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Prefeitura de Ipojuca sinaliza convênio com Projeto Hippocampus

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odas as três espécies de cavalo-marinho existentes no Brasil estão ameaçadas de extinção. (Foto: Reprodução/Paulo Ferrari.)
Após uma reunião entre a Prefeitura de Ipojuca e o projeto Hippocampus, em Porto de Galinhas, na última terça-feira (28), foi sinalizada a possibilidade de retomada das atividades da unidade que atua na preservação de cavalo-marinho através de um convênio durante um ano entre o projeto e o município. Para isso, a administração do Hippocampus, que tem uma dívida de R$ 20 mil com a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), precisa apresentar documentos ao município, como as atividades e áreas de atuação do projeto, e regularizar as pendências financeiras. Esta semana, o Hippocampus anunciou o fechamento da unidade por falta de apoio e patrocínio fixo. 

Até que os trâmites burocráticos sejam resolvidos, e não existe uma data para acontecer, o projeto continua com as atividades suspensas. Houve uma sinalização de apoio da Prefeitura de Ipojuca.  Começamos a conversar hoje sobre dar início à renovação de convênio. Porque nós tivemos um pequeno convênio de quatro meses ano passado. E para dar início ao convênio de um ano durante 2020 para que a gente possa manter as atividades. Mas infelizmente continuamos sem energia, os animais continuam com risco de morte. Uma solução urgente para essa questão não existe dentro da prefeitura e vamos ter que obedecer trâmites. Precisamos apresentar as documentações para seguir com as propostas de convênio”, explicou a bióloga e coordenadora do projeto, Rosana Silveira. 

A Prefeitura de Ipojuca informou que a prestação de contas está sendo analisada pelo município e em seguida a administração do Hippocampus precisará fazer alguns ajustes identificados pela Secretaria de Planejamento e Finanças de Ipojuca. “Queremos que o convênio aconteça. É importante tanto para a gestão quanto para o projeto que o trâmite seja o mais rápido possível, embora não exista prazo”, afirmou a Prefeitura de Ipojuca. O último patrocínio foi concedido pela Petrobrás, que encerrou em 2016. Até o último dia 22, quando a Celpe cortou a energia, o local era mantido a partir da venda de ingressos para visitação que custavam R$ 20 e da venda de artesanato. 

Na última semana, a energia da sede da entidade, que fica na rua da Esperança, na praia de Porto de Galinhas, foi desligada por falta de pagamento. Segundo Rosana, são cinco meses em atraso com um débito total de R$ 20 mil junto à Celpe. “Essa dívida inclui o funcionamento da sede e do laboratório, que fica em outro prédio. Estamos, inclusive, desocupando a sala do laboratório para entregar. A conta de energia da sede, que é maior, girava em torno de R$ 2,5 mil mensais, enquanto a do laboratório custava R$ 1 mil mensais”, detalhou a coordenadora do projeto, que teme o fim dos trabalhos de pesquisa e do monitoramento dessa espécie que é ameaçada de extinção. A entidade sem fins lucrativos funciona desde 2001. 

"Só podemos voltar a fazer um trabalho de conservação com apoio. A venda de suvenires e a bilheteria cobrem apenas 40% dos custos. Nesse período de dificuldade adquirimos dívidas, recorremos a empréstimo, mas culminou no fechamento por falta de energia", lamenta a bióloga e coordenadora do projeto, Rosana Silveira.
 
O espaço que era aberto à visitação de estudantes e pesquisadores tinha 35 aquários em exposição com cerca de 60 peixes de diferentes espécies, além do cavalo-marinho. A oxigenação dos aquários está sendo mantida com a energia de um bar vizinho ao Hippocampus. "O compressor de ar foi ligado por solidariedade, mas os aquários estão no escuro e sem luz os animais não conseguem se alimentar. Protocolei um pedido na Secretaria de Meio Ambiente de Ipojuca, mas ainda não temos nada de concreto até agora. Estamos tentando levar essa problemática adiante com divulgação e espero que empresas parceiras, que tenham responsabilidade socioambiental nos procurem para que o projeto possa reabrir", comenta a bióloga.
 
Uma das principais iniciativas realizados pelo Hippocampus é o acompanhamento da população de cavalos-marinhos existente no Pontal de Maracaípe, onde acontecem passeios de catamarã. A preservação é acompanha pelo Ministério Público através de relatórios enviados por biólogos do projeto que informam o estado de conservação desses animais naquela localidade. "No Brasil temos somente três espécies de cavalos-marinhos e todas estão na lista de ameaças para extinção. Então, procuramos trabalhar em locais impactados, como o pontal de Maracaípe. Estamos estudando os comportamentos e se corre o risco de extinção local. E isso serve de termômetro e acompanhamento a longo prazo porque esse tipo de amostragem dura muitos meses", conta Silveira.
 
O impacto do encerramento das atividades do Hippocampus refletiu também na comunidade. O artesanato vendido na loja da sede era produzido por grupos de mães moradoras de Porto de Galinhas e Serrambi. Uma equipe da entidade oferece capacitação e os produtos produzidos durante as oficinas eram revendidos na loja da sede. Com o fechamento da unidade, o projeto de geração de renda também parou.
 
Para arrecadar fundos, a instituição promove uma vaquinha online com alvo de R$ 40 mil. Até agora, apenas 10 pessoas contribuíram chegando ao valor de R$ 480. As doações também podem ser feitas para a conta da instituição: Instituto Hippocampus - Banco do Brasil; Agência: 2138-5; Conta Corrente: 50716-4; CNPJ: 04.534.382/0001-94.