° / °

Rede de supermercado suspende custeio de tratamento, denuncia jovem escalpelada

Por

Foto: Instagram/Reprodução
Débora Dantas durante a noite de réveillon.

A estudante Débora Oliveira, 19, que ficou conhecida após ter o couro cabeludo arrancado em um kart, afirmou neste domingo (13) que o pagamento de seu tratamento foi suspenso pelo Grupo BIG (na época do ocorrido, se chamava Walmart). O Adrenalina Kart Racing, onde ocorreu o acidente, funcionava dentro de uma filial do supermercado em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. A informação foi confirmada pelo noivo Eduardo Tumajan e pelo advogado Eduardo Barbosa. A jovem estava com uma viagem a São Paulo marcada para o dia 6, para retirar pontos, mas teria sido surpreendida com o encerramento do custeio.

Em nota, o Grupo BIG afirmou que continua arcando com todos os custos financeiros do tratamento no Hospital Especializado de Ribeirão Preto, localizado no interior de São Paulo. Porém, Débora estaria pedindo para que a empresa arcasse com os custos da uma ida aos Estados Unidos, com outras despesas que "extrapolam em muito qualquer relação com a questão médica e saúde dela".

De acordo com o advogado da vítima, o Grupo BIG afirmou que poderá continuar a pagar o tratamento se Débora fizer uma renúncia a seus direitos indenizatórios em relação ao acidente. O pedido não foi aceito pela vítima. O advogado afirmou que entrará na justiça que o supermercado volte a realizar os pagamentos, já que "existe uma previsão legal para isso".

“A Débora ficou evidentemente chocada com o pedido de renúncia, que ocorreu na última segunda-feira (6)”, disse Eduardo Barbosa, em entrevista ao Diario. “Vamos entrar com um pedido para que a empresa volte a pagar, pois existe uma previsão legal desse custeamento em casos de acidentes”, reafirma o advogado, que trabalhou em um caso semelhante ocorrido no parque de diversões Beto Carrero World, em Santa Catarina.

Segundo ele, o pagamento é importante pois o tratamento de Débora Dantas deve se prolongar por anos. “Nesse período atual, ele iria voltar para que os médicos compreendessem as reações das várias cirurgias. O acidente foi em 11 de agosto e, desde então, ela foi submetida a 20 cirurgias. Foram procedimentos de grande complexidade. É necessário que Débora volte ao hospital a cada 20 dias, pela grandiosidade dos danos”, explica. “O tratamento diz respeito à saúde, mas ainda existem danos morais e estéticos. O projeto de vida dela foi alterado por conta desse acidente”, acrescenta.

Procurado pela reportagem, o noivo Eduardo Tumajan confirmou a suspensão do custeamento do tratamento, mas preferiu não dar entrevista. O casal aparecerá em reportagem no Fantástico, da TV Globo, neste domingo (12).

NOTA DO GRUPO BIG
"Desde o primeiro momento em que ocorreu o acidente na pista de kart no estacionamento da loja em Recife (PE), a prioridade do Grupo BIG foi a de prestar toda a assistência para Débora Stefany Oliveira, apesar do fato ter acontecido em uma área alugada para um terceiro, sem qualquer responsabilidade da companhia.

A empresa arcou com todos os custos financeiros do tratamento – centro cirúrgico/hospitalar, equipe médica, medicamentos, além do custeio de passagens aéreas, estadia, refeições, inclusive de acompanhantes de sua escolha. Até agora, o tratamento foi realizado com sucesso no Hospital Especializado de Ribeirão Preto, referência no Brasil em cirurgias de alta complexidade no campo de microcirurgias reconstrutivas plásticas.

Diante desse histórico, o Grupo BIG recebeu com surpresa as declarações de Débora Oliveira, pois mantém integralmente o seu compromisso de assumir todas as despesas com o tratamento dela. Vale assinalar que a equipe médica responsável pelo caso recentemente apresentou o novo cronograma, que prevê a realização de aproximadamente 10 procedimentos ao longo de 2020.

O que está sendo questionado, portanto, não é a continuidade do tratamento. Mas o seu pedido para que a empresa arque com os custos da sua ida aos Estados Unidos e outras despesas que extrapolam em muito qualquer relação com a questão médica e saúde dela.

O Grupo BIG reitera que sua prioridade sempre foi a plena recuperação da saúde de Débora Oliveira e não tem medido esforços para assegurar que o tratamento seja bem sucedido e está à disposição para chegar a um bom entendimento com ela".

RELEMBRE
O acidente com Débora aconteceu durante uma corrida de kart no dia 11 de agosto. Os cabelos da estudante foram puxados pelo motor do veículo, provocando o escalpelamento. Ela foi socorrida para o Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, Centro da capital, onde foi reimplantado 80% da área desde as sobrancelhas até a nuca.

Após o procedimento no HR, a paciente apresentou microtrombos na região afetada, provocados por coágulos nas veias. Somente sete dias depois ela foi transferida para o Hospital especializado em microcirurgia em um avião particular contratado pela rede varejista Walmart. Ao chegar em São Paulo, os médicos constataram que houve perda do reimplante realizado no HR por causa de uma trombose.

Internada na UTI, ela passou por transplantes microcirúrgicos, reconstruções e enxertos com pele de outras partes do corpo. O músculo foi refeito com material das costas e pedaços de pele da perna foram usados para cobrir a região da cabeça. O responsável pelo Hospital Especializado, Pedro Palocci, falou que casos de grande gravidade são comuns na unidade.