Vida Urbana

Mozart Neves Ramos defende a educação básica ao receber título de professor emérito da UFPE

Mozart defendeu a educação básica em discurso. Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP.

Mozart ressaltou que o Brasil convive com diferentes realidades na educação. Enquanto é o 13º maior produtor mundial de publicações de pesquisa (papers), passando da Coreia do Sul; o Brasil passa para as últimas posições quando o assunto é educação básica. "A universidade pública no Brasil tem que olhar profundamente para essa questão. Estou, inclusive, à disposição para ajudar nesse sentido. Está na hora de as universidades terem uma agenda com a educação básica deste país", pontuou.

O reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, entregou diploma de professor emérito a Mozart. Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP.

Nova gestão

O professor Alfredo Gomes, nomeado como reitor da universidade nessa quarta, prestigiou a cerimônia. Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP.

O reitor nomeado destacou ainda que, em seu programa de gestão, há destaque para a política de formação de professores, que envolve, na UFPE, o curso de pedagogia e 36 licenciaturas. "Vamos trabalhar na perspectiva de formação de novos professores e também da formação continuada deles. Esta é uma pauta fundamental, que já vamos discutir nos primeiros dias (do mandato). Vamos procurar os municípios, por meio da Undime (União Nacional Dirigentes Municipais Educação de Pernambuco) e da Amupe (Associação Municipalista de Pernambuco) para termos uma pauta efetiva", garantiu. 

Sobre a nomeação confirmada nesta quinta no Diário Oficial da União, ele ressaltou que a comunidade acadêmica da UFPE recebeu com alegria a notícia. "Estávamos confiantes. Vamos trabalhar para retomar um protagonismo da nossa universidade, para que os estudantes tenham melhores condições", disse.

Perfil

Atualmente, Mozart é diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna. Foto: Juan Guerra/Instituto Ayrton Senna.

Os primeiros anos da vida escolar do professor que foi reitor da UFPE, secretário estadual de Educação e que hoje dirige a área de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna além de fazer parte do Conselho Nacional de Educação (CNE), foram em instituições olindenses. Estudou no Instituto Domingos Sávio, no Carmo, e no Colégio de São Bento, no Varadouro. Já na universidade, foi chamado pelo colégio onde concluiu o científico (atual ensino médio) para dar aulas de física e química. “Passei um ano e meio ensinando no São Bento. Foi uma experiência muito rica e que fez com que eu me apaixonasse pela sala de aula”, contou.

Do São Bento, o recifense de Olinda foi para a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde cursou engenharia química de 1973 a 1977. A relação com a instituição foi além da graduação. Mozart tornou-se professor, pesquisador, pró-reitor Acadêmico e reitor da universidade. Antes de assumir os postos, foi estudar na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O químico pernambucano havia sido selecionado para o mestrado, mas saiu de uma das maiores universidades da América Latina com o título de doutor. “Fui muito bem nas disciplinas do mestrado, o que resultou em um convite para fazer o doutorado”, explicou.

A temporada em Campinas chegou ao fim em 1982. De volta a Pernambuco, dedicou-se à produção científica na UFPE e recebeu como retorno o reconhecimento como um dos químicos mais produtivos do país. A alta produtividade o levou ao pós-doutorado no Politecnico di Milano, uma universidade italiana estatal de cunho científico-tecnológico. “Quando voltei, assumi a chefia do Departamento (de Química Fundamental da UFPE). Era como um castigo. Na época, todo mundo era jovem e não queria administrar. Só queríamos dar aula e pesquisar”, lembrou. Ele tinha 32 anos e, embora não fosse seu desejo na época, decidiu se empenhar na gestão do departamento. Nascia ali o Mozart gestor educacional.

O espírito jovem e inovador do novo chefe do Departamento de Química Fundamental chamou a atenção do então reitor da UFPE Éfrem Maranhão. Do Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Mozart passou a ocupar a cadeira principal na Pró-Reitoria de Assuntos Acadêmicos da universidade, onde esteve de 1992 a 1995. Novamente, ganhou destaque na academia pela maneira como geria, o que o levou ao cargo máximo da instituição, o de reitor. “Investi muito no trabalho de extensão universitária. O campus tinha que ser bem cuidado, bonito e com a sociedade presente. Abrimos as portas para afastar a insegurança. Para isso, as pessoas tinham que cuidar, ocupar os espaços. Visitantes de outras universidades ficavam impressionados positivamente quando passavam pela UFPE”, recordou.

O próximo passo na ascensão enquanto gestor educacional foi dado fora do campus da UFPE. Convidado pelo ex-governador Jarbas Vasconcelos para ser secretário estadual de Educação, Mozart passou quatro anos à frente da pasta em Pernambuco. Chegou ao cargo em 3 de fevereiro de 2003.

Anos antes, na década de 1990, o Ginásio Pernambucano, na época chamado de Colégio Pernambucano, foi da glória à ruína. Ao entrar em decadência, a escola foi fechada por causa das péssimas condições de infraestrutura. Foi quando um grupo de empresários – liderados pelo ex-aluno e então presidente da Philips no Brasil e na América Latina, Marcos Magalhães – decidiu recuperar a estrutura física do prédio. Uma renovação na gestão da instituição foi iniciada. O projeto de recuperação do prédio levou dois anos e meio e um investimento de R$ 3 milhões, numa parceria público-privada. Mozart comandava no braço público da gestão a transformação da instituição de ensino mais antiga em atividade do país em pioneira no modelo de ensino médio integral. “Não sou político e não sou filiado a partido, mas sabia que naquele momento tinha uma contribuição a dar ao estado”, enfatizou.

Após passagens pela presidência da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil e do movimento Todos pela Educação, Mozart, hoje, dirige a área de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, ONG dedicada à educação básica. Em 2018, voltou ao Conselho Nacional de Educação (CNE), onde é relator do parecer da resolução sobre formação de professores para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “É um trabalho que quero fazer com muita atenção e cuidado. Tenho certeza que será um capítulo que vai marcar uma parte importante da minha vida”, afirmou.

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