais, integrando saberes e considerando interações do meio e impactos socioambientais, será habilidade-chave para os engenheiros do futuro. Mais ágeis, proativos e empreendedores, os profissionais terão a visão integral das situações-problema e o espírito de liderança cada vez mais aguçados, atendendo a demandas do mercado de trabalho atual. No Recife, a renovação do setor ganha impulso a partir deste ano, quando a Universidade Católica de Pernambuco dá início às aulas da primeira graduação em Engenharia da Complexidade do país, oferecida em parceria com o Institut Catholique d'Arts et Métiers (Icam), cujas inscrições estão abertas ao público até o dia 30 deste mês.
“O curso vai formar o engenheiro do futuro. Não é um engenheiro para atuar somente no mercado local, mas no mercado mundial, que é cada vez mais competitivo e demanda habilidades e competências que não são usualmente providas na faculdade de engenharia. É um profissional de formação generalista, porque vários domínios do conhecimento serão abordados no curso. Engenharia mecânica, elétrica, de meio ambiente, informática, humanidades, gerenciamento de empresas e de pessoas…”, lista o professor Fernando Nogueira, doutor em engenharia e coordenador do curso de Engenharia da Complexidade da Unicap, que se inicia no dia 17 de fevereiro, em regime integral. “Geralmente, as pessoas associam a Complexidade a uma coisa complicada. Mas a origem da palavra, que vem do latim 'complexus', significa algo como tecer junto, construir junto. O engenheiro da complexidade observa o problema na sua integralidade”, complementa o professor.
Durante cinco anos de graduação, os estudantes deverão lidar com projetos estruturantes como forma de desenvolver suas competências, incluindo a análise e otimização de um sistema de drone, o conceito e realização de um barco autônomo em energia e a criação de uma habitação low-tech (com tecnologia mais objetiva). O currículo do curso, organizado por domínios, será trabalhado a partir de metodologias de ensino ativas, baseadas na prática de resolução de problemas (PBL, do inglês Problem Based Learning). “Cada ano é estruturado em torno de um projeto diferente. E todas as atividades pedagógicas daquele ano são concebidas em torno do projeto. No primeiro ano, o projeto estruturante é um drone. Quando você aprende se baseando em projetos, você dá muito mais sentido ao aprendizado. Uma coisa é você aprender a teoria de um sistema e resolver um problema teórico em sala de aula. Outra coisa é aprender essa mesma teoria aplicada a um sistema que você está vendo e mexendo nele. A aprendizagem baseada em projetos é um diferencial do curso, trará importantes resultados na formação profissional desse estudante”, explica Nogueira.
As dinâmicas metodológicas e a grade curricular de Engenharia da Complexidade atendem às novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos cursos de Engenharia, homologadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão vinculado ao Ministério da Educação. Entre as competências recomendadas pelo MEC, estão a visão holística e humanista, a formação técnica, a capacidade de ser crítico, reflexivo, criativo e cooperativo, a habilidade com pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, a consideração de aspectos globais, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, além da aptidão para analisar e resolver de forma criativa os problemas de engenharia. Para a formação dos engenheiros do futuro, a Unicap se valeu, ainda, de pesquisas que visam à aproximação entre o ambiente acadêmico e o setor produtivo local, preparando os novos engenheiros para o gerenciamento de projetos empreendidos por empresas instaladas na região. “A Fiat, quando foi se instalar em Goiana, participou de reuniões com várias universidades, buscando um engenheiro que as universidades ainda não formavam. Eles queriam um engenheiro civil ou mecânico, mas um engenheiro que tomasse conta da fábrica, da implementação. Terminou contratando pessoas de fora do estado. Percebemos, a partir das discussões com a montadora, que não queriam engenheiros com formação específica. Precisavam de um profissional que montasse uma equipe grande para conduzir aquele projeto. O mercado quer isso. A Fiat já queria isso anos atrás. Qualquer empresa que venha se instalar em Pernambuco vai precisar de um gestor com essas competências. E este profissional é o engenheiro da complexidade que vamos formar”, crava o coordenador do curso.
>> Portas abertas na Europa
Ao fim do curso, os concluintes de Engenharia da Complexidade poderão obter certificação Master Europeu na Unicap-Icam, ao se dedicarem a um ano de pós-graduação em Gestão de Megaempreendimentos ou em Tecnologias do Design. “O curso de cinco anos tem os dois primeiros anos ambientados no Brasil, parte em língua inglesa e parte em português. O aluno tem a oportunidade de passar um ou dois anos no exterior. O sexto ano seria dedicado a uma especialização, em Gestão de Megaempreendimentos ou em Tecnologias do Design, que também estão abertas ao público em geral. Se o aluno de engenharia da complexidade decidir cursar os seis anos, tendo passado dois anos no exterior, ele poderá ter três títulos: o de engenheiro da complexidade no Brasil, o de especialista (em Megaempreendimentos ou Tecnologias do Design) no Brasil e o de Master Europeu, que é um especialista na Europa. Portanto, ele poderá atuar no continente europeu”, explica o professor Fernando Nogueira.
Na especialização em Gestão de Mega Empreendimentos, que está com inscrições abertas e cujas aulas começam em março, as aulas respondem à necessidade de preparar engenheiros e profissionais de áreas afins para o desenvolvimento de projetos de grande porte, alinhados às demandas do mercado e, ao mesmo tempo, ao propósito do bem-estar social, a Unicap-Icam International School estimula a busca de soluções para os projetos de grandes empreendimentos. Já em Tecnologias do Design, o engenheiro da complexidade recém-formado poderá trabalhar com práticas do design contemporâneo com foco na inovação através da integração, partindo de problemáticas como a de uma Casa Mínima Inteligente, sugerida por empresas atuantes no cenário pernambucano e internacional.
Ao fim do curso, os concluintes de Engenharia da Complexidade poderão obter certificação Master Europeu na Unicap-Icam, ao se dedicarem a um ano de pós-graduação em Gestão de Megaempreendimentos ou em Tecnologias do Design. “O curso de cinco anos tem os dois primeiros anos ambientados no Brasil, parte em língua inglesa e parte em português. O aluno tem a oportunidade de passar um ou dois anos no exterior. O sexto ano seria dedicado a uma especialização, em Gestão de Megaempreendimentos ou em Tecnologias do Design, que também estão abertas ao público em geral. Se o aluno de engenharia da complexidade decidir cursar os seis anos, tendo passado dois anos no exterior, ele poderá ter três títulos: o de engenheiro da complexidade no Brasil, o de especialista (em Megaempreendimentos ou Tecnologias do Design) no Brasil e o de Master Europeu, que é um especialista na Europa. Portanto, ele poderá atuar no continente europeu”, explica o professor Fernando Nogueira.
Na especialização em Gestão de Mega Empreendimentos, que está com inscrições abertas e cujas aulas começam em março, as aulas respondem à necessidade de preparar engenheiros e profissionais de áreas afins para o desenvolvimento de projetos de grande porte, alinhados às demandas do mercado e, ao mesmo tempo, ao propósito do bem-estar social, a Unicap-Icam International School estimula a busca de soluções para os projetos de grandes empreendimentos. Já em Tecnologias do Design, o engenheiro da complexidade recém-formado poderá trabalhar com práticas do design contemporâneo com foco na inovação através da integração, partindo de problemáticas como a de uma Casa Mínima Inteligente, sugerida por empresas atuantes no cenário pernambucano e internacional.
>> Residência em empresas parceiras
Durante a graduação, os estudantes também terão acesso a negócios locais, a fim de se debruçarem sobre problemas reais enfrentados no cotidiano produtivo das empresas. “Estamos criando um aspecto inédito: o conceito de residência de engenharia. Em medicina, uma vez que o aluno se forma, pode prestar concurso e se especializar nos anos seguintes. Estamos criando algo semelhante. O que significa? O aluno vai passar um ano de sua formação, o equivalente a 20% da carga horária do curso, dentro de uma empresa, trabalhando. Ele vai começar a entender a vida de uma empresa, seu funcionamento, ao longo da graduação. E, nos últimos meses, estará alocado dentro dessa empresa parceira, desenvolvendo projeto de interesse dele, um interesse identificado ao longo do curso. É diferente do estágio tradicional, porque ele não terá aula enquanto estiver na empresa, estará somente trabalhando. É uma novidade importante, é muito estimulante”, revela Nogueira.
>> SAIBA MAIS
As inscrições para a primeira turma de Engenharia da Complexidade estão abertas até o dia 30 deste mês, através de seleção pelas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O curso, que funcionará em regime integral, terá duração de cinco anos e será administrado no Pavilhão Maker, na Unicap. Todos os alunos deverão estudar no exterior, em um dos campi do Icam (na França, África ou Índia) por, pelo menos, um ano. A fim de facilitar o intercâmbio entre os centros acadêmicos, os terceiro e quarto anos do curso serão ministrados em inglês. Informações: (81) 2119-4016
Qual será o título de quem se graduar na área?
Engenheiro da Complexidade, um engenheiro generalista. Os engenheiros da complexidade serão regidos pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE) e pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) em nível nacional. É um título cuja criação está sendo demandada pela universidade, para que o CREA crie esse título. É uma profissão nova, que surgiu a partir da necessidade que o engenheiro tem de ter uma visão mais abrangente, uma visão integral de suas ações.
Quais as principais diferenças entre os cursos de engenharia tradicionais e o de Engenharia da Complexidade?
A formação normal de um engenheiro, um especialista, é sempre uma formação que parte do princípio de que você estuda as partes. E o somatório das partes será o todo, o resultado final. No curso de Engenharia da Complexidade, o aluno tem uma visão integrada do projeto, dos impactos no ambiente, na vida das pessoas. A capacidade de renovação do curso é outra coisa marcante. O curso de engenharia tradicional é, hoje, o mesmo de anos atrás. Mas, com o avanço tecnológico, pode ser que o que você aprende hoje deixe de fazer sentido amanhã. No caso do curso de engenharia da complexidade, isso é levado em conta, porque o curso interage com o mercado. Se o mercado avança em determinada linha, nós podemos adaptar nossas práticas pedagógicas para que o aluno incorpore aquele conhecimento e saia daqui com aquela habilidade. O curso se oxigena. Esse engenheiro não é um especialista em um ramo específico da engenharia, mas é um profissional com habilidades e competências para montar equipes de sucesso para atuar em determinados empreendimentos em nível mundial.
O que esperar do mercado de trabalho?
O mercado de trabalho desse engenheiro é o mundo. O que as empresas buscam é isso, fizemos pesquisas a respeito disso. As empresas querem um profissional que saiba montar equipes qualificadas para resolver problemas, um profissional que fale duas línguas, que tenha experiência internacional comprovada e qualidade técnica acima da média. As empresas não querem mais contratar um engenheiro eletricista, um engenheiro mecânico para resolver um problema. Uma empresa que deseja instalar uma fábrica, por exemplo, que um engenheiro capaz de montar equipe para instalar essa fábrica no prazo que ela quer, com o custo que ela precisa. É o nosso profissional. O empresário não vai precisar selecionar dez profissionais, ele vai contratar um profissional que escolherá os demais. Esta é a ideia. O mercado do futuro busca esse profissional. E um profissional com essa qualidade tem como mercado potencial não somente o Brasil, mas o mundo.
Como se dará a aproximação entre a universidade e o setor produtivo? Qual a importância dessa relação?
Com o passar do tempo, as universidades se distanciaram das empresas. É como se o setor produtivo fosse uma coisa e a sociedade fosse outra. O aluno se forma aprendendo coisas importantes para o conhecimento científico, mas muito distanciado das questões locais, questões que as empresas locais precisam resolver. Esse curso aproxima as empresas da universidade, e o aluno vai viver problemas que ele terá que resolver quando se formar. É uma resposta grandiosa para a sociedade. Porque quem gera conhecimento para resolver problemas são as universidades.
O que esperam do intercâmbio entre os campi do Icam ao longo do curso?
O curso está acontecendo no Brasil, em cidades da França e em cidades do continente africano, simultaneamente. Isso é um desafio mundial inédito. O mesmo curso, a mesma aula, as mesmas atividades, a mesma prática pedagógica. O que nos dá a oportunidade de fazer algo importantíssimo. A cada semana, todos os alunos que estão desenvolvendo aquela atividade em todo o mundo se reúnem e vão trabalhar sobre o mesmo problema. Ao final, cada um vai compartilhar as dificuldades que teve, como resolveu o problema, quais soluções abordou. O aluno vai ter oportunidade de compartilhar visões distintas sobre o mesmo problema, semanalmente, desde o início do curso. E a rede que se forma daí é infinita. Os alunos podem criar grupos virtuais, trocar ideias, propor soluções, para além do dia a dia do curso.
Qual o perfil de aluno mais adequado para o curso?
A gente espera o estudante que tenha interesse em ter uma formação profissional internacional, que se interesse por inovação, já que se trata de um curso dinâmico no processo de formação de conhecimento, e que tenha interesse em atuar próximo ao setor produtivo. Ele vai ter muitas ações ao longo do curso que o aproximam do setor produtivo. Esperamos por estudantes que estejam dispostos a serem desafiados a todo momento com novas práticas de aprendizagem, de ensino, nas quais o professor não é mais o protagonista. Agora, o aluno é protagonista.
Há pré-requisitos? Ser fluente em outra língua?
Nosso vestibular é o mesmo que a universidade fez para os outros cursos. A diferença é que destacamos um pouco a prova de inglês, para identificar o nível da turma. Ao longo do curso, os alunos terão que desenvolver habilidades em línguas a nível B1, que é um nível em que você consegue se comunicar, falar ao telefone, participar de videoconferência. O aluno vai desenvolver esse nível de conhecimento em francês e em inglês. Queremos saber como está o desempenho dos alunos que estão chegando em relação ao inglês. Porque isso vai nos ajudar a orientar as aulas de língua para suprir as necessidades deles. Os alunos terão um ano e meio para obter proficiência B1 nas línguas francesa e inglesa, tendo aulas para isso. Porque, no segundo ano, o aluno já poderá embarcar rumo ao exterior. Para a Europa, África ou Índia.
Quais as características esperadas para o engenheiro do futuro?
Em linhas gerais, ser um profissional extremamente qualificado tecnicamente, com visão holística relevante e uma visão da ecologia integral. Significa dizer que a ação do engenheiro sobre o planeta deve ser pensada, já que o planeta tem recursos finitos. Não podemos continuar agindo no planeta da maneira que temos agido. São competências exigidas em todo o mundo, que formam um engenheiro com responsabilidade social e competência técnica na resolução dos problemas da humanidade.
O que o engenheiro do futuro pode oferecer para a sociedade?
O engenheiro da complexidade pode oferecer uma visão diferente dos problemas da sociedade. Ele observa um projeto como um todo e não a partir de suas partes. A visão integral de um problema, de um sistema, é uma visão complexa, não necessariamente complicada. É muito relevante para a sociedade porque, na vida real, as coisas não são separadas por partes. Não adianta resolver um problema de saneamento e esquecer dos impactos sobre a comunidade, do transporte, da água, das doenças que podem acontecer. Esse novo engenheiro oferece uma visão integral dos problemas sociais, uma visão integradora. Quando a sociedade recebe um engenheiro desse, todos nós ganhamos.