Vida Urbana

Fechada desde 2015, Igreja de São Pedro, em Olinda, será reaberta

Templo fechado desde 2015 no Sítio Histórico de Olinda deverá ter restauração concluída cinco anos após ser interditado, graças a uma verba de R$ 1,7 milhão. Foto: Leandro de Santana/Esp. DP.

Neste mês, a Prefeitura de Olinda deve lançar o edital de licitação, fase que deve durar cerca de 90 dias. Com a conclusão do processo administrativo, será emitida, possivelmente em novembro, a ordem de serviço para o início das obras. O trabalho de restauração tem prazo previsto de oito meses.

A secretária de Patrimônio de Olinda, Ana Cláudia Fonseca, ponderou que obras de restauração de patrimônios históricos costumam atrasar. “Podemos descobrir outras necessidades, o que estica o cronograma. Estamos dando andamento ao processo licitatório para contratar o serviço. Será um trabalho geral para deixar a igreja pronta para as atividades”, afirmou.

Interditado pela Defesa Civil de Olinda desde setembro de 2015, o templo apresenta sinais visíveis de falta de conservação. A fachada está pichada, tijolos estão expostos na lateral. A última missa foi celebrada no dia 16 de setembro daquele ano. A vistoria da Defesa Civil que levou ao fechamento concluiu que o telhado apresentava riscos aos religiosos e visitantes. Infiltrações teriam causado o problema, e o sino poderia despencar.

A interrupção das atividades foi um prejuízo duplo à cidade patrimônio – além do valor histórico do templo, a edificação se localiza num dos principais pontos turísticos de Olinda -, mas, segundo a Arquidiocese de Olinda e Recife, o projeto de restauro é anterior à interdição. Foi apresentado ao governo federal em 2012. “Com o fechamento, a matriz provisória ficou inicialmente com a Igreja do Amparo. Depois da reabertura da Igreja do Bonfim, a matriz passou a ser lá, até a reabertura da de São Pedro”, explicou monsenhor José Albérico Bezerra, que foi vigário episcopal de Olinda até 19 de julho.

Após a interdição, a maioria dos fiéis migrou para a Igreja do Carmo, que reabriu em 2012 após 17 anos em reformas. “Historicamente, a de São Pedro tem uma importância grande, pois é a paróquia mais antiga da Arquidiocese. A primeira igreja dedicada a São Pedro de Olinda, a Mártir de Verona era na Praça Laura Nigro. Ela ruiu e a matriz foi transferida para a Igreja de São Pedro, que passou a ter relevância muito grande entre os moradores porque era muito central”, afirmou o monsenhor.

“Havia ali todos os batizados, registros e casamentos. Agora, com a notícia da liberação do recurso, estamos na expectativa de que a restauração seja concluída e que as pessoas que lá se batizaram e casaram possam voltar a frequentar esta que é a mãe das 140 paróquias da Arquidiocese”, acrescentou.

Área externa do edifício exibe os efeitos do tempo. Foto: Leandro de Santana/Esp. DP.

O templo foi erguido originalmente em 1590, apenas nove décadas após a chegada dos portugueses ao Brasil, embora sua atual arquitetura seja do fim do século 18. A igreja faz parte da vida de Olinda há 429 anos. Moradora do Varadouro, a dona de casa Nilda Ribeiro, 42, aguarda a reabertura para voltar a frequentar o local. “Meus sobrinhos foram batizados, fizeram crisma nessa igreja. Temos muitas memórias aqui”, disse, ao lado da sobrinha Regina da Silva, 32.

“É uma pena chegar e ver uma igreja fechada e sem perspectiva de abertura. A impressão, viajando no Brasil, é de que temos uma riqueza enorme, mas não sabemos cuidar dela”, observou o engenheiro civil João Tavares, 53. Ele e a esposa, a pedagoga Evelyn Tavares, 57, vieram de São Paulo. “Percebo que, em muitos lugares, faltam cuidados e zelo com o patrimônio histórico", completou Evelyn. 

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