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Água escura preocupa moradores e banhistas de Muro Alto

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Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.
Mancha seria causada por escavação profunda da areia da praia.
Quem anda pela praia de Muro Alto, em Ipojuca, Litoral Sul de Pernambuco, tem estranhado a coloração da água nos últimos dias. Desde novembro, um condomínio de luxo está escavando uma parte da areia para erguer um muro de contenção marítima. O problema é que, quando se escava, surge uma água escura de dentro da terra que causa uma grande mancha, que sai para o mar. E isso tem deixado moradores e banhistas preocupados.

Dono de uma casa próxima da obra, o empresário Fernando da Fonte, 40 anos, reclama do serviço. “É um negócio feio e está incomodando muito em plena época de janeiro, que é de férias. A gente quer usar a praia e ela está toda feiosa. Tem que esperar a maré encher para levar a mancha embora. Na última segunda-feira (6) estava terrível de se ver”, relembra.

Morador de Porto de Galinhas, balneário vizinho a Muro Alto, o artesão Moisés Lima, 43, endossa a queixa. “A água normalmente é cristalina aqui e fica desse jeito. É praticamente como se você entrasse na praia para tomar banho de barro. Quando vem turista aqui chega perde a graça”, diz.

A reportagem do Diario/Aqui PE esteve no local na tarde dessa quinta-feira (9) e presenciou o fato. Alguns banhistas chegaram a entrar na água, mas ficaram pouco tempo por não saber do que se tratava a mancha. O material saía da escavação na praia - quanto mais fundo, mais escura a terra e a água.

“Não é poluição. Você viu que a água preta sai da escavação, é coisa da própria terra mesmo”, explica a supervisora do condomínio responsável pelo serviço, Claudia Cilene. “A gente estava tendo muito problema com o avanço do mar. Tudo está legalizado, a prefeitura autorizou. Antes do final deste mês será concluída”, acrescenta. 


O engenheiro responsável pela obra, Francisco Nelinho da Silva, explica sobre a mancha escura. “Não é poluição. É um material é tufoso, orgânico, de mangue. Como estamos cavando um metro abaixo da maré, essa parte escura se mistura com a areia e a água, causando a coloração. Mas em 24 horas, do que eu percebo, tudo volta a ficar transparente como estava”, explica.

A mancha também não oferece risco à saúde, segundo o engenheiro. “Foram feitos testes, tanto nossos quanto da prefeitura (de Ipojuca), e não deram em nada. É só uma questão estética momentânea. Até quarta ou quinta que vem terminaremos a escavação e não acontecerá mais isso”, promete. 

Em nota à reportagem, a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) confirma que a obra, de proteção contra o avanço do mar, é legal. “A intervenção, proposta por equipe qualificada com ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), foi devidamente licenciada pela CPRH em função da concordância da Superintendência do Patrimônio da União (SPU), Capitania dos Portos e a anuência da Prefeitura do Ipojuca”, declara.

Já a Prefeitura de Ipojuca informa, por meio de nota, que a obra chegou a ser embargada em novembro, mas como a CPRH não se pronunciou sobre, foi retomada após assinatura de um “Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi realizado entre a empresa responsável pela obra de contenção e a gestão municipal, uma vez que a empresa possui todas as licenças exigidas para a realização da contenção”.

No TAC, “foram determinados horários e procedimentos adequados para realização da escavação”. “Esclarecemos que a responsabilidade da fiscalização ambiental, neste caso, é do órgão licenciador (CPRH) e a Prefeitura se solidariza com os moradores, empresários e turistas que esperam a resolução deste fato o mais rápido possível, e comunicará ao Ministério Público sobre o fato”, conclui o município.