Vida Urbana

Arquidiocese celebra, com missa, 10 anos de pastoreio de Dom Fernando

Arcebispo contou um pouco da sua trajetória e ouviu depoimentos de amigos e auxiliares. Foto: Patrícia Monteiro / DP

Dentre as características da gestão do religioso, destacam-se, para muitos, a capacidade de diálogo, a articulação de soluções e a intercessão pelas minorias e causas sociais. Dentre as principais contribuições do Arcebispo, em números, estão a criação de 40 novas paróquias e duas áreas pastorais; do Arquivo Arquidiocesano Dom José Lamartine Soares; implantação da divisão dos vicariatos territoriais (09) e pessoal (01); impulsionamento das Comissões Arquidiocesanas de Pastoral (15 CAP’s); início do processo de beatificação de Dom Helder Camara (2015); ordenação de 39 padres e 33 diáconos permanentes; construção da Fazenda da Esperança masculina de Jaboatão (Fazenda padre Antônio Henrique, a 1ª construída na Região Metropolitana do Recife); reativação da Comissão de Justiça e Paz Arquidiocesana; transferência da Cúria Metropolitana da Várzea para as Graças (palácio dos Manguinhos) e abertura das igrejas históricas para visitações e celebrações. É destaque, ainda, a presença pastoral nas questões sociais do Recife e região, e também da Província Eclesiástica de Pernambuco como o apoio a vítimas das enchentes, auxílio aos moradores do Edifício Holiday, oposição à construção de uma Usina Nuclear em Itacuruba/Sertão PE e estímulo ao debate sobre a proposta de Reforma da Previdência. 

A celebração, com a igreja lotada, contou com a presença de fieis e admiradores. Flávia Damasceno, 23 anos, aspirante a Irmãs Paulinas, era um deles. “Antes, Dom Fernando era meu bispo da minha cidade natural, Sobral. Lá, ele também realizou seus feitos. Por isso, para mim, é uma grande alegria estar aqui”, afirma. Terezinha Cani, 77, aposentada, também foi prestigiar o religioso. “Conheço Dom Fernando desde que ele era irmão no Mosteiro de São Bento. Quando soube que seria aclamado, fui à posse. Eu frequentava a Igreja da Sé, mas hoje moro no Espinheiro e não consigo mais. Acredito que Dom Fernando faz um belíssimo trabalho. Ele é muito atuante, participa de tudo com seus colaboradores. É um homem de Deus”, resume.

Durante a missa, prestaram depoimento o bispo auxiliar Limacêdo Antonio e a desembargadora, advogada e escritora, Margarida Cantarelli. Dom Limacêdo falou da alegria de estar junto com Dom Fernando, do seu poder agregador e características pessoais definindo-o como dócil, diplomático e pastor amigo. “Uma vez, um motorista de Uber, percebendo que eu era religioso, perguntou se eu trabalhava com o senhor. Respondi que sim e perguntei o que mais o agradava em sua pessoa. Ele respondeu: Dom Fernando fala o que todo mundo entende. Este talvez seja o resumo do seu ministério. Um homem que, de fato, está no meio das famílias para a evangelização. Pastor sensível, acolhedor, presente e fiel à sua missão. Que compartilha das alegrias e tristezas do povo de Deus. Tenho muito gratidão por estar ao seu lado e estou sempre atento aos seus passos, bebendo da fonte do seu ministério”, afirmou.

Margarida Cantarelli, por sua vez, também membro do conselho econômico da Arquidiocese, falou sobre a felicidade do rebanho que o tem como pastor. “Uma pessoa que não tira os pés do chão mas tem os olhos para monitorar o sofrimento dos que nos rodeiam. Dom Fernando tem a simplicidade dos sábios e dos santos. De simplificar o que é complexo e de não complicar o que é simples. Está há 10 anos desempenhando seu papel com extrema competência e exemplo de serviço ao povo de Deus, que somos nós. Obrigada por tudo e por sempre”, ressaltou.

Em seu depoimento, Dom Fernando agradeceu a todos os presentes e contou um pouco da sua trajetória, revelando, inclusive, o quanto relutou em aceitar o arcebispado. “Conheci o Mosteiro de São Bento e me encantei pela vida monástica. O monge Fernando era uma pessoa realizada e feliz naquela velha abadia de Olinda, mas nossos planos nem sempre coincidem com os de Deus. Fui chamado para o episcopado, tomado de muita surpresa e medo. Tanto a ponto de renunciar a uma primeira convocação. Cedi ao segundo chamado por ter me convencido de que não podia dizer não à vontade de Deus, que me parecia insistente. Passada esta década, louvo a Deus pela feliz caminhada ao longo dos anos graças a proteção do Senhor e de tantas pessoas que tem colaborado com meu ministério. Sinto-me feliz na missão que Ele me confiou. Pretendo levá-la até o último dia e peço perdão pelas minhas falhas”, relatou.

Dom Fernando falou, ainda, sobre a missão de uma igreja samaritana, solidária com pobres e excluídos. Citou, ainda, o desafio de estar à frente do 18º Congresso Eucarístico Nacional que acontece em novembro de 2020 e cujo tema é Pão em Todas as Mesas. “Temos que refletir sobre a situação precária em que vivem os pobres e famintos, sobretudo em nossa região, além de recordar aos congressistas a necessidade de lutar contra toda e qualquer desigualdade que descrimina e exclui”, continuou.

Ao fazer um balanço destes últimos 10 anos, o religioso utilizou palavras como emoção, gratidão, solidariedade e descreveu outro grande desafio, além do Congresso. “Queremos implementar uma Fazenda Esperança Feminina, pois esta questão das drogas é muito séria. Temos um terreno na cidade de Primavera doado com esta finalidade. Agora, o objetivo é trabalhar para conseguir realizar”, adiantou. Sobre os próximos três anos de exercício, prometeu entusiasmo e empenho. “A intenção é essa: missão cumprida até quando der o apito final e eu estiver liberado. Até lá, vamos edificar o reino de Deus”, concluiu. 

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