Vida Urbana

Morre de infarto o advogado criminalista Gilberto Marques

Em um dos últimos casos de repercussão que atuou, o advogado Gilberto Marques fez a defesa de Edvan Luiz, suspeito de matar a fisioterapeuta Tássia Mirella Sena. Crédito: Tarcísio Augusto Esp DP

O advogado criminalista Gilberto Marques, 64 anos, faleceu nesta sexta-feira (20), no Recife, vítima de um infarto. De acordo com a família, ele passou mal por volta das 8h e foi socorrido para o Hospital Português, onde chegou com uma parada cardíaca e faleceu. O velório será das 17h às 18h no Cemitério Morada da Paz, em Paulista e em seguida haverá a cerimônia de cremação. Gilberto Marques deixou cinco filhos. Ele era divorciado e morava sozinho na Avenida Boa Viagem.
 
O advogado criminalista Gilberto Marques atuou em vários casos de repercussão, a exemplo do Escândalo da Mandioca, como ficou conhecido o assassinato do procurador Pedro Jorge de Melo e Silva. Também atuou no Caso Serrambi, cujo assassinato das adolescentes Tarsila Gusmão e Maria Eduarda, em 2003, ganhou repercussão nacional; e na Chacina de Salgueiro. Em um dos seus últimos casos, fez a defesa de Edvan Luiz, suspeito de matar a fisioterapeuta Tássia Mirella Sena, em 2017. Também participou da Comissão da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara, que investigou crimes cometidos no estado durante a ditadura militar.  

Mas foi o Escândalo da Mandioca o caso que mais marcou a vida dele. Em outubro de 2017, chegou a escrever um artigo no Diario com o título: Pedro Jorge não morreu.Em alguns dos trechos escreveu:

O presidente da OAB-PE, Bruno Baptista, com o advogado Gilberto Marques. Crédito: Reprodução Facebook.

Escândalo da Mandioca  

 
Considerado o maior crime financeiro já ocorrido em Pernambuco, o Escândalo da Mandioca chegou ao conhecimento do grande público em julho de 1981. No entanto, desde o ano anterior, políticos, fazendeiros, comerciantes e personalidades do município de Floresta, distante 433 quilômetros do Recife, já estavam envolvidos no esquema que desviou Cr$ 1,5 bilhão do governo federal, por meio do Banco do Brasil. Em valores atuais, o prejuízo à União seria de R$ 34 milhões. O golpe consistia na obtenção de documentos falsos para conseguir créditos agrícolas para o plantio de mandioca utilizando cadastros frios, propriedades fictícias e agricultores fantasmas.
 
Condenações, fuga e recaptura

Um dia após o assassinato de Pedro Jorge, a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar quem eram os responsáveis pelo crime. A suspeita de que a morte estivesse ligada à investigação do Escândalo da Mandioca logo foi levada em consideração. Ao final do inquérito, sete pessoas foram indiciadas pelo homicídio. Segundo a Justiça Federal, os acusados foram o então major José Ferreira dos Anjos, o sargento José Lopes de Almeida, o fazendeiro Irineu Gregório Ferraz, o agente da Polícia Civil Euclides de Souza Filho, o funcionário do Detran Jorge Gomes Ferraz, o topógrafo Heronides Cavalcanti Ribeiro e o motorista Elias Nunes Nogueira.

“Depois da fase de instrução, o juiz mandou soltar os sete réus. Foi então que recorremos ao Tribunal Federal de Recursos pedindo que todos voltassem à prisão. O recurso foi feito pelo procurador da República Aristides Junqueira. Quando chegou a data do júri popular, seis deles estavam presos novamente e foram condenados no dia 12 de outubro de 1983. Irineu Ferraz foi julgado depois e acabou absolvido”, destacou o advogado Gilberto Marques.

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