Vida Urbana

Octogenários, ativos e produtivos

Raras no mercado, pessoas com mais de 80 anos oscilam entre o trabalho por necessidade e satisfação

Ativo desde a adolescência, Arnaldo mantém escritório para complementar sua aposentadoria. Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP.

No Brasil, pessoas com 60 anos ou mais correspondem a 19% da população em idade de trabalhar, mas apenas 8% estão na ativa. Essa taxa deve subir nos próximos anos, caso seja aprovada a reforma da Previdência. Entre outubro e dezembro do ano passado, 93 milhões de brasileiros estavam no mercado de trabalho, nem todos tinham a carteira assinada.Cerca de 7,5 milhões têm mais de 60 anos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do último trimestre de 2018.

Para Kalache, diante dos números e da expectativa de vida no Brasil, se a pessoa chegou aos 80 anos já é um sobrevivente. “Em um país desigual como o nosso, é uma façanha chegar a essa idade. Um quarto das razões para isso é genética. Provavelmente são pessoas com avós e/ou pais longevos. Outros 75% dependem do estilo de vida, do nível de instrução dos pais, de onde morou, se nasceu em um lugar poluído, se foi pobre, se passou fome e outros fatores externos”, afirma o especialista em longevidade.

Chegar bem aos 80 anos depende ainda de um grande esforço pessoal. “Quanto mais cedo a pessoa se preparar para isso, melhor. O que começa a pensar mais cedo nisso, terá mais lucro”, enfatiza Kalache. Segundo ele, uma característica das pessoas idosas no mercado de trabalho é que elas, ao contrário das mais novas, não estão pensando prioritariamente em produzir e competir. Ao envelhecer, ela busca deixar um legado. Quer que as novas gerações lembrem dela. Mas não é isso que motiva a maioria dos aposentados que continuam na ativa. “Infelizmente, no Brasil, a maior parte das pessoas que ainda trabalham nessa idade fazem porque precisam comer e porque têm outras pessoas que dependem delas”, esclarece. 

Um rei da contabilidade

Quando Elizabeth II foi coroada rainha da Inglaterra, o contador Arnaldo Guimarães, 82, já trabalhava. Assim como a monarca, ele continua em plena atividade. Natural de Goiana, Arnaldo começou a trabalhar na adolescência. Formou-se no curso técnico em contabilidade e decidiu morar na capital para fazer o curso superior na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), onde, anos depois, ensinou. Já aposentado, continua trabalhando no escritório Guimarães e Associados com auditoria fiscal. “Gosto de trabalhar e de me manter ativo, mas o principal motivo é financeiro. Com o dinheiro da aposentadoria, infelizmente, não consigo me manter”, afirma.

O mundo de Fernanda

Empresária de 84 anos trabalha na loja fundada pela família em 1957. Foto: Mandy Oliver/Esp.DP.

Um senhor bancário

Rinaldo segue em agência bancária mesmo após se aposentar. Foto: Leandro de Santana/Esp.DP.

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