De acordo com os serviços de inteligência policial de Pernambuco, José Maria se escondia em áreas rurais da fronteira do Brasil com a Bolívia e teria passado por, pelo menos, cinco cidades do país vizinho - como Cochabamba e Puerto Quijarro. Durante coletiva realizada nessa segunda, o chefe da Polícia Civil, Joselito Kehle do Amaral, disse que seria investigada a possibilidade de José Maria estar vinculado ao tráfico. "Ele passou por várias localidades do país vizinho e estava capitalizado enquanto estava foragido", pontuou Joselito.
“Só o fato de ele ter pisado na Bolívia significa que está envolvido com droga?”, questiona o advogado Fernando Muniz, que representa José Maria. “Ele não foi encontrado com arma nem droga. Eu acho que é muito prematuro alegar isso”, sustenta.
O crime no qual José Maria foi sentenciado a 42 anos de reclusão aconteceu em 14 de outubro de 2013. Naquele dia, por volta das 9h, o promotor Thiago seguia de carro para o trabalho, na PE-300, acompanhado de sua noiva, Mysheva Martins, e do tio da mulher, Adautivo Elias Martins. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), quatro pessoas convocadas pelo fazendeiro dispararam tiros contra os integrantes do veículo.
Thiago Faria foi atingido por quatro tiros - no pescoço e na cabeça. Mysheva e Adautivo não se feriram por terem conseguido fugir do carro. O motivo do crime seria disputa por terra - a noiva do promotor disputava a posse de uma fazenda com José Maria. Ele perdeu o terreno em um leilão da Justiça Federal e teve que deixar a área.
Foram acusados como executores do atentado José Maria Domingos Cavalcante, Antonio Cavalcante Filho, Adeildo Ferreira dos Santos e José Marisvaldo Vitor da Silva. Adeildo foi absolvido por falta de provas; José Maria Domingos condenado a 18 anos de reclusão; José Marisvaldo recebeu pena de 35 anos e oito meses de reclusão; e Antonio não foi julgado por estar foragido até hoje. Os julgamentos aconteceram entre outubro e dezembro de 2016 e as penas foram revisadas no final de 2017.
O advogado Fernando Muniz contou à reportagem que ainda tramitam recursos no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) contra a condenação de José Maria: “É mais um crime que foi solucionado por apenas um viés, quando a gente sabe que existem muitas coisas que não foram abordadas. Só pegar a própria peça de deslocamento de competência do Ministério Público de Pernambuco”.
Quanto à fuga de seu cliente, o advogado limita-se a dizer que é “uma falta administrativa que tem que ser apurada pela Seres (Secretaria Executiva de Ressocialização)”.